Lola Ogunyemi é a modelo negra da polêmica campanha da Dove| Foto: Reprodução

Uma das maiores marcas de produtos de higiene pessoal do mundo, a Dove foi amplamente criticada nos últimos dias por lançar, nos Estados Unidos, uma campanha publicitária acusada de ser racista. A peça, que divulgava um sabonete líquido, apresenta uma mulher negra que retira sua camisa escura e em seu lugar surge uma mulher branca com roupas claras. Após a repercussão, a marca publicou um pedido de desculpas no Facebook e retirou a propaganda do ar. A modelo negra que participou do anúncio Lola Ogunyemi, relatou, em entrevista ao jornal The Guardian, que as imagens que circularam nas redes sociais foram mal interpretadas, mas admitiu que a marca deixou muita coisa de fora, que poderia ter melhorado a narrativa da propaganda.

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Lola é uma mulher nigeriana, nascida em Londres e criada em Atlanta, nos Estados Unidos. Segundo a modelo, desde muito nova, ela ouvia pessoas dizendo que era muito bonita para uma menina de pele escura. Historicamente, e em muitos países ainda hoje, modelos negras são usadas para demonstrar a eficiência de iluminação da pele de um produto. 

Durante sua trajetória, Lola viu essa narrativa repressiva afetar mulheres da comunidade da qual fez parte. Foi por esse motivo que, quando a Dove ofereceu a ela a chance de ser o rosto da campanha, a modelo aceitou. Para ela, essa seria a oportunidade de representar suas irmãs de pele escura e lembrar ao mundo que elas são lindas e, acima de tudo, valorizadas. 

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No entanto, quando acordou com a mensagem de um amigo perguntando se a mulher em um post era ela, Lola ficou impressionada ao saber que tinha se tornado “um cartaz involuntário para propaganda racista”. “Era perturbador”, disse ao The Guardian. Seus amigos começaram a entrar em contato para saber se estava tudo bem. 

Experiência positiva

Apesar da repercussão negativa em torno da campanha, Lola relatou que a experiência que teve com a equipe Dove foi positiva. Segundo ela, todas as mulheres envolvidas na filmagem entenderam o conceito e o objetivo geral: usar as diferenças para destacar o fato de que toda a pele merece gentileza. 

Para a modelo, as imagens que circularam nas redes sociais foram mal interpretadas, considerando o fato de que Dove enfrentou uma reação no passado pelo mesmo problema. Mas também admitiu que a marca deixou muita coisa de fora, que poderia ter melhorado a narrativa da propaganda. 

Quando o primeiro comercial de TV de 30 segundo foi lançado, ela disse que seus amigos e familiares adoraram,  todos estavam lhe parabenizando por representar uma ‘Black Girl Magic’.

Após se ver no meio da polêmica, Lola argumentou que os “anunciantes precisam olhar além da superfície e considerar o impacto que suas imagens podem ter, especificamente quando se trata de grupos marginalizados de mulheres”. Para ela, é necessário que os anunciantes examinem o conteúdo, para que além de ouvido, seja valorizado. 

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Mesmo concordando com o pedido de desculpas da Dove, Lola acredita que eles poderiam ter “defendido a visão criativa da campanha ao incluí-la como rosto de sua campanha”. Ela afirmou que não é apenas uma vítima silenciosa de uma campanha de beleza ‘equivocada’. Mas que é forte, linda e não será apagada.

Colaborou: Isabelle Barone