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Quem for à Vila São Pedro hoje à tarde, às 15h30, vai perceber que as semelhanças entre o Urano e a seleção do Uruguai vão muito além do uniforme azul e branco e da letra "u" no início do nome. Com a chegada do técnico Jorge Martinez, nascido em Montevidéu, o time do subúrbio curitibano incorporou ao seu futebol, já normalmente aguerrido, a famosa raça da Celeste Olímpica.

E o Iguaçu que se vire. Ameaçado de rebaixamento na Divisão Especial da Suburbana, a turma de Santa Felicidade terá que bater um adversário inspirado na várzea da favela Cerrito de La Vitoria, onde o novo comandante deu seus primeiros chutes. "Comecei jogando na rua. Passei por todos os estágios como atleta", relembra Martinez, 42 anos, que assumiu o Urano na rodada passada, no empate em 2 a 2 com o Vila Fanny no Ismael Gabardo.

Passou mesmo. Pouco tempo após ralar o joelho perto de casa, ele estava trocando passes extra-classe com duas das maiores feras do futebol uruguaio: Enzo "O Príncipe" Francescoli e Rubén Sosa, atuando nas categorias de base da seleção no começo dos anos 80. Profissionalmente, começou a carreira no Sud America, onde permaneceu durante três anos.

De lá veio para São Paulo tentar a sorte no Corinthians em 1985. Deu azar no Timão, mas, observado por Jorge Vieira, então técnico do Coritiba, acabou no Couto Pereira. Na estréia com a camisa do Coxa, Martinez balançou a rede da Platinense no Campeonato Paranaense de 1986. Na primeira participação do Alviverde na Copa Libertadores da América, marcou um gol e atuou quatro vezes, dentro e fora de Curitiba contra Bangu e Deportivo Quito, do Equador.

"Foi uma preparação feita em cima da hora, e não era como hoje em dia, em que todos se conhecem. Além disso, por pouco não conseguimos chegar a segunda fase", relata, sobre a eliminação precoce do campeão brasileiro. Do Coxa, voltou para o Uruguai, jogou no Equador, retornou ao Brasil para vestir a camisa do Figueirense, foi para o Peru e pendurou as chuteiras em casa, em 1995, no Colón.

A experiência nos gramados fez Martinez prolongar a vida no esporte, agora como treinador. Dirigiu equipes uruguaias, fez sucesso em Minas Gerais com o União Araxá e, no ano passado, topou encarar um trabalho com cara de aventura, à frente do AS Vita Clube, da República Democrática do Congo em plena guerra civil. "Uma realidade totalmente diferente, problemas sociais e políticos, nos deslocávamos sempre com rádio para fugir dos conflitos, ouvíamos rajadas de metralhadora à noite", conta.

Estressado, preferiu vir para Curitiba e renovou a relação com o Urano, que já mantinha antes, por conta da residência na capital paranaense, fruto da passagem pelo Coxa. E no mais uruguaio dos representantes da Suburbana, Martinez quer buscar o título. "Com um ou dois reforços acredito que podemos brigar", diz.

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