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Talento não tem idade, inclusive no futebol. Apesar de cada vez mais cedo os jogadores serem lançados no profissionalismo, o fato é que a experiência está fazendo toda a diferença no Campeonato Brasileiro. Um exemplo disso é o meia Petkovic, de 37 anos, que derrubou Palmeiras e São Paulo, dois candidatos diretos ao título, nas duas últimas rodadas. E, com isso, colocou o Flamengo no páreo.

Marcelinho Paraíba, de 34 anos, é o artilheiro do Coritiba na competição, com 13 gols. Ricardinho, de 33, fez toda a diferença na vitória do Atlético-MG sobre o São Paulo, sábado, no Morumbi. Paulo Baier, de 34, é peça fundamental nas vitórias do Atlético-PR, que luta contra o rebaixamento - já marcou sete gols. E Ramon, de 37, é destaque do Vitória, que sonha até com vaga na Libertadores de 2010.

Alguns outros "veteranos" não têm brilhando tanto, mas são sempre decisivos quando estão em campo, como Marcelinho Carioca, de 38 anos, que joga no ameaçado Santo André, e Iarley, de 35 anos, que é o vice-artilheiro do Goiás (10 gols). Isso tudo sem contar Ronaldo, de 33 anos, que é o astro do Corinthians - o time, já sem pretensões no Brasileirão, tem comportamento diferente com ele em campo.

Nenhum deles, porém, tem chamado tanto a atenção nas últimas rodadas quanto Petkovic. Ele chegou à Gávea, em junho, sob grande desconfiança. Sua contratação, uma decisão para sanar uma dívida e aliviar as contas do clube, causou uma racha na diretoria e provocou a saída da antiga cúpula do futebol. "Considero normais as dúvidas sobre o meu retorno. Mas apostei em mim, na minha força de vontade. Queria ajudar, nem que fosse dando conselhos aos mais jovens. Se jogasse um minuto ou 90, iria ajudar de alguma maneira", disse o meia sérvio, em entrevista ao SporTV.

Na época, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Kleber Leite, e o técnico Cuca eram contra o acordo com Petkovic. Mas o presidente em exercício do clube, Delair Dumbrosck, bancou o acerto. Com a saída de Cuca e Kleber Leite, e a efetivação de Andrade como técnico, Petkovic se firmou entre os titulares. "A pior hipótese não era que eu não jogasse, e sim que eu jogasse e desse vexame. Afinal, eu era ídolo dessa nação. Mesmo que não atuasse nenhum minuto sequer, teria sido um bom negócio para o Flamengo", explicou o jogador.

Paulo Baier chegou ao Atlético-PR com o time na penúltima colocação, com apenas um ponto. Após 22 partidas, sete gols e seis assistências, é aclamado como o principal jogador do clube. Como capitão, ele, que fará 35 anos no domingo, mostra ter consciência de sua importância como exemplo e incentivador dos mais jovens. Foi dele a ideia de se traçar metas para fugir do rebaixamento. "A gente não pode viver só do jogo. Tínhamos de ter uma meta", justificou.

Sobre o momento, Paulo Baier não esconde a empolgação. "Estou vivendo uma fase fantástica aqui, com alegria", contou. Segundo ele, um jogador precisa de muita motivação para se manter em forma depois dos 30 anos. "Hoje eu vivo motivado para ir aos treinos, fico ansioso para o jogo, louco para chegar e ver o torcedor, para o torcedor cantar o nome", admitiu. "Eu não me sinto nem com 30 anos, nem com 34, estou me sentindo como se fossem 25, de tanta felicidade."

Ricardinho, ídolo da torcida corintiana e hoje defendendo o Atlético-MG, voltou ao futebol brasileiro após três anos no exterior. E mostrou todo seu talento logo no primeiro jogo como titular - antes, havia entrado ao longo de outras quatro partidas. "A qualidade é independente da idade. Para mim, a qualidade sempre fez toda a diferença no futebol", explicou o meia. "O segredo para manter essa qualidade por longo tempo é a entrega em relação ao trabalho, inclusive na parte física. Atleta profissional não é só o que treina de segunda a sexta-feira, concentra no sábado e joga no domingo. É aquele que sabe condicionar seu lazer às suas necessidades profissionais."

Ricardinho aproveita também para criticar o que considera um preconceito no futebol brasileiro. "Existe uma cultura de que um jogador de mais de 30 anos não pode mais ser útil. Isso é só aqui. No resto do mundo, o atleta mais experiente é sempre importante para um clube", avisou o meia do Atlético-MG.

Segredo

Para o fisiologista do São Paulo, Turíbio Leite de Barros Neto, o sucesso de jogadores mais experientes, com idade acima dos 33 anos, se explica por duas razões: a posição em que jogam e a consciência profissional que demonstraram ao longo de toda a carreira.

"Normalmente jogam no meio-campo, onde a técnica e a inteligência são mais importantes do que a velocidade e a força física. São portadores de muita técnica. Isso não ocorre com um centroavante 'trombador' ou um zagueiro que só dá chutão", explicou Turíbio. "Além disso, são atletas que sempre demonstraram uma consciência profissional grande, se cuidando dentro e fora de campo."

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