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A sentença é a primeira condenação à morte por uma postagem no Facebook no Paquistão | Reprodução
A sentença é a primeira condenação à morte por uma postagem no Facebook no Paquistão| Foto: Reprodução

Um homem de 30 anos foi sentenciado à morte no Paquistão após ser condenado por cometer “blasfêmia” no Facebook. O incidente é o último da onda crescente de repressão no país a manifestações de oposição nas redes sociais. 

Um tribunal antiterrorista na cidade de Bahawlpur sentenciou à morte, no último sábado (10), Taimoor Raza, 30 anos, depois de ser declarado culpado por fazer comentários depreciativos sobre o profeta Maomé, sua esposa e outros, segundo os promotores. 

Os detalhes dos comentários de Raza não foram divulgados. A sentença é a primeira condenação à morte por uma postagem no Facebook no Paquistão. 

Discussão com oficial

As leis rigorosas contra blasfêmia no Paquistão dispõem de processos e julgamentos, com execuções ocorrendo raramente. Defensores dos direitos humanos expressaram preocupação de que a lei possa ser usada para atacar inimigos pessoais ou iniciar revoltas. 

O irmão de Raza, Waseem Abbas, disse ao The Guardian que a sua família era pobre e analfabeta, parte da minoria islâmica xiita do país. 

“Meu irmão entrou em uma discussão sectária no Facebook com uma pessoa que, conforme soubemos depois, era um oficial chamado Muhammad Usman”, disse. 

Onda de repressão

A condenação ocorreu em meio à crescente tensão religiosa e cultural no Paquistão, país majoritariamente islâmico, acerca de blasfêmia. 

O governo do Paquistão deu início a uma onda de repressão a supostas difamações nas redes sociais nas últimas semanas, com o ministro do Interior, Chaudhry Nisar Ali Khan, ameaçando bloquear todos os sites de redes sociais com “conteúdos blasfemos” no dia 23 de maio. 

No começo de maio, o governo do país pediu ao Twitter e Facebook que reportassem às autoridades postagens potencialmente problemáticas. 

Em abril, Mashal Khan, um estudante de jornalismo de 23 anos, foi espancado até a morte por um grupo de manifestantes na universidade em que estudava, no noroeste do Paquistão, após rumores de que teria insultado o Islã. 

As autoridades depois determinaram que o grupo tinha sido incitado por funcionários da universidade que encorajaram estudantes ultraconservadores após Khan questionar as políticas da instituição. O grupo espancou o jovem até a morte, enquanto cantava “Deus é bom”, dentro do seu dormitório. 

Até o momento, 57 pessoas foram presas pelo ataque. 

Autoridades do Paquistão também detiveram e interrogaram uma série de usuários de redes sociais por supostamente postarem conteúdos contrários ao governo e às forças armadas, entre eles, membros de partidos da oposição. 

No começo do ano, cinco blogueiros paquistaneses foram detidos, supostamente pelas forças de segurança do Paquistão, e foram liberados sem ferimentos, em mais um exemplo da diminuição da liberdade nas redes sociais no Paquistão.

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