Vandalismo no transporte de Curitiba
Desde o início do ano, 353 ônibus já foram danificados em Curitiba.
+ VÍDEOSSão como cicatrizes: as marcas do vandalismo no transporte coletivo estão em praticamente toda a frota. Exceção é o ônibus que não carrega ao menos um vidro riscado ou com marcas de pedras em sua lataria. O vandalismo, nos casos menos graves, altera a estética dos veículos. Mas também tem consequências mais sérias, como colocar em risco a segurança de passageiros, além de interferir no custo do transporte.
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“Só até este mês já temos 353 ônibus danificados em Curitiba em 2016. Isso força a manutenção antecipada do veículo. Arrumar uma porta pode levar horas ou dias. Um vidro, leva dias. Consequentemente, esse ônibus sai da linha e gera um desconforto cada vez maior para o passageiro, que fica esperando mais tempo até um carro reserva entrar em operação. E isso encarece o sistema, porque ao se substituir peças, esse custo acaba, cedo ou tarde, sendo repassado à composição da tarifa”, explica o diretor executivo do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), Luiz Alberto Lenz César.
Os motivos que levam indivíduos – uma minoria entre quem utiliza o transporte coletivo – a depredarem ônibus ainda não são consenso, mas o perfil dos vândalos da frota em Curitiba e na Região Metropolitana já são conhecidos, conta o presidente da Associação Metrocard, Lessandro Zem. “Além dos grupos de torcidas em dias de jogos de futebol, os atos de vandalismo, em alguns momentos, são brincadeiras de crianças. Em outros, a maioria, são atos para que o ônibus pare e seja assaltado.”
Além dos danos materiais, as ações dos vândalos resultam em prejuízo social. “Podem gerar trauma em pessoas que se deslocam em paz e recebem uma ameaça tão forte, como um grupo com pedras, empurrando bancos, aos gritos de ordem. Essas pessoas acabam sendo desestimuladas a usar o transporte público”, acrescenta Zem.
A professora de Urbanismo no curso de Arquitetura da PUCPR, Gilda Cassilha, destaca o contraditório do vandalismo: muitas vezes, o indivíduo que depreda o bem de uso coletivo é o mesmo que reclama melhores condições de transporte. “A solução tem de ser uma construção coletiva, de todos os agentes envolvidos no transporte. Muitas vezes o vândalo não sente que o transporte público também lhe pertence. É preciso criar esse pertencimento”, destaca.
