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Capa do Times de Londres | Reprodução
Capa do Times de Londres| Foto: Reprodução

Uma história do jornal Times de Londres sobre uma menina britânica que foi colocada em cuidado temporário de uma família adotiva muçulmana gerou uma onda de reações de repúdio essa semana.

De acordo com o jornal britânico, “uma criança cristã branca foi tirada de sua família e forçada a viver com uma cuidadora de véu, em uma casa onde ela foi supostamente encorajada a aprender árabe”. 

A história da criança em guarda temporária foi estampada nas primeiras páginas e sites da mídia britânica, desde a BBC até o Daily Mail. O Times não noticiou por que a criança, que permanece anônima, foi originalmente colocada em cuidados adotivos– mas citou a mãe da criança reclamando, em condição de anonimato, que sua filha havia sido maltratada. 

“A mãe da criança, conforme dito por amigos, ficou horrorizada com o ambiente cultural, religiosa e linguisticamente estrangeiro no qual sua filha havia passado os últimos seis meses”, noticiou o Times. 

As notícias britânicas publicaram fotos que mostravam uma mulher, supostamente uma das cuidadoras, vestindo um véu preto e acompanhando a criança de cabelos compridos. 

As fotos, para muitos, tinham aparência sinistra. 

A reportagem publicada pelo Times também noticiou: “Sabe-se que a criança disse a sua mãe que quando a ela foi dada sua comida italiana favorita para levar para casa, a mãe adotiva não permitiu que ela comesse porque o molho à carbonara continha bacon”. 

Incorreções

O Guardian publicou que algumas das imagens utilizadas pela mídia britânica e estrangeira em suas reportagens podem ter sido alteradas. 

A mensagem da publicação original era clara – e críticos afirmam ser islamofóbica – no sentido de que as autoridades britânicas estavam colocando uma criança em risco, que uma menina branca e cristã estava sendo forçada a assimilar uma cultura e uma religião estrangeiras por cuidadores muçulmanos. 

“Esta é uma menina branca de 5 anos. Ela nasceu nesse país, fala inglês como sua primeira língua, ama futebol, possui um passaporte britânico e foi batizada em uma igreja”, disse uma amiga da mãe da menina ao Times. 

O chefe de reportagem investigativa do Times, Andrew Norfolk, citando um arquivo ao qual ele havia tido acesso, reportou que a família adotiva da menina de 5 anos removeu “o colar dela, que tinha uma cruz cristã, e sugeriu que ela deveria aprender árabe”. 

O jornal noticiou que a menina contou à sua mãe que a família adotiva disse a ela que “o Natal e a Páscoa são estúpidos” e que “as mulheres europeias são estúpidas e alcoólatras”. 

A reportagem dizia que a família adotiva da menina não falava inglês

Resposta do Conselho

O Conselho de Tower Hamlets, o escritório de governo do bairro que está supervisionando o caso de custódia, emitiu uma declaração na terça-feira (29/08) que atentou para as informações alegadamente incorretas publicadas pela mídia. 

A porta-voz do conselho disse, “Mesmo que não possamos entrar nos detalhes de um caso que possa identificar a criança em cuidados adotivos, há informações incorretas nas reportagens a respeito. Por exemplo, a criança está de fato acolhida por uma família mestiça falante de língua inglesa nessa guarda temporária. Nós gostaríamos de dar mais detalhes sobre, mas somos legalmente impedidos”. 

O conselho continuou: “Nossos cuidadores são pessoas qualificadas de diferentes origens, com vasta experiência nos cuidados de crianças. Eles representam a configuração diversa de nosso bairro, que é um local onde pessoas de todas as origens se dão bem umas com as outras”. 

Na quarta-feira, um juiz da vara da família no leste de Londres, Khatun Sapnara, decretou que a criança deve agora viver com sua avó.

Tradução de Maíra Santos
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