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A pandemia do novo coronavírus está acelerando uma série de mudanças sociais, econômicas e comportamentais. O sistema de transporte público coletivo não ficou de fora deste processo. Este é o tema do primeiro episódio do Papo Mobilidade, uma série de cinco episódios em vídeo e podcast que se propõe a discutir como será o transporte público do futuro.

O episódio completo você assiste aqui ou no canal do Youtube do GazzConecta. O mesmo conteúdo também está sendo veiculado como podcast nas plataformas Spreaker e Spotify.

Este conteúdo produzido pelo GazzConecta é patrocinado pela Metrocard, uma associação que responde institucionalmente pelas 18 empresas operadoras do transporte público da Região Metropolitana de Curitiba, uma soma de mais de 900 ônibus. Um dos papéis da Metrocard é a interlocução com o governo e com a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), além da operacionalização do sistema de bilhetagem eletrônica na venda de créditos pelo site, aplicativos e lojas físicas. A associação também dá suporte para que as empresas operadoras tenham acompanhamento online por meio do seu Centro de Controle Operacional (CCO).

Justamente por desempenhar este papel de interlocução entre os diversos atores do serviço de transporte, a Metrocard convida todos para este debate urgente e necessário: o que está mudando no transporte público e o que ainda precisa mudar para tornar o serviço mais confortável, sustentável economicamente e o modal prioritário dentro de um conceito de cidades inteligentes? Para responder a estas questões, especialistas do Brasil inteiro debatem online quais os principais desafios e propõem soluções viáveis para inovar neste setor.

Neste primeiro episódio, participam da conversa o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Ailton Brasiliense Pires, o diretor administrativo e institucional da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Marcos Bicalho dos Santos, e o presidente da Metrocard, Lessandro Zem.

Um dos eixos centrais do debate passou pelo potencial do novo coronavírus em acelerar transformações que já eram demandas das empresas operadoras e da sociedade, mas que agora tornaram-se ainda mais urgentes diante de um possível colapso do sistema.

“Estamos vivendo um momento de reorganização social e do transporte em si, sendo necessário repensar o equilíbrio financeiro do sistema de transporte e da própria legislação. Este é um dos serviços públicos mais regulados do Brasil e será necessária uma flexibilização, até para possibilitar a integração com outros modais. A pandemia deve chacoalhar estas questões e chamar atenção dos nossos gestores públicos para a necessidade de olhar e atualizar esta legislação”, comenta Lessandro Zem.

Entram nestas necessidades de revisão legislativa questões como o uso prioritário do solo, através de faixas exclusivas para transporte público, a taxação de transporte privado por aplicativos e a discussão sobre flexibilização das tarifas fora de horário de pico, principalmente com a adesão aos modelos de home office.

“Os prefeitos das cidades, com raríssimas exceções, nunca se preocuparam em discutir a questão do pico e, portanto, o custo que isto acarreta para todo o sistema. Temos que aproveitar a pandemia para dar um salto positivo e construir um transporte público coletivo muito melhor do que nós temos”, defende Ailton Brasiliense.

“O que precisamos afinar em nível de legislação federal não é algo de outro mundo. São os custos que o transporte individual gera, como o uso do sistema viário, e que de alguma forma precisam ser ressarcidos. Não é tratar os aplicativos como se fosse uma guerra, mas sim como parte complementar de um sistema que possui custos para operar. É preciso que a sociedade entenda essa lógica como um todo e que a partir disto haverá uma economia social enorme”, resume.

Desafios

Junto com a NTU, a ANTP prepara uma cartilha para vereadores e prefeitos que irão assumir mandatos em 2021, detalhando os desafios do sistema e como a gestão pública pode auxiliar neste momento de transição em um cenário de pandemia.

“Hoje o risco de redução de demanda está totalmente alocado para o operador do transporte. A nossa proposta, como NTU, é que o poder público também assuma este risco, remunerando o prestador de serviço de acordo com o custo da operação total e não apenas através da remuneração tarifária. Claro que esta remuneração será atrelada a índices de desempenho para tornar o processo mais transparente”, propõe Marcos Bicalho.

Para o diretor da NTU, outra frente de trabalho que está sendo desenhada devido à pandemia é a reorganização das atividades urbanas como comércio, horários de entrada e saída dos serviços públicos e particulares de forma escalonada. “Este escalonamento evitaria problemas relacionados aos horários de pico, nos quais há uma forte concentração de toda a demanda diária em apenas duas horas. Isto causa prejuízo de ociosidade dos equipamentos nos demais horários, e agora torna-se ainda mais urgente em uma nova realidade na qual a aglomeração de pessoas deve ser evitada”, pontua.

O segundo episódio da série abordará soluções e políticas públicas capazes de transformar o transporte público em prioridade nas cidades do futuro. Acompanhe no GazzConecta e na página especial da Metrocard, dentro da Gazeta do Povo.