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Bruno Dantas em seu casamento com Camila Camargo
Bruno Dantas e Camila Camargo: festa reuniu elite política e empresarial.| Foto: Reprodução/Rodrigo Sack

As colunas sociais de Brasília terão muito sobre o que escrever.

O presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, casou-se no último sábado (3) com Camila Camargo, filha de um empresário influente.

Entre os presentes estavam o vice-presidente, Geraldo Alckmin; sete ministros do STF e os governadores do Pará, Helder Barbalho, e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. Eles dividiram espaço com grandes empresários.

A lista incluía também o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS, e o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay; o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; o ex-presidente José Sarney e o senador Randolfe Rodrigues — que ganhou notoriedade ao enfrentar o grupo de Sarney no Amapá, quando ainda pertencia ao PSOL.

A lista foi publicada pelo site Poder 360.

Bob Marley e Queen no repertório

Na sexta (2), os noivos haviam se casado em uma cerimônia restrita na igreja São José, no Jardim Europa, em São Paulo.

A festa que reuniu parte da elite brasileira aconteceu no dia seguinte, no Clube Hípico de Santo Amaro.

Quando as cortinas se abriram para a entrada da noiva, a orquestra tocou a melodia da música “She”, que não é exatamente uma canção de amor e afirma que a mulher pode "transformar cada dia em um paraíso ou um inferno". Os instrumentos estavam levemente fora de sincronia. A passarela, emoldurada por arbustos verdes, sem flores.

O pai de Camila, o empresário João Camargo, trouxe a filha pela mão e não pelo braço. O secretário de Governo do Estado São Paulo, Gilberto Kassab, sorria cordialmente. Ao lado dele, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, parecia menos animado.

Pela segunda vez em dois dias, o casal se colocou diante de um padre católico. Atrás dele, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, um crucifixo e uma árvore artificial enfeitada com flores brancas.

Já casados, os dois caminharam diante dos convidados enquanto se ouvia “Is This Love”, de Bob Marley, em versão instrumental.

Mais tarde, o salão se transformou em pista de dança. Um dos convidados registrou o momento em que Bruno Dantas sobe nas costas de um amigo, agita os braços e faz o sinal de paz e amor com as mãos enquanto as luzes coloridas piscam e o DJ toca um remix de “Bohemian Rhapsody”, da banda Queen.

Não há registros de Gilmar Mendes e sua esposa, Guiomar, bailando.

Quem é Bruno Dantas

O baiano Bruno Dantas é um dos membros mais midiáticos do TCU.

Ele tem um currículo sólido: é doutor em direito pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, com pós-doutorado na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Em 2003, chegou ao Senado Federal depois de ser aprovado para o cargo de consultor legislativo, em um dos concursos mais concorridos do país.

Mas Dantas também é hábil no manejo político. Com um sorriso constante, bons modos e a preocupação de não se indispor com ninguém, ele segue à risca o mandamento de nunca assumir ideias ousadas ou que possam soar controversas, e prefere ajeitar a vela para se aproveitar dos tempos do momento e de cultivar uma boa imagem — o que o fez estabelecer uma relação próxima com o universo de políticos, magistrados, burocratas e jornalistas na capital federal.

Entre 2007 e 2011, Dantas foi consultor-geral do Senado. Ele chegou ao TCU em 2014, por indicação dos próprios senadores. Seu salário é de quase R$ 40 mil, sem contar os penduricalhos.

No site do TCU, a notícia de que Dantas foi eleito para a presidência da Corte é acompanhada por uma fotografia que mostra o ministro sentado à sua mesa, folheando a Constituição como se o fotógrafo o tivesse flagrado em um momento espontâneo de estudo. Em outubro do ano passado, ele criou uma certa “Diretoria de Fiscalização de Políticas de Equidade e Direitos Humanos” no TCU.

Bruno Dantas em seu gabinete no TCU.
Dantas em seu gabinete no TCU: bom trânsito em Brasília.| Divulgação/TCU

Bruno Dantas chegou a ficar noivo da cantora Vanessa da Mata, mas a união se desfez em 2020, antes do casamento.

Na mesma época, ele teria mais com o que se preocupar: o ministro do TCU foi citado na delação do ex-governador Sérgio Cabral, em 2021. Segundo o ex-governador do Rio de Janeiro, Dantas recebeu uma mesada de R$ 100 mil de um empresário carioca. A delação foi anulada no mesmo ano pelo STF, que viu problemas jurídicos no processo. Em 2023, o ex-governador se retratou da acusação.

