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O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, admitiu nesta quinta-feira que a chance de realizar a primeira Olimpíada na América do Sul pode ajudar o Rio na eleição da sede dos Jogos de 2016, que acontecerá no dia 2 de outubro, em Copenhague, na Dinamarca. Mas também alertou que isso não é garantia de voto para a candidatura brasileira, que concorre com Chicago, Madri e Tóquio.

Em entrevista nesta quinta-feira, em Genebra, na Suíça, Rogge falou bastante sobre a eleição da sede olímpica, reafirmando que a disputa deve ser bem equilibrada, com chances de ser decidida por apenas "dois ou três votos". "Isso é fascinante. Estamos entusiasmados, pois as quatro cidades são de primeira classe. Cada uma delas poderia organizar grandes Jogos e isso é muito bom para nós", disse o dirigente.

O presidente do COI lembrou que já aconteceram eleições para definição de uma sede olímpica em que havia um claro favorito. Mas, desta vez, ele acha que a disputa é tão acirrada quanto a de 1993, quando Sydney bateu Pequim por apenas dois votos e ficou com o direito de organizar a Olimpíada de 2000. "A corrida hoje é muito apertada. Mas não há favoritos. Todos os cenários são possíveis", avaliou Rogge.

No caso do Rio, o presidente do COI vê a chance de "universalizar" a Olimpíada como uma vantagem, pois seria a primeira edição na América do Sul. Esse, inclusive, é um dos principais argumentos da candidatura brasileira, repetido seguidas vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defende o direito de o Brasil também sediar grandes eventos.

"Isso (fazer o evento na América do Sul) é um elemento que terá seu papel na decisão. Não sei ainda qual será esse papel e caberá a cada membro decidir. Os critérios usados para a escolha são vários e cada um dos eleitores decidirá por critérios diferentes. A maioria vai votar baseado nos fundamentos da organização, no transporte, infraestrutura e confiança nas pessoas. Mas aí há outras considerações, como levar os Jogos Olímpicos para novos territórios. Portanto, esse será um dos aspectos", explicou Rogge.

Segundo ele, o COI está fazendo o possível para "controlar o tamanho, complexidade e custos dos Jogos Olímpicos", para permitir que um número maior de cidades possam concorrer ao direito de organizá-los. "Temos de tornar a realização da Olimpíada mais acessível para mais cidades", defendeu.

Por outro lado, Rogge lembrou que a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil pode ser um obstáculo para a candidatura do Rio. O temor é que faltem investidores para dois eventos de grande porte em um curto espaço de tempo. "É verdade que a organização para 2016 será intensificada após os Jogos de 2012, em Londres. No momento em que Londres encerra os Jogos, 2016 começará a sair em busca de investidores e patrocinadores. A realidade é que entre 2012 e 2016 há a Copa do Mundo no Brasil em 2014. Isso pode complicar um pouco a vida do Rio em trazer patrocinadores e ativar a busca por recursos", explicou o dirigente.

Mas Rogge não vê a Copa de 2014 apenas como um problema para o Rio. "Ela é um desafio, mas também uma oportunidade", disse o presidente do COI. "O evento pode fazer acelerar em muito o potencial da cidade em termos de construção de infraestrutura e transporte. E ainda os organizadores de 2016 podem capitalizar sobre a existência dos voluntários."

Política

Numa disputa tão acirrada, como prevê Rogge, qualquer ação pode ser decisiva. Por isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá a Copenhague para apoiar a candidatura do Rio, enquanto o rei espanhol Juan Carlos fará o mesmo por Madri. Já o novo primeiro-ministro do Japão, Yukio Hatoyama, foi convidado pela campanha de Tóquio, mas ainda não confirmou presença. E, no caso de Chicago, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não estará presente na eleição - sua esposa, a primeira-dama Michelle Obama, irá representá-lo.

Rogge, no entanto, minimizou a importância da ausência de Barack Obama na eleição em Copenhague. "Ficamos honrados com as visitas dos chefes de estado e mostra o apoio público. Mas isso não é uma exigência e nem pedimos que venham. Se optarem por estar lá, muito bem e é legítimo que queiram defender suas cidades. Mas não queremos que venham a qualquer custo. Há um valor simbólico e o carisma de alguns deles pode influenciar. Não é um aspecto vital", afirmou.

Rogge ainda confirmou nesta quinta-feira que recebeu uma ligação de Barack Obama há poucos dias, quando o presidente dos Estados Unidos "expressou de forma clara o apoio a Chicago". "Ele é carismático e está totalmente apoiando a candidatura. Mas ele me explicou que, por causa da situação política, não pode participar do evento na Dinamarca. Mas ele enviará o que ele disse ser a melhor parte do casal, sua mulher. Ela (Michelle Obama) é a melhor representante que ele poderia ter", revelou o dirigente.

"O que o COI olhará é o valor das candidaturas. Todos sendo iguais, é confiança nas pessoas que organizarão o evento que mais contará. Estamos dando um evento a alguém organizar em sete anos. A confiança nos organizadores, portanto, é central. O caráter humano será central. A questões que cada um se colocará é se a candidatura é sólida, mas também se confiamos nas pessoas que a representam", encerrou Rogge.

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