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| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Geração X

Skatista ignora as redes sociais

O relacionamento entre atletas e fãs sempre rendeu muito. São autógrafos, fotos, vídeos, o que for possível para ter um registro do ídolo. Só que muitas vezes não é possível estar próximo, então o jeito é recorrer à internet, por meio de canais que incentivem a comunicação entre as duas partes. E isso é ainda mais forte se o público é jovem e antenado nas novas tecnologias, caso dos skatistas.

Problema é quando o ídolo não tem um espaço bem definido no mundo virtual. É o caso de Ferrugem, que mantém certa distância das máquinas, segundo ele pela falta de tempo: é skatista, pai e empresário.

Por enquanto tem uma conta no Twitter [@RodilFerrugem], ainda tímida, mas sabe que tem muito o que fazer e garante que vai tentar preencher essa lacuna.

"Não sou muito bom com a internet, mas vou procurar uma assessoria para cuidar", comenta, reconhecendo que é necessário estar no cibermundo. "A cada dia que passa, vejo que a internet é muito importante para nós, atletas", admite.

Ferrugem gosta mesmo é do contato pessoal, mais rico e próximo. Em Curitiba já é comum vê-lo pelas pistas e não existe um assédio mais forte, situação que muda quando sai da capital paranaense. "Fora daqui muita gente quer me conhecer, bater um papo, tirar uma foto, ganhar um autógrafo", diz.

(Gustavo Ribeiro, especial para a Gazeta do Povo)

Em números

O skatista curitibano Ferrugem tem 32 anos e compete desde os 10. O primeiro título de expressão foi o X-Games, em 1996.

Ele pratica a modalidade street – no qual os atletas utilizam a arquitetura da cidade, como bancos, escadas e corrimãos como obstáculos para executar manobras . Conquistou a primeira de várias etapas do Circuito Mundial, no Canadá, em 98. Em 2002 foi a vez de levantar o troféu de campeão mundial.

Vitória é o que mantém o skatista curitibano Rodil Júnior – mundialmente conhecido como Ferrugem – firme em suas ma­­nobras após 22 anos de carreira. Vitória também o motivou a ex­­pandir seus horizontes profissionais para além dos desafios do street skate.

Todo esse ânimo não se trata apenas da ganância por conquistas: nascida há cinco meses, Vitó­­ria, a filha do atleta, deu novo ru­­mo à consagrada carreira do atleta de 32 anos. Os contagiantes olhos azuis da menina parecem ter revigorado o astro – que já ensaia o fim da carreira.

"O casamento e depois o nascimento da minha filha mexeram muito comigo. Tudo isso me deu novas motivações. Se antes eu já brigava pelas minhas conquistas, agora brigo ainda mais, tenho ob­­jetivos maiores. Tenho uma filha. Não dá para brincar", abre.

Com dezenas de títulos acumulados (possui dois títulos e um vice-campeonato mundial, além de sete X-Games, olimpíada americana de esportes radicais, e 11 bra­­sileiros), o foco de Fer­­rugem este ano é ser tricampeão do mun­­do. Um esforço que parece incompatível com uma vida atribulada.

Para isso, ele concilia a rotina de treinos com os compromissos de empresário à frente da Ferru­­gem Skateboard e de uma importadora de motocicletas. "Pela ma­­nhã me dedico à administração da minha marca; passo as tardes treinando e durante a noite o tempo é da minha família", relata.

"Quando descobri que seria pai, percebi que minhas responsabilidades seriam maiores: o dinheiro das premiações não se­­ria só para mim; tive de pensar na minha vida pós-skate e no fa­­to de ter uma família para cuidar", segue.

Para quem apostava que 2011 seria o ano da aposentadoria das pistas e das ruas, Ferrugem avisa que ainda segue em cima do board por mais tempo. "O skate não é como o futebol: não existe isso de estar velho para competir. Vou andar profissionalmente por mais dois anos, pois não sinto dificuldades para praticar. Quero parar enquanto ainda conseguir bons resultados e estiver no auge. Me cuido para isso", projeta.

Para alcançar as metas, ele treina em pistas públicas de São José dos Pinhais, do Fazendinha, na clássica Praça do Gaúcho, en­­tre outras da capital. "Não enjoo de andar de skate. Esse é o meu trabalho, mas não vejo como uma obrigação: passar horas treinando manobras é uma di­­versão, uma distração. Três vezes por semana faço um treino físico em uma academia, mas o importante é estar em cima do skate e gastar muitas horas ali, porque só assim vou conseguir ser campeão".

Quando a aposentadoria chegar, o skatista promete que não vai abandonar as manobras na rua, mesmo que de forma amadora, mas quer arranjar tempo para reviver as boas lembranças de seu passado no motocross.

"Antes do skate, esse era meu esporte. Aos 20 anos fui campeão paranaense na categoria estreante, mas houve um conflito entre o motocross, que eu amo, e o skate, pois um piloto se machuca muito. Acontecem fraturas e não somente torções ou raspões como no skate", conta.

Após lesões nos pulsos e tornozelos que o forçaram a deixar de participar de um campeonato e que o prejudicou com patrocinadores, ele abriu mão dos saltos motorizados. Porém, descreve com gosto a alegria de correr so­­bre duas rodas: "Eu ficava muito entusiasmado naquelas competições. O motocross me empolgava pela incerteza que havia em fazer uma boa largada, pela sorte de ninguém me fechar. Quando encerrar a carreira vou investir nisso", planeja.

Enquanto isso, certo mesmo são as vitórias.

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