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Na última hora - "Estranho no ninho" fecha time paranaense

Representar a esgrima paranaense no Pan do Rio de Janeiro não é privilégio exclusivo da família Schwantes. Catarinense de nascimento, Fernando Linschoten, de 22 anos, se mudou para Curitiba quando tinha apenas um ano de idade. Quarto colocado na seletiva para o Pan, o esgrimista contou com a reprovação do paulista Roberto Lazzarini no teste físico para herdar uma vaga na equipe brasileira de espada.

Na seleção ele competirá ao lado dos irmãos Schwantes, velhos parceiros de treino no Colégio Positivo Júnior. "Esse é começo de um sonho. Quero disputar outros pans, Olimpíadas... Jogo esgrima desde os oito anos e vou para as competições sempre pensando em medalha", diz ele, que trocou a capital paranaense pelo Rio de Janeiro no começo deste ano para treinar em tempo integral com a seleção brasileira, comandada pelo técnico russo Oleg Fomin. (CEV)

O ano era 1975. Ronaldo Schwantes, auxiliado por Arthur Cramer Ribeiro Teles, Francisco Itálico Buonafina e Frederico Alencar, ajuda o Brasil a reverter a vantagem de quatro pontos do Chile e a terminar em terceiro lugar no Pan da Cidade do México. Agora, quase 32 anos depois do bronze, a última conquista da esgrima nacional em Jogos Pan-Americanos, é a vez de Ivan e Athos Schwantes tentarem repetir o feito do pai.

Inspiração não vai faltar. Athos, o caçula, já perdeu a conta das vezes em que ficou admirando a reluzente medalha, que ocupa lugar de destaque na casa da família, no bairro Barreirinha, em Curitiba. Ou das horas em que passou ouvindo as histórias da Vila Pan-Americana, como a do dia em que Ronaldo largou tudo para ver o ouro de João Carlos de Oliveira no salto triplo com um pulo de 17,89 metros, recorde mundial que demorou uma década para ser batido – Jadel Gregório, neste ano, saltou 17,90 metros, tomando de João do Pulo também a marca sul-americana.

O brilho nos olhos do menino indicava que ali estava nascendo o mais novo esgrimista da família. Não deu outra. Logo as rotineiras viagens com o pai para as competições viraram trabalho sério. Dali foi um pulo para Ivan, o mais velho, se aventurar com a espada. O clã Schwantes, para orgulho do patriarca, estava todo envolvido com a esgrima.

"Não vou dizer que não desejava, mas nunca os obriguei a nada. Eu só queria vê-los praticando algum esporte", conta Ronaldo, que aos 59 anos se auto-proclama "um técnico-pai", capaz de deixar a emoção de lado no momento em que é obrigado a avaliar as chances de os rebentos reprisarem o enredo da Cidade do México, derrubando o favoritismo de Estados Unidos, Cuba, Canadá e Venezuela no Pan carioca.

"Eles estão querendo, treinando forte, unidos. Nem sempre os melhores vencem. Neste tipo de competição o companheirismo conta muito", afirma.

Por ter começado antes, quando tinha 7 anos, Athos, 22, é o mais experiente da dupla. Sétimo colocado com o time brasileiro no Pan de Santo Domingo, em 2003, ele diz que já passou da fase do deslumbramento, da época em que tomou um susto quando saiu do quarto e deu de cara com Robert Scheidt, na República Dominicana.

"Não acreditava que todos aqueles atletas famosos estavam comendo o mesmo que eu, usando o mesmo uniforme. Fiquei espantado", revela.

Athos agora busca resultados práticos. Por isso treina seis horas por dia, seis vezes por semana, sob a orientação do técnico russo Oleg Fomin, da seleção brasileira. "Estou focado na competição. Corremos por fora, mas acredito que com o apoio da torcida podemos surpreender", explica ele.

Bernardinho é inspiração

Além da carreira do pai, os Schwantes usam como referência os ensinamentos de Bernardinho, técnico da seleção brasileira de vôlei masculino. Os irmãos ganharam de presente da mãe, no fim do ano passado, o livro Transformando Suor em Ouro, que narra a trajetória do treinador contada em por ele mesmo.

Vizinhos de treinamento na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, no Rio de Janeiro, onde estão radicados há quase dois anos, a dupla não se intimidou em parar o sempre apressado Bernardinho para pedir uma dedicatória. A sessão de autógrafos rendeu também um bate-papo informal. E alguns conselhos.

"Ele falou que não tem segredo. É treinar, treinar e treinar", diz Ivan, de 27 anos, que com a reprovação do paulista Roberto Lazzarini no teste físico, herdará uma vaga para competir individualmente e por equipes no Pan, as mesmas provas do irmão Athos.

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