Dantas, de 45 anos, foi citado como um dos possíveis indicados do presidente Lula ao STF.

Cardápio requintado

Alguns detalhes do casamento de Bruno Dantas foram registrados por empresas contratadas para a cerimônia.

A L'Épicerie Produções Culinárias, responsável pelos doces, aproveitou para divulgar os seus serviços em sua página no Instagram. Um dos vídeos mostra um "croque en bouché", descrito como "umas das sobremesas mais clássicas francesas". Eis a receita: “Uma torre de Carolinas, nougatine, recheio de Gianduia e fios de Caramelo!!!!! Regado a uma densa calda de chocolate quente!!!!!”. Depois das múltiplas exclamações, a publicação exclama de novo: “Um luxo!”

A L'Épicerie , que usa a palavra "wedding" em vez de "casamento", também elogiou o pai da noiva por ter providenciado um vinho francês de alto padrão: "Esse Chateau D’y Quem 2007 foi literalmente a cereja do bolo desse wedding MUITO Mara de ontem".

Veja o vídeo abaixo.

Uma garrafa de 1,5 litro do vinho francês custa cerca de R$ 15 mil. Para o casamento de Bruno Dantas e Camila Camargo, o pai da noiva encomendou uma raríssima garrafa de 15 litros.

A empresa “Shakers” ficou a cargo do bar. Os atendentes, incluindo alguns dos poucos negros presentes à festa, vestiam terno branco e gravata borboleta preta. Uma das bebidas preparadas na festa era o “basil martini guarnecido com lavanda fresca”. "Basil" é manjericão em inglês.

A lista de prestadores de serviço é longa. Karina Costa planejou a cerimônia. Bia Aydar cuidou da festa. O fotógrafo era Rodrigo Sack (que também faz "weddings" em vez de casamentos). A filmagem de Vinicius Credidio. O penteado da noiva feito por Marcos Proença. O paisagismo de Vic Meirelles. A iluminação da Ambiente Lighting.

Noiva de família influente

O pai da noiva é dono de uma grande gestora de investimentos e sócio da CNN Brasil e da BandNews FM. Ele é formado em Administração de Empresas pela PUC de São Paulo.

Em 2021, João Camargo criou o Esfera Brasil, que se apresenta ora como uma empresa, ora como um think tank dedicado à promoção da democracia. "Apoiamos o capitalismo de stakeholder, o ESG, a Diversidade, a Equidade e a Inclusão", diz a página oficial da entidade. O conselho consultivo do grupo tem a participação de Lucilia Diniz, do grupo Pão de Açúcar.

Assim como o Grupo Lide, do ex-governador João Doria, o Esfera Brasil promove grandes eventos que juntam empresários com autoridades da República.

Camila, formada em publicidade pela FAAP, é a CEO do Esfera Brasil.

O sogro de Bruno Dantas circula com frequência pelos gabinetes de Brasília. Há dois meses, João e a mulher se reuniram com o ministro do STF André Mendonça. "Acompanhada do meu marido João Camargo levamos a pauta da Esfera Brasil pedindo cada vez mais a segurança jurídica e os princípios básicos da garantia da democracia", escreveu Ana Lucia Suplicy Funaro, em uma publicação no LinkedIn.

Na antevéspera do casamento, a noiva e o pai estiveram com Gilmar Mendes e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em um almoço em homenagem ao procurador-geral Paulo Gonet.

"Prestigiado por ministros dos Três Poderes e figuras-chave do cenário político um dia antes da abertura do Ano Judiciário de 2024, Gonet aproveitou a ocasião para reforçar que irá conduzir a PGR no trilho do respeito aos valores da democracia, o respeito aos valores constitucionais da convivência entre as pessoas, o respeito aos valores da ecologia e os valores do progresso", disse Camila, em seu perfil no LinkedIn.

O casamento deve garantir alguns dias de descanso a Bruno Dantas, além dos 60 dias de férias a que tem direito. Não que ele já não tenha o costume de viajar. Como mostrou o colunista da Gazeta do Povo Lúcio Vaz, ele passou 46 dias no exterior apenas nos primeiro cinco meses de 2023. No período, as viagens custaram R$ 1,1 milhão aos cofres públicos.

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