Nos Estados Unidos, negros tendem a desconfiar mais das vacinas do que os brancos.| Foto: Pixabay
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Nos Estados Unidos, uma pesquisa no Journal of the American Medical Association chama a atenção, não pela primeira vez, para disparidades nas atitudes de vários grupos raciais em relação às vacinas contra a Covid-19.

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Os autores realizaram uma pesquisa sobre a probabilidade de vacinação de uma amostra de trabalhadores saudáveis e da população em geral, divididos por etnia autodeclarada: brancos, negros, hispânicos, asiáticos, outros e miscigenados. Como era de se esperar, os trabalhadores saudáveis em todos os grupos étnicos tinham uma probabilidade maior de aceitar a vacinação do que os grupos em relação à população em geral. Mas ainda assim havia disparidades. A maioria delas era entre os negros e os brancos. Entre os trabalhadores saudáveis, por exemplos, 35% dos negros disseram que provavelmente não se vacinariam, em comparação com 10% dos brancos. Os números correspondentes para a população em geral eram de 60% e 24%, respectivamente. Todos os outros grupos apresentaram números intermediários.

Havia, claro, muitas limitações nos dados. Somente 72% dos trabalhadores da saúde consultados, e 80% da população em geral, responderam aos questionários. Em segundo lugar, os entrevistados foram escolhidos entre pessoas que já haviam concordado, para efeitos de pesquisa, serem examinados duas vezes por mês para saber se tinham contraído Covid-19. Portanto, eles provavelmente já confiavam mais na ciência do que a média da população em geral. Em terceiro lugar, a categoria “asiáticos” é desagregadora, ainda que os números sejam pequenos para serem levados em conta. Por fim, como os pesquisadores já devem saber, a medição das intenções não é um guia infalível para o comportamento real.

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Os motivos citados para a desconfiança quanto à vacina foram a descrença na eficácia, a falta de confiança nas empresas fabricantes e a aprovação rápida demais por parte das agências reguladoras. A pesquisa parece não ter dado aos entrevistados a opção de citarem outros motivos para a desconfiança, motivos que podem estar incrustrados na psique e, sendo menos racionais, tendem mais à emoção.

A conclusão da pesquisa, previsivelmente, parece concordar com essas avaliações céticas. A conclusão dos pesquisadores foi a de que:

São necessários esforços especiais para se alcançar populações historicamente marginalizadas, incluindo aquelas em profissões ligadas à saúde, a fim de lhes dar informações que as permitam tomar decisões quanto à vacinação e de lhes facilitar o acesso. Esses esforços precisam reconhecer a história do racismo que erodiu a confiança nas instituições médicas e científicas entre populações historicamente marginalizadas, minou a confiança nas vacinas contra Covid-19 e perpetuou o acesso desigual à saúde.

No Reino Unido, com seu sistema universal de saúde e onde todos os lares possíveis foram convidados a se vacinarem e onde obstáculos institucionais à vacinação foram mínimos, as mesmas disparidades raciais existem.

Não é ao menos possível que a ênfase institucionalizada em injustiças passadas seja um dos motivos para as disparidades – e que mais ênfase nisso só aumentará essas disparidades? Um editor do Journal of the American Medical Association foi demitido por ousar sugerir isso e outro editor foi suspenso por permitir tamanha ousadia.

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Terra dos homens livres e lar dos corajosos?

Theodore Dalrymple é colaborador do City Journal, membro do Manhattan Institute e escritor.

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© 2021 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês