Vale tudo por ingressos

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Offenbach, Alemanha – O único treino do Brasil antes da Copa com a presença da torcida se tornou uma grande festa. Público de partida oficial (22, 5 mil pessoas) e muita gente vendendo bandeiras, cachecóis e camisetas.

Mas o evento ganhou ainda mais importância para um grupo específico. A atividade comandada por Parreira seria o máximo que eles veriam do Mundial. Pelo menos da arquibancada. São os sem-ingresso.

"Quando fui comprar, já tinham esgotado. Ainda estou tentando para a partida contra o Japão...", revelou a capixaba Gisela Pereira Altoé, 23 anos, que mora em Wiesbaden há três anos.

"É a última chance de vê-los. Não podia deixar de vir pelo menos aqui, já que não tive sorte com as entradas para o Mundial", comentou Gustavo Goehringer, 28 anos, gerente de supermercado em Frankfurt.

Com o tíquete somente para acompanhar as quartas-de-final, o garçom de cassino em Los Angeles (EUA) Robert Fernandes, 43 anos, era um dos que negociavam com cambistas para conseguir entrar no estádio ontem à tarde. Ele vendeu um carro para ir à Copa e pretende obter entradas para os jogos. Mesmo assim, queria estar no treino para não correr o risco de ficar sem ver os ídolos.

"Vamos chegar duas ou três horas antes dos jogos e tentar arranjar alguém querendo vender ingressos. Na final de 1998, na França, conseguimos entrar burlando a segurança e nos escondendo no banheiro feminino", falou o carioca, exibindo um cocar na cabeça. "Se não der, na hora a adrenalina sobe e a gente paga o que pedirem", disse.

Nas arquibancadas também estavam representantes do outro grupo, de quem se antecipou e pagou caro pela presença nos estádios alemães. Como os gaúchos Fernando Vianna, 25 anos, estudante, e Denílson dos Santos, empresário de 27 anos. Para eles, o treino era só o aquecimento.

"Vamos em todos os jogos. Vendi meu carro e ainda tive de pedir demissão para vir. Meu chefe me deu um ultimato", contou Fernando, crente de que o investimento e a perda do emprego valerão a pena.