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Florianópolis – Um dia depois de conquistar seu sétimo título mundial de surfe, o norte-americano Kelly Slater, 33 anos, resolveu abrir seu coração. Falou da vida, da família, do que o surfe significa para ele e da rivalidade com Andy Irons. Palavras que seriam impossíveis no conturbado momento em que levantou a taça na Praia da Vila, em Imbituba.

Definitivamente elevado ao posto de mito pela conquista, Slater agora se vê completamente satisfeito. Depois de ter vencido o circuito seis vezes entre 1992 e 1998, o fenômeno das ondas deixou o esporte por falta de motivação em 2000. Voltou dois anos mais tarde. Porém só agora retornou ao local onde está acostumado a figurar: o ponto mais alto do pódio.

Aposentadoria

"Quero competir a última etapa do ano no Havaí e vencer. Aí vou parar para pensar. Vou jogar golfe, tocar música, desligar meu telefone e decidir o que fazer. A certeza que tenho é de que encerrei um ciclo da minha vida com esse título."

Família

"Dedico o título para meu pai. Ele morreu há três anos de câncer. Aprendi muito com ele e já queria vencer para ele em 2003 (perdeu na última bateria para Andy Irons). Desde lá surfo pensando nele. Antes de morrer, me disse que eu não precisaria ganhar mais nada, pois eu já era um vencedor. Isso me ajudou muito em momentos ruins. Já minha mãe é muito competitiva. Quando voltei ao tour, disse que iria ser campeão com 33 anos e acertou. Só que ela não quer sete títulos, quer dez."

Surfe

"Gostava de jogar um jogo quando criança que era olhar uma onda e mentalizar que um dia eu poderia surfá-la. A cada vez que eu conseguisse pega-la eu poderia me aperfeiçoar e ganhar seis ou sete títulos. A minha vida toda foi surfe e desde os 8 anos eu disputo torneios. O surfe é tudo para mim."

Andy Irons

" Ele é um grande surfista e é muito importante para eu estar no circuito até hoje. Faz eu me aperfeiçoar cada vez mais. Minha rivalidade com ele é mesmo grande, mas somos amigos. Fiquei chateado por perder em 2003, mas estou feliz agora. Neste ano, quando estávamos no Japão, jogávamos pôquer depois de ele ter me vencido na bateria. Ganhei o jogo dele e fiz me pagar US$ 100. Ele ficou mais bravo do que eu quando perdi no campeonato. Ele é mesmo um dos motivos por eu não ter parado ainda."

Campeão fora da água

"Preferia mil vezes ganhar na água. Mas foi na praia assistindo (eliminado da etapa, Kelly foi campeão quando Andy Irons perdeu nas quartas-de-final). O Nathan Hedge me disse que venceria o Andy e venceu. Eu estava chateado por ter perdido e estava indo embora quando um amigo (o surfista CJ Hobgood) me disse que era bom para mim e para o surfe ficar na praia. Eu concordei e sabia que se o Andy perdesse eu seria campeão indo embora ou não. Então fiquei e comemorei o título."Brasil

"É impressionante como as pessoas gostam de mim aqui. Nem em Cocoa Beach (terra natal) sou tão assediado. Sabia que era muito importante deixar o Brasil campeão. Sou fã de basquete e sei o peso de jogar em casa. Se a decisão fosse para o Havaí, o Andy iria estar em casa. Mas no Brasil, acho que eu só não teria torcida favorável contra os brasileiros. Tive a chance de ser campeão na França, mas não senti que fosse acontecer. Sabia que seria aqui."

Gisele Bündchen

"Não tenho nada com ela. Isso é totalmente falso. Conheci ela há pouco tempo e a vi apenas duas vezes, por coincidência no mesmo dia. Isso é coisa da mídia, não há nada entre mim e ela."

O jornalista viaja a convite da Associação dos Surfistas Profissionais.

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