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Procuradora-geral do Paraguai, Sandra Quiñonez, é ameaçada por Comando Vermelho | NORBERTO DUARTE/AFP
Procuradora-geral do Paraguai, Sandra Quiñonez, é ameaçada por Comando Vermelho| Foto: NORBERTO DUARTE/AFP

O Comando Vermelho (CV) está numa disputa com o Primeiro Comando da Capital (PCC) pela rota paraguaia de comércio de armas e cocaína no continente. E, após a prisão do líder Marcelo Pinheiro Veiga, o Piloto, a organização criminosa carioca tem aumentado a ação contra forças de segurança. Na mais recente investida, a facção fez uma ameaça em vídeo à procuradora-geral do Paraguai, Sandra Quiñonez, forçando o Ministério do Interior a montar uma operação para protegê-la. 

O vídeo foi divulgado nesta semana pelo próprio Ministério do Interior do Paraguai, que disse à imprensa local que já investiga quem são os criminosos que aparecem nas imagens. 

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A gravação mostra cinco homens encapuzados e armados. Um deles segura uma foto de Sandra e faz a ameaça que dura 40 segundos. "Temos um recadinho para você. Hoje aqui no Paraguai, nosso objetivo é você. Então, presta bem atenção que o papo é reto: muita gente não está gostando da pilantragem que você está fazendo com o sistema. Como você está vendo, sua cabeça já está a prêmio. Não viemos para pagar comédia. Caso nossa equipe não conclua a missão, outras equipes vão concluir, entendeu?". 

Um segundo comparsa continua com a mensagem em tom de ameaça. "Pode abandonar seu cargo que a gente vai atrás de você igual. Você já é o nosso troféu. Estamos atrás de você, doutora". 

O próprio presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, afirmou aos jornais do país vizinho que já sabia da gravação feita pelos criminosos "há tempos". A procuradora ameaçada também disse que havia sido comunicada sobre a existência do vídeo há semanas. "Fui convocada pelo ministério e advertida para tomar todas as precauções quanto a minha segurança", disse. 

Sandra revelou que, além dela, outros promotores que atuam contra o narcotráfico foram ameaçados, mas não detalhou a situação dos envolvidos. Uma cópia do vídeo foi encontrada em uma casa na cidade de Presidente Franco, a 300 quilômetros da capital, Assunção. No mesmo local, a polícia paraguaia diz ter achado um carro-bomba. 

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O veículo recheado de explosivos seria usado, segundo as investigações, para resgatar Marcelo Piloto, hoje detido no prédio do Agrupamento Especializado da Polícia, em Assunção. A polícia disse que após descobrir o plano, detonou o veículo de forma controlada. 

Para o governo paraguaio, ao menos três dos criminosos que aparecem nas imagens fazendo ameaça à procuradora tenham sido mortos em uma operação realizada no fim de outubro; outros dois permanecem sendo procurados. 

As facções brasileiras têm conseguido ganhar força em territórios vizinhos. Além do Paraguai, a forte presença dos grupos é também notada na Bolívia, e em menor grau, na Colômbia, no Peru e na Guiana. 

Líder preso 

Marcelo Piloto, apontado como chefe do tráfico de drogas do Complexo de Manguinhos, na zona norte carioca, foi preso no dia 13 de dezembro do ano passado no Paraguai em uma megaoperação. 

Segundo informações do disque-denúncia, ele também foi chefe do tráfico de drogas das favelas Mandela I, II e III, igualmente na zona norte do Rio, onde ainda exerce influência. Depois, virou "matuto", como é chamado o responsável por abastecer as facções com armas e drogas. 

Piloto, um dos líderes do CV (Comando Vermelho), é "o maior fornecedor de armas, munições e explosivos da facção criminosa". Na versão das forças de segurança, a prisão dele representou "um grande golpe no crime organizado atuante no Rio de Janeiro". 

O suspeito foi localizado e detido na cidade de Encarnación, situada a cerca de 360 km da capital Assunção. Ele estava escondido há anos no Paraguai, e a captura só foi possível com a colaboração da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai), da DEA (Agência Antidrogas Americana) e da Polícia Nacional do Paraguai. 

Piloto possui uma extensa ficha criminal, que inclui acusações de homicídio, tráfico e associação para o tráfico de drogas, latrocínio e roubos. 

Ele é acusado de fazer parte do grupo criminoso que protagonizou o resgate de Diogo de Souza Feitoza, o DG, em 2012. Na ocasião, um bando de dez homens fortemente armados invadiu a 25ª Delegacia de Polícia, no Engenho Novo, na zona norte do Rio, para retirar o suspeito do local. 

Além de chefiar as bocas de fumo na região de Manguinhos, Piloto também já foi investigado por envolvimento em um esquema de compra ilegal de unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.

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