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Multiplicam-se pelos campi norte-americanos protestos motivados por histórias falsas de crimes de ódio.
Multiplicam-se pelos campi norte-americanos protestos motivados por histórias falsas de crimes de ódio.| Foto: Pixabay

Nesta semana, um júri de Ohio ordenou o pagamento de US$44 milhões aos donos da Gibson’s Food Mart and Bakery, em Oberlin, numa ação por difamação contra o Oberlin College e um diretor universitário. O incidente começou com uma falsa denúncia de crime de ódio envolvendo três estudantes negros, que ocorreu no dia seguinte à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. A Gibson’s, administrada pela mesma família por mais de um século, era um destino popular entre os alunos de Oberlin que queriam fazer compras perto do campus. A Gibson’s também fornecia pães e bolos para a cantina da universidade.

No dia 9 de novembro de 2016, Jonathan Aladin, Endia Lawrence e Cecelia Whettstone, alunos de Oberlin, travaram uma luta corporal com Allyn Gibson, neto do proprietário, depois que ele tentou prender Aladin por roubar bebidas alcoólicas. Os alunos disseram que foram perseguidos por serem negros. Alunos, professores e até mesmo alguns funcionários de Oberlin lançaram uma campanha de boicote contra a padaria, incluindo protestos e piquetes. A escola rescindiu o contrato com a Gibson’s. Mas as alegações se provaram falsas: os alunos foram mesmo pegos roubando a loja e admitiram isso quando se declararam culpados, em agosto do ano seguinte.

Grupos de ativistas como o Southern Poverty Law Center aparecem nos jornais dizendo que os crimes de ódio aumentaram depois da eleição de Trump, mas o aumento real ocorreu nos crimes de ódio de mentira, sobretudo entre universitários. No dia seguinte à eleição de Trump, Eleesha Long, aluna da Bowling Green State University – a uns 120 km de Oberlin – disse ter sido atacada por apoiadores brancos de Trump que teriam atirado pedras contra ela. A polícia concluiu que ela inventou a história.

No mesmo dia, Kathy Mirah Tu, aluna da Universidade de Minnesota, disse, num post que viralizou, que fora presa pela política depois de brigar com um racista que a tinha atacado. A polícia universitária e local disseram que não tiveram nenhum contato com a estudante. No mesmo dia, uma aluna muçulmana da Universidade da Louisiana, em Lafayette, inventou uma história sobre ter sido atacada e roubada por apoiadores de Trump que supostamente arrancaram seu véu. Durante semanas, os Estados Unidos ouviram várias histórias revoltantes de racismo, histórias que desmoronaram uma vez investigadas.

Essa moda de crimes de ódio de mentira envolvendo estudantes continuou. Em maio de 2017, o St. Olaf College, em Minnesota, enfrentou enormes protestos “antirracistas” que fez com que aulas fossem canceladas. Samantha Wells, universitária e ativista negra, foi considerada a responsável pela ameaça racista que ela própria deixara no carro. Em setembro do mesmo ano, cinco alunos negros da Escola Preparatória da Força Aérea dos Estados Unidos encontraram insultos racistas escritos nas portas de seus dormitórios. Uma investigação mais tarde descobriu que um dos alunos que se dizia vítima tinha sido o responsável pelo vandalismo.

Em novembro de 2018, alunos do Goucher College, em Maryland, exigiram aulas de justiça social e locais protegidos depois que alguém escreveu “Vou matar todos os negros” na porta de um dormitório. Fynn Arthur, um aluno negro, foi o responsável pela mentira. No mesmo mês, milhares de alunos da Drake University protestaram depois que bilhetes racistas apareceram no campus. Kissie Ram, uma aluna indiana-americana se declarou culpada pela mentira direcionada a ela mesma e a outros. E em maio deste ano um aluno da Universidade de La Verne supostamente teve a cabeça colocada dentro de uma sacola ao mesmo tempo em que era bolinada e a cabeça golpeada contra um corrimão. A aluna recusou ajuda médica. Ativista do movimento de “descolonização” dentro do campus, ela denunciou outros crimes de ódio sem provas no mesmo ano, colocando-os todos sob suspeita.

E há dezenas de outros exemplos. Todos apontam para uma sociedade norte-americana doente, com as instituições de ensino superior frequentemente transformadas em “fábricas de crimes de ódio de mentira”, estimuladas por uma próspera indústria da vitimização personificados em seus “diretores de diversidade”.

No Oberlin College, este problema transcende a Era Trump. Em 2013, alunos da faculdade de artes liberais entraram em pânico depois que alguém disse ter visto uma pessoa usando um traje da Ku Klux Klan no campus. A administração cancelou todas as aulas do dia. O tal membro da KKK nunca foi encontrado, embora a política tenha, sim, encontrado uma pessoa envolta num cobertor. Essa reação exagerada foi precedida por todo um mês de surto de cartazes racistas, antissemitas e homofóbicos no campus. Descobriu-se, contudo, que todos os cartazes também eram de mentira.

Preocupando-se com identidade, privilégio e opressão, nossas instituições de ensino superior cada vez mais promovem um clima paranoico de crise eterna. Você se surpreende, então, com o fato de os participantes dessa loucura reagirem a uma estrutura que incentiva a vitimização fabrincando-a?

Andy Ngo é editor da Quillette.

© 2019 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês

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