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Caçado em campo, Dinelson reclama de violência dos zagueiros | Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo
Caçado em campo, Dinelson reclama de violência dos zagueiros| Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo

Uma das explicações para Curitiba ser escolhida a sede da abertura do Campeonato Mundial de Turismo (FIA WTCC) logo na sua segunda participação no circuito está no público. Além dos aspectos técnicos do Autódromo Internacional, em Pinhais, o que impressionou a organização da categoria na passagem por aqui no ano passado foi a empatia quase imediata entre a modalidade e a cidade. Cerca de 34 mil pessoas acompanharam a prova em 2006 e deram uma boa contribuição para ela ser considerada a melhor entre as 11 da temporada passada.

Neste ano, a tietagem começou ainda mais cedo. Quatro dias antes da largada – duas baterias que ocorrem domingo, pela manhã e a tarde – dois carros que passaram despercebidos durante a temporada anterior tiveram, ontem, seu momento de estrela na Rua da Flores.

No meio do calçadão mais tradicional da capital, em frente à Boca Maldita, não houve quem não parasse para conhecer o que, quando muito, só haviam visto pela tevê. E para não confiar na mente, um aliado moderno: o celular como máquina fotográfica.

Daniele Rodrigues, 37 anos, por exemplo, perdeu a conta de quantas fotos tirou. Ia de um lado a outro. Avisada pelas duas filhas, até desviou o caminho para encontrar a exposição. O mais curioso: nem gosta tanto assim por automobilismo. Já o filho... "É tudo para o meu filho (as fotos). Se soubesse tinha trazido ele de casa", conta. A gafe da mãe deve ao menos garantir a Lauro, de 14 anos, a presença no GP.

O carro amarelo (9), de Jean Gené, um Seat León, e o azul (6) de Robert Huft, um Chevrolet Lacett, ficaram em posições intermediárias na temporada passada, mas ontem não foi pelo desempenho na pista que um chamou mais atenção do que o outro. O diferencial foi o sol, e daí o Seat saiu na frente, pois estava bem protegido na sombra.

Sobre ele, aliás, André Billy, um arquivista que está desempregado, deu seu veredicto: "É um tesão, mas o que estraga são essas calotas".

Do lado dele, o garagista Marcio Guimarães Filho nem prestava atenção, lembrava do melhor carro que havia dirigido, um Fox todo modificado, mas que nem chegava perto do que estava à sua frente. "É baixinho, né, mas acho que dá para andar na cidade também. Lá perto de casa tem um cara que rebaixou o Omega quase desse jeito", foi a melhor comparação que conseguiu.

Para grande parte das pessoas que paravam para olhar os carros de competição, tudo que pensavam não passava de especulação. Desde as apostas para saber quanto cavalos tinha o motor, ao preço dos automóveis.

As discussões estavam ao menos em dois grupos grandes, que chegaram a uma conclusão superestimada: o carro deveria valer uns R$ 250 mil e ter uns 400 cavalos – na verdade, cerca de R$ 150 mil e 280 cavalos.

Olhar de tão perto algo tão distante de se ter também serviu para os amigos Ademir, Celso e Dênis, que moram no Bairro Alto e trabalham como auxiliares de produção, voarem alto. A gurizada com pouco mais de 20 anos nem pensava em velocidade. "Com um desses aí lá na Vila eu enchia de mulher fácil", disse Ademir. Dênis emendou: "Mas não ia sobrar nem as rodas no outro dia".

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