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Desde o grave acidente no circuito oval de Michigan em 1996, Emerson Fittipaldi não sabia o que era a sensação de apertar-se num cockpit de carro de corrida. Chegou a quase uma década longe deste sentimento – ao mesmo tempo excitante e desconfortável – que o acompanhou durante 27 anos vividos em alta velocidade. O retorno não foi nada fácil. O trauma perseguiu Fittipaldi até o penúltimo treino para a volta às pistas, programada para o último dia 13 deste mês, no Grand Prix Masters (GPM), em Kyalami, na Àfrica do Sul.

Convidado para a nova categoria que reúne ex-campeões da Fórmula 1, Emerson inicialmente relutou, mas acabou aceitando a proposta e teve um ótimo desempenho na prova inaugural. Chegou na segunda posição, perdendo o lugar mais alto do pódio para o alemão Nigel Mansell. Além dos dois ex-campeões – Emerson conquistou o título em 1972 e 74, Mansell em 92 –, a GPM conta também com outros corredores famosos, como Alan Jones e Ricardo Patrese.

Novo velho piloto

Satisfeito com a barreira psicológica superada, o "novo velho" piloto pretende seguir disputando a GP Masters, enquanto toca seus projetos ligados ao automobilismo. Entre eles, está a organização da prova da A1GP em Curitiba, em fevereiro, no Autódromo Internacional.

Emerson é um dos sócios da equipe brasileira da categoria, que conta como piloto Nelsinho Piquet, filho do ex-campeão de Fórmula 1. Há também a possibilidade – a princípio negada por ele – de a GP Masters desembarcar em Curitiba em 2006, estreitando seus laços com a cidade e a parceria com o autódromo. Diretamente da Malásia, onde estava para uma prova da A1GP,Fittipaldi falou sobre o recomeço, o bom ambiente entre os veteranos e a expectativa de sucesso para a categoria.

Gazeta do Povo – Como foi o convite para a GP Masters?Emerson Fittipaldi – Há um ano e meio, mais ou menos, o Scott Poulter, CEO da categoria, me ligou da Inglaterra chamando para participar. Eu disse para ele me mandar as informações, e no dia seguinte ele estava no Brasil para me convencer pessoalmente. Eu sugeri então que chamasse o Nelson (Piquet), porque eu não queria mais correr. Bom, na primeira corrida, eu estava lá e o Nelson não. Mas acho que ele ainda vai se juntar ao grupo.

E a emoção de retornar à competição? Muito grande. Acho que Deus me deu um dom e estou voltando a exercê-lo.

Ao sentar no cockpit, poucos segundos antes da largada, bateu um sentimento de insegurança?Não, eu estava totalmente calmo.

Terminada a primeira prova, é possível dizer que o trauma do acidente foi totalmente superado?Foi superado no fim do treino de quinta-feira. Até ali eu estava ansioso. No primeiro treino, em Silverstone, não me senti confortável. A partir do segundo treino na África do Sul, eu me senti absolutamente relaxado, senti que tinha ultrapassado uma barreira, pois eu não corria desde o acidente em Michigan. E a partir daí, pude curtir ao máximo o dia-a-dia da corrida, a estratégia de classificação, a corrida, a disputa com o Mansell, que me lembrou muito uma prova que disputamos em Cleveland, na Fórmula Mundial, em 1993 (nesta ocasião os dois trocaram de posições sete vezes em duas voltas, lutando pela segunda posição). Nessa corrida, agora o Mansell teve dois pequenos erros que quase me permitiram ultrapassá-lo, mas não era conveniente arriscar. Na próxima corrida, no Catar, eu pego ele (risos).

O espírito quase amador da GP Masters (devido à paixão pelo automobilismo e à larga experiência dos pilotos) influencia na prova? Ou a corrida não difere em nada de uma prova convencional?O clima fora da corrida é muito bom, muito engraçado, trocamos de roupa no mesmo vestiário, todo mundo faz piada, mas na hora que todo mundo bota macacão, capacete e entra no carro, ninguém quer perder. Agora, estamos em outra fase de nossas vidas, a pressão obviamente é muito menor.

Qual a diferença de pilotagem do Emerson dos tempos de Fórmula 1, Indy e agora na GP Masters?Sou o mesmo Emerson, com alguma perda em função da idade e da falta de ritmo.

E a expectativa para a prova da A1GP? Acredita que será boa a aceitação do público?A A1GP tem um conceito muito interessante, tanto pela competitividade trazida pelos carros iguais, quanto pela disputa entre as nações, uma idéia que muitos falaram em fazer, mas o xeque Maktoum soube tornar realidade a partir de uma base muito sólida. O público brasileiro gosta de automobilismo e vai gostar da A1GP, sem dúvida.

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