A Neuralink, um dos empreendimentos de Elon Musk, o homem mais rico do mundo, anunciou na segunda-feira (25) que recebeu aprovação para testar seus implantes cerebrais em pacientes com perda de movimentos para que possam controlar um braço robótico com seus pensamentos.
O teste da empresa, que foi fundada em 2016, é para seu implante cerebral N1, uma “interface cérebro-computador” invisível após ser inserida no crânio dos pacientes. O dispositivo, do tamanho de uma moeda, tem um revestimento compatível com o organismo e uma pequena bateria que pode ser recarregada por indução do lado de fora, como se faz em celulares modernos. Ele contém chips e 1024 eletrodos distribuídos em 64 fios que leem os sinais dos neurônios e os transmitem para um aplicativo por uma tecnologia parecida com o WiFi e o Bluetooth.
“Este é um importante passo final na direção de restaurar não apenas a liberdade digital, mas também a liberdade física” para os pacientes, disse a Neuralink no X, rede social de propriedade de Musk.
A empresa ainda não publicou detalhes a respeito do braço robótico que será utilizado nos testes.
O ano produtivo da Neuralink
Em 29 de janeiro, a Neuralink anunciou que havia implantado seu primeiro chip cerebral em um humano, nove meses após receber aprovação da FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, para o início dos estudos em pessoas.
Em março, esse participante de estudo, Noland Arbaugh, que é tetraplégico desde um acidente com lesão na coluna cervical, exibiu ao mundo a capacidade de mover um cursor em tela de computador pelo pensamento e jogou xadrez. “É como usar a força”, disse ele, fazendo alusão à série cinematográfica “Star Wars”. “A única limitação é ter que esperar para recarregar a bateria. É incrível. Não é perfeito, mas já mudou a minha vida”.
Em maio, Arbaugh perdeu temporariamente o controle do cursor porque alguns dos 64 fios haviam perdido conexão com seu cérebro. A solução da Neuralink foi aumentar por algoritmo a sensibilidade dos fios que mantiveram o contato.
Em julho, a empresa disse que estava pronta para implantar um segundo chip cerebral e, em agosto, informou que o segundo receptor, Alex, que sofre de uma lesão na medula espinhal, conseguia controlar uma variedade de dispositivos eletrônicos com a mente para jogar videogames e até mesmo projetar objetos em 3D. Cuidados foram tomados para evitar o problema de desconexão observado em Arbaugh.
Há uma semana, a Neuralink recebeu autorização para lançar o primeiro teste de seus implantes cerebrais no Canadá. O teste foi aberto a pessoas com tetraplegia causada por esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou lesão da medula espinhal cervical.
A novidade, agora, é a aplicação direta em controlar um braço robótico. Há precedentes no feito: em 2008, um macaco controlou um braço robótico para alimentar a si mesmo em um laboratório da Universidade de Pittsburgh. Em 2012, um estudo da revista Nature relatou ter tido sucesso em permitir a duas pessoas paralisadas por acidente vascular cerebral o controle de braço robótico para pegar objetos através do pensamento. Uma das pessoas conseguiu servir café a si mesma pela primeira vez em 14 anos. Outro estudo de 2016, em uma revista do grupo Science, relatou que um paciente com lesão na coluna restaurou a sensação do tato com um implante cerebral e um braço robótico.
Com informações da Agência EFE.
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