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Na luta contra Bastie Samir, Washington quase caiu... | Fotos: Lee Jae Won/ Reuters
Na luta contra Bastie Samir, Washington quase caiu...| Foto: Fotos: Lee Jae Won/ Reuters

Washington Silva, que pode garantir na terça-feira a primeira medalha olímpica do boxe brasileiro em 40 anos, nunca teve medo de encarar os desafios da vida. Em 1997, aos 19 anos, desembarcou em São Paulo, vindo de Cruz das Almas, na Bahia, onde viveu com os pais desde os dois anos de idade. Desempregado, procurou o Corinthians, seu clube do coração, na tentativa de um emprego. Foi gandula, segurança e, nas horas vagas, passou a treinar boxe. No ano seguinte, foi campeão do tradicional torneio Forja dos Campeões, vencendo todas as suas lutas por nocaute.

Em 2001, chegou à seleção brasileira. Passou de funcionário a atleta do Corinthians e, dessa forma, pôde se dedicar inteiramente ao pugilismo. Participou do Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, mas caiu na terceira rodada. Participou dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 com a mão direita quebrada. Não passou da estréia. No Pan do Rio, ano passado, caiu nas quartas-de-final, diante do norte-americano Christopher Downs.

Coincidentemente, Downs foi o seu adversário no Pré-Olímpico de Trinidad & Tobago. Desta vez, o brasileiro venceu e garantiu sua vaga em Pequim. Mas o destino mais uma vez deu um "golpe" em Washington. Ele torceu o joelho direito e rompeu o ligamento cruzado anterior. "Não tem problema. Nada vai me fazer parar", disse o pugilista, de 30 anos, que se tornou pai na semana passada. "O primeiro presente do meu filho será a medalha. Só não sei qual."

Washington estreou contra Azea Augustana, do Haiti, e venceu por 6 a 2. Mostrou problemas para se locomover, mas não perdeu a vontade. "A dor faz parte do esporte", afirmou. Ontem, passou apertado pelo ganês Bastie Samir (9 a 7), e está classificado para as quartas-de-final. Desde Atlanta-1996 que o boxe brasileiro não conquistava duas vitórias seguidas. O último pugilista nacional a ter tal desempenho foi Daniel Bispo.

Uma nova vitória vai garantir, pelo menos, a medalha de bronze. É que no boxe os perdedores na semifinal têm garantido o terceiro lugar no pódio. Seu oponente será o irlandês Kenny Egan, que vem de duas vitórias tranqüilas, por 22 a 2 e 10 a 2. "Já lutei com ele uma vez e perdi. Chegou minha vez de ganhar."

Se conseguir, Washington vai escrever seu nome na história do boxe brasileiro. Repetirá o feito de Servílio de Oliveira, que, em 1968, na Cidade do México, ficou com a medalha de bronze, a única deste esporte para o país em Olimpíadas. "Estou pronto para fazer história."

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