Trabalhadores protegem janelas e vitrines com tapumes diante da possibilidade de reações violentas ao resultado das eleições presidenciais.| Foto: Daniel SLIM / AFP
Ouça este conteúdo

Eis aqui um sinal claro de que o presidente Donald Trump ainda tem chance de vencer essa eleição — estabelecimentos comerciais de todo os Estados Unidos estão instalando tapumes para se proteger de uma possível onda de violência associada à eleição.

CARREGANDO :)

Empresas em cidades como Nova York, Washington, Los Angeles e Chicago estão instalando tapumes como se um furação categoria 5 estivesse prestes a chegar.

Todos relutam em explicar por quê. Os policiais de Beverly Hills temem “protestos”. A joalheria Tiffany & Co. fala em “atividades relacionadas às eleições”. A Saks Fifth Avenue diz que está se precavendo “para o caso de distúrbios civis devidos à eleição”.

Publicidade

Esse papo todo é muito diplomático, mas não há dúvida sobre o que preocupa as empresas norte-americanas – e não tem a ver com a possibilidade de o clube republicano feminino local ir para as ruas se Joe Biden vencer de lavada. Não, a ameaça e a de que os manifestantes esquerdistas vão causar destruição nas cidades se Donald Trump for reeleito.

Claro que há malfeitores de direita que deveriam ser identificados e excluídos, e é uma desgraça que Trump tenha gastando tanto tempo preparando o terreno para poder dizer que, se ele perdeu, é porque as eleições foram fraudadas. Mas a esquerda tem os números, a tendência à violência (mais de US$2 bilhões em prejuízos materiais só neste ano) e os apologistas intelectuais que deixaram os norte-americanos em pé de guerra para o que pode acontecer neste dia 3 de novembro.

Os críticos mais fervorosos de Trump esperam um golpe com a mesma certeza de que trataram a vitória de Trump como tal, se ela de fato acontecer.

Eles acreditam na necessidade moral de aceitar o resultado da eleição somente se seu lado sair vitorioso e, na grandiloquência da democracia norte-americana, desde que o presidente que eles temem e odeiam não vença.

Eles adoram regras, mas desde que elas os beneficiem, e adoram normas que não limitem sua conduta e até justifiquem o caos e a destruição de propriedades.

Publicidade

Todos sabem que os mesmos baderneiros que têm destruído empresas em nome da “justiça social” aparecerão se Trump conquistar 270 votos no colégio eleitoral. De acordo com o jornal New York Times, algumas empresas estão usando parafusos diferentes dos usados no verão para enganar saqueadores munidos de parafusadeiras.

O Times conta a história de um empreiteiro do Colorado que comprou um estoque de dois anos de tábuas e tirou o nome da sua empresa dos caminhões por medo de retaliação. Nada de novo por aqui – somente a vida nos Estados Unidos, onde a violência urbana se tornou uma parte normal do tecido social.

A centro-esquerda supõe que Trump vai “roubar” a eleição, o que quer dizer que ela empregará advogados para entrar com ações em seu nome. Claro que Joe Biden fará o mesmo. Nesse pós-jogo, Trump tem mais probabilidade de vencer nos lugares onde os juízes reescreveram as regras eleitorais, quando a Constituição dos EUA diz que são as legislaturas estaduais que devem reescrevê-las. Nesses casos, as novas regras, e não os questionamentos em potencial sobre elas, é que são ilegítimas.

Outro tropo usado é o de que Trump só poderia vencer por meio da “supressão do eleitor”, uma acusação bizarra numa eleição na qual cerca de 100 milhões de pessoas votaram antecipadamente e na qual o comparecimento geral vai superar o recorde de 2016. A ideia de “supressão do eleitor” é mais bem analisada como um instrumento para estimular o comparecimento do eleitor, e não uma descrição de um país que terá uma votação sem precedentes.

Isso é um bom sinal. Mas a eleição não deveria estar ocorrendo sob a ameaça implícita de violência se ela “der errado”. Não é assim que uma grande república deveria funcionar e talvez um dia haja um consenso quanto a isso novamente.

Publicidade

Por enquanto, porém, e parafraseando a velha canção, o negócio é louvar a Deus e pregar os tapumes.

*Rich Lawry é editor da National Review.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
Publicidade