Desde junho deste ano, seis membros do Departamento de Polícia de Nova York (NYPD) se suicidaram| Foto: Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/diegoparra-2935776/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=1531277">Diego Fabian Parra Pabon</a> por <a href="https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=1531277">Pixabay</a>

Desde junho deste ano, seis membros do Departamento de Polícia de Nova York (NYPD, na sigla em inglês) se suicidaram, elevando o total de 2019 para oito. Isso representa um aumento acentuado dentro do departamento, que tem uma média de quatro a cinco suicídios por ano. O aumento fez muitos se perguntarem como conter essa tendência perturbadora. Eu não pretendo ter as respostas, mas espero que essas mortes levem à reflexão sobre a realidade muitas vezes sombria de um policial. Devemos nos perguntar se a postura crítica que tantos tomaram (em Nova York, em particular) em relação à polícia nos últimos anos reflete o verdadeiro entendimento dessa realidade.

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Quando perguntados sobre o que imaginam ser a parte mais difícil de ser policial, muitas pessoas dizem que primeiramente pensam no risco de enfrentar situações perigosas — perseguir um suspeito em um beco escuro, ser baleado ou derrubar uma porta, sem saber quem (ou o que) está do outro lado. Mas os policiais experimentam uma variedade de incidentes intensