No Brasil, o desafio é conciliar a preservação da natureza com o desenvolvimento econômico| Foto: Pixabay

Proteger os recursos naturais, de forma a garantir o desenvolvimento sustentável. Promover medidas para reduzir a corrupção da água, do solo e do ar. Mapear e estimular a manutenção de ecossistemas. Conceder licenças para a realização de obras. Garantir que o país cumpra acordos internacionais. Todo país democrático e desenvolvido precisa adotar essas medidas para participar da comunidade global. 

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No Brasil, desde 1992, todas essas atribuições estão centralizadas no Ministério do Meio Ambiente. Antes disso, os assuntos ambientais eram tratados dentro do Ministério do Interior (foi a era da Secretaria Especial do Meio Ambiente, criada em 1973). Em 1985, surgiu o Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, remodelado e renomeado durante o governo Itamar Franco. O Ministério do Meio Ambiente tem 1.114 servidores e gerencia órgãos estratégicos do setor, como o Ibama e a Agência Nacional das Águas. 

“Nossa carteira de ações abrange temas tão diferentes como combate ao desmatamento e aos incêndios florestais, energias renováveis, substâncias perigosas, licenciamento de setores que não têm implicação com a atividade agropecuária, como o petrolífero, homologação de modelos de veículos automotores e poluição do ar”, explicou o ministro do Meio Ambiente Edson Duarte, em nota em que reagiu à sugestão de do presidente eleito Jair Bolsonaro de fundir os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente em um só. Mas é necessário mesmo manter um ministério para o meio ambiente? 

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Nem sempre. “Um Ministério do Meio Ambiente não é necessário para desenvolver políticas públicas efetivas para o setor. Essas ações podem, em tese, ser realizadas por outras pastas”, responde Robert Stavins, professor de energia e desenvolvimento econômico da Universidade Harvard. “Contudo, é claramente um sinal negativo o presidente eleito do Brasil considerar reduzir o poder de um ministério sem propor outros mecanismos de gestão das questões ambientais”. A sugestão de fundir o Ministério do Meio Ambiente ao da Agricultura vem provocando polêmica. O presidente eleito Jair Bolsonaro aventou a possibilidade durante a campanha, voltou atrás, retomou a ideia assim que foi eleito e recuou novamente

Parece óbvio, mas o nome do órgão não importa, desde que conte com infraestrutura e poder para levar adiante as políticas ambientais necessárias, inclusive, para manter o país em condições de praticar comércio exterior. “Os governos que melhor lidam com questões ambientais hoje são o do Canadá, o da Nova Zelândia e a União Europeia como grupo”, diz Robert Stavins. Entenda melhor como funciona a estrutura governamental de 15 países. A maior parte deles, mas não todos, se utiliza de ministérios para gerenciar as questões ambientais. 

Canadá: O Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas é um dos mais antigos do mundo: foi fundado em 1971. 

Nova Zelândia: Desde 1986, as ações ambientais são coordenadas por um ministério. 

Inglaterra: O país não tem um ministério dedicado ao tema. A Agência do Meio Ambiente é vinculada ao Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais. 

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França: O Ministério da Transição Ecológica e Solidária existe, com outros nomes, desde 1971. No fim de agosto, foi alvo de uma polêmica: o então ministro, o ativista Nicolas Hulot, anunciou seu pedido de demissão ao vivo, durante uma entrevista a uma emissora de rádio, por discordar do presidente Emmanuel Macron. 

Suíça: O órgão gestor das questões ambientais é o Escritório Federal do Meio Ambiente, que responde ao Departamento de Meio Ambiente, Transporte, Energia e Comunicação. 

Alemanha: Até 1986, as questões ambientais eram distribuídas pelos ministérios do Interior, da Agricultura e da Saúde. Em reação ao desastre nuclear na usina de Chernobyl, na Ucrânia, o governo fundou o Ministério Federal para o Meio Ambiente, a Conservação da Natureza e a Segurança Nuclear. 

Coreia do Sul: O Ministério do Meio Ambiente surgiu em 1994. Antes disso, desde a década de 1960, as ações ligadas ao tema eram distribuídas por diferentes pastas. 

Rússia: Foi apenas em 2008 que o governo do país fundou seu Ministério de Recursos Naturais e Meio Ambiente, responsável por gerenciar cinco agências. 

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China: O Ministério da Ecologia e Desenvolvimento foi reorganizado neste ano para aumentar seu poder de atuação. O país vem investindo em medidas para reduzir a poluição do ar. 

Israel: Fundado em 1988, o Ministério da Proteção do Meio Ambiente atua, principalmente, no esforço para reduzir a emissão de gases poluentes. 

Índia: O governo local executa ações nessa área desde o primeiro mandato da primeira-ministra Indira Gandhi, iniciado em 1966. Mas foi só 19 anos depois que surgiu o Ministério do Meio Ambiente, das Florestas e das Mudanças Climáticas. 

África do Sul: O Departamento de Assuntos Ambientais só ganhou status de ministério exclusivamente dedicado ao tema em 2009. Antes disso, a pasta também gerenciava o turismo. 

Argentina: O atual presidente Mauricio Macri vem reduzindo o orçamento de uma série de pastas. Com isso, a Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que responde à Secretaria Geral da Presidência, vai sofrer um corte de US$ 400 milhões anuais. A secretaria chegou a ser transformada em ministério, em 2015, mas perdeu status novamente em 2018. 

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México: A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais, que recebeu esse nome no ano 2000, mantém status de ministério e responde diretamente à presidência da República. 

Estados Unidos: Desde 1970, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos atua de forma independente, propondo programas e fiscalizando o cumprimento da legislação.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]