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Quando o Barcelona trocou Guardiola por Tito Vilanova, técnico das categorias de base, não houve nenhum frenesi porque tudo vinha sendo planejado há meses, e foi o próprio "Pep" quem decidiu quando deveria sair. Estava tudo previsto e aconteceu no final da temporada espanhola, independente dos resultados em campo. Foi uma passagem tão suave quanto um bastão nas provas de revezamento de alto nível no atletismo.

Marcelo Oliveira, técnico que bateu o recorde de 131 jogos seguidos no comando do Coritiba – Felix Magno e Dirceu Krüger não chegaram a esses números em seqüência – tinha a palavra de que não deixaria o cargo enquanto Vilson Andrade fosse o presidente. Nesse caso, porém, o rigor na cobrança da promessa se torna irrelevante porque houve bom senso e a mudança na direção técnica do alviverde foi quase perfeita e sem traumas.

Quase perfeita porque ela poderia ter acontecido no final do paranaense, quando o Coritiba foi bicampeão, ou no término do Brasileirão, independentemente do resultado em campo. Teria sido mais racional, porém mesmo assim Vilson foi equilibrado e criterioso ao reforçar a onda de reciclagem que brota em Curitiba, que começou no Coxa com Ney Franco e Marcelo Oliveira, treinadores de uma linhagem exemplar na ética e na competência.

Marquinhos Santos, assim como Ricardinho no Paraná e Drubscky no Atlético, são caras novas necessárias para acabar com uma sociedade fechada de treinadores mercenários que formaram uma espécie de seita, onde um abre espaço para o outro a peso de ouro.

Marquinhos tem o conhecimento inteligente das categorias de base. Poucos levam a sério aquilo que é fundamental.

Lembro que logo após decisão olímpica em Wembley, o técnico Luiz Fernando Tena sintetizava durante a entrevista coletiva, qual era o segredo da evolução do futebol mexicano que acabara de ganhar a medalha de ouro do favoritíssimo Brasil: "Antes de garimparmos jovens talentos para as categorias de base, investimos nos treinadores dessas categorias. No México, as escolhas dos técnicos sub-15, sub-17 e sub-20 passaram a ser mais rigorosas. Paga-se muito bem, melhor às vezes até do que para técnicos profissionais, mas são escolhidos a dedo e seus trabalhos são supervisionados". Lembrando que o México ganhou o Torneio de Toulon, o Pan e a Olimpíada, sempre com uma safra de talentos criada há pelo menos oito anos.

Voltando ao Coritiba, que acertou na escolha do substituto de Marcelo Oliveira, entendo que o imediatismo não é o melhor caminho para julgar o trabalho de Marquinhos Santos. Jovem e sem o vício das velhas cobras criadas, o clube pode ganhar muito com um trabalho que envolva categoria de base e profissionais. Mas deverá ter, no mínimo, o mesmo respaldo que foi dado a Marcelo Oliveira e a Ney Franco.

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