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O debate começou em Brasília, onde a seleção brasileira conquistou, no último domingo, a vaga para a Copa Alemanha, e centralizou as discussões da semana mais do que as mazelas do Congresso e do Palácio do Planalto: Carlos Alberto Parreira deve ou não escalar Adriano, Kaká, Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo no Brasil que vai disputar o Mundial? A resposta do treinador foi bem clara. A utilização de quatro das cinco estrelas mundiais é o máximo de ofensividade que ele pretende adotar para não comprometer o equilíbrio tático na corrida pelo hexa.

A explicação não convenceu e deu início a uma discussão que só vai ter fim quando o Brasil estrear na Copa. O primeiro a defender a utilização do quinteto foi Pelé, durante um evento em Curitiba, há nove dias, na antevéspera do jogo com o Chile.

O Rei utilizou a seleção de 70 como argumento para defender a sua tese. Zagallo, atual coordenador técnico, colocou no mesmo time Pelé, Tostão, Gérson, Rivellino e Jairzinho. Todos camisas 10 em seus clubes e, para os especialistas da época, jamais poderiam atuar lado a lado.

"Quando se tem craques e tempo para treinar, dá para jogar todo mundo. O importante é o entrosamento", afirmou Pelé.

A opinião do Atleta do Século é contestada por Tostão, seu companheiro de ataque no tricampeonato, no México. O colunista da Gazeta do Povo diz que é impossível comparar as duas situações.

No time de 70, diz ele, Gérson atuava como segundo volante e Rivellino voltava para fechar os espaços no meio-de-campo. Na prática, apenas Pelé, Tostão e Jairzinho ficavam no ataque quando o time estava sem a bola.

"A seleção de hoje é mais ofensiva que a de 70. Seria preciso que o Kaká ou Ronaldinho Gaúcho jogassem na posição do Zé Roberto", diz Tostão, que coloca o time que vai disputar a próxima Copa do Mundo como o mais espetacular do futebol brasileiro nos últimos 50 anos, ao lado das seleções de 58, 70 e 82.

""Acho essa equipe parecida com a de 82 e 70. Mas a de 82 era muito desequilibrada, todo mundo atacava e daí tinha dificuldade em se recompor. Tanto que foi desclassificada com gols de contra-ataque. A de 70 era mais equilibrada. Mas essa é a mais perfeita em termos de segurança", reforça o técnico do Atlético, Antônio Lopes, pentacampeão mundial em 2002 como coordenador-técnico.

Se escalar o quinteto é difícil, definir qual dos quatro jogadores deve ir para o banco parece ainda mais complicado.

"Deixa o pepino para o Parreira", esquiva-se Luiz Carlos Barbieri, técnico do Paraná. " Tenho visto que o povo gostaria de tirar o Ronaldo. Mas aí você pára e diz: ‘Como vai tirar o Ronaldo?’ E com qualquer um dos outros é a mesma coisa. Eu não quero ter esse problema", diz Cuca, técnico do Coritiba.

Tostão só sabe quem não deve sair: Ronaldinho Gaúcho, o melhor do mundo em 2004. O colunista diz que se a Copa começasse hoje, Robinho ficaria no banco de reservas por ser o mais jovem dos cinco. Porém ele acredita que a pressão da imprensa internacional e o fato de o ex-atacante santista jogar ao lado de Ronaldo no Real Madrid podem mandar o Imperador Adriano para banco na Alemanha. "O Adriano não tem aquele estilo brasileiro de jogar com arte, de maneira lúdica. E se o Robinho se entrosar com o Ronaldo, vai ser difícil deixá-lo de fora do time", afirma.

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