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Curiosa a reclamação de Muricy Ramalho sobre as vaias da torcida coxa-branca a Neymar – sem dúvida, um craque a ser admirado. O técnico santista arquitetou um ralo discurso de nacionalismo para exaltar o atacante. Um arsenal de bobagens.

"Ele tem sofrido muito com esse destrato dos torcedores rivais. Isso é um absurdo, ele é o melhor jogador do país, é o que temos de melhor. Está cada vez mais chato esse negócio de pegar no pé do Neymar, precisamos ver o que queremos", falou Muricy, no Couto Pereira.

Pela lógica do treinador do Peixe, a Vila Belmiro – em hipótese alguma – deveria apupar o são-paulino Lucas. Afinal, trata-se da maior negociação do futebol brasileiro, um craque emergente, aposta para 2014... O mesmo valerá para Ganso quando jogar no São Paulo. "Gente, vamos aplaudir, é um fora de série", dirá Ramalho aos alvinegros.

Quem frequenta estádios de futebol sabe que os astros são alvo de aporrinhação do público. É compreensível. Fãs fazem de tudo para apoiar o seu time, inclusive irritar o principal jogador do oponente. Isso é básico e cultural.

Pelé ganhava aplausos sempre? Pergunte aos corintianos com mais de 50 anos. Todos admiravam o Rei, mas poucos iam ao Pacaembu para se deslumbrar com suas jogadas. Queriam sim que ele jogasse mal e, finalmente, o Corinthians ganhasse uma do Santos.

No futebol local, apesar da carência de estrelas desse quilate, vale também algumas comparações. Alguém conhece um atleticano que foi a um Atletiba para ver a calibrada canhotinha de Alex com a camisa do Coxa? Há alviverde neste mundo que se encantou com as jogadas de Alex Mineiro no Furacão de 2001?

Lembro apenas de uma exceção em gramados paranaenses: Mirandinha, ao marcar um gol de calcanhar contra o Rubro-Negro, arrancou aplausos da torcida atleticana em 1995. E só!

Neymar joga muito, mas também precisa amadurecer. Ser provocado, ouvir xingamentos, não se sentir plenamente amado faz parte da trajetória de todos os ídolos. Ao mesmo tempo em que provocou a ira no Couto Pereira, arrancou vários sussurros de elogios. Futebol é arte, mas estádio não é teatro. Dentro da ética e das regras, vale tudo para vencer.

O último a saber

O pedido de demissão de Ricardinho foi surpreendente pela forma, mas não pelo conteúdo. O ex-técnico paranista teve uma atitude intempestiva e arrogante, mas expôs algo tão certo na Vila Capanema quanto os atrasos de salário. Não há uma gestão firme no departamento de futebol. O ídolo cansou na sexta, a torcida já está exausta há pelo menos uma década.

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