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Três são as características que todo boxeador gostaria de ter: o estilo de Muhammad Ali, a fúria cega de Mike Tyson e, talvez a mais desejada de todas, o olho de tigre de Rocky Balboa (a oratória de Maguila vem em seguida). Personagem vivido no cinema por Silvester Stallone – que voltou à telona no início do mês com o sexto filme da série, em cartaz no Brasil inteiro – o Garanhão Italiano é unanimidade no mundo do boxe.

Seus feitos monumentais nos ringues, os ensinamentos "de vovô", a dedicação e, claro, as pataquadas, superaram há muito tempo o mundo da ficção – o primeiro filme, ganhador do Oscar é de 1976, e a franquia teve seu auge de popularidade nos anos 80 – e tornaram-se referências reais no esporte. A ponto de igualar Balboa aos verdadeiros mitos do pugilismo.

Prova disso é a comoção causada pelo retorno do personagem após 17 anos de luvas penduradas. Foi difícil achar um pugilista – amador ou profissional – que não tivesse assistido ao filme para acompanhar a reportagem. ao cinema. Quem não tinha visto, já havia degustado o desfecho da série antes mesmo da estréia, pela internet, ou através de um DVD "piratão".

"Sou fanático pelo Rocky", revela Rodrigo "Pardal" de Sousa, 24 anos, há dois trocando socos. Prestes a estrear na categoria amador, o meio-pesado (até 81kg) vê no ídolo a síntese do que um atleta de pugilismo precisa ser: humilde, dedicado e, principalmente, "comer superação" no café da manhã, no almoço e no jantar.

"No Brasil é complicado viver do boxe, não temos absolutamente nenhum apoio", conta o curitibano, que sobrevive com o dinheiro contado que recebe lecionando a "nobre arte". Mas como bem diria o mestre Balboa, "lutadores lutam", e é isso que Pardal quer para tocar a vida.

Com histórias diferentes, mas admiração idêntica pelo pupilo do treinador Mickey, o ex-boxeador Macaris do Livramento, e o profissional Adonisio Negreti – que em março sobe no ringue pelo título do Paranaense categoria leve (até 73 kg) contra o campeão Renato Morais – acompanharam a Gazeta do Povo ao lado de Pardal para analisar a nova obra de Stallone.

"Os treinamentos que o Rocky faz sempre motivaram muito o pessoal. Creio que mais até do que as lutas, que não são muito fiéis ao que acontece", comenta Macaris, do alto da experiência de maior lutador de todos os tempos do Paraná e dono de academia.

Realmente. As cenas de Balboa esmurrando sem dó um naco gigante de carne no frigorífico, correndo na neve, carregando troncos de árvore, pulando corda com destreza e precisão cirúrgica, dando um pique na praia com Apollo "Peito e Bigode de Carpê" Creed e (eca) fazendo "gut-gut" num copo de gema de ovo como quem bebe água no deserto motivam qualquer mortal.

Mas com um detalhe fundamental: embaladas pela indefectível trilha sonora, a clássica "Gonna Fly Now", de Bill Conti e orquestra.

E na hora de trocar sopapos no tablado, "Eye of Tiger" (o tal olho de tigre), da banda Survivor, completa os temas clássicos de Rocky. Não há moleque dos anos 80, e amante do pugilismo de qualquer idade, que não tenha "partido para cima" de alguém (ou de algo) após ver esses trechos.

"É realmente de arrepiar. Não tem luta de boxe que não toque as músicas do filme. São temas que marcaram muito", declara Negreti, 29 anos, vindo do Piauí para Curitiba, que "patrocina" o esporte que ama com a grana dos bicos como segurança. "Se fosse por dinheiro eu já tinha parado faz tempo, mas é por amor também".

Falou em amor no boxe, falou em Macaris. Entre os três, o agora professor personaliza a faceta sentimental do "mais querido", somada a paixão de quem está há mais de 20 dos 46 anos no ramo. E a inspiração tem origem parecida: uma mulher. Rocky e Adrian, Macaris e Rosilete (dos Santos, 31 anos, por enquanto ex-boxeadora, já que está prestes à ganhar Nicole, primeira filha do casal). "Sem dúvida é a mesma inspiração. Ela é minha companheira em tudo", diz.

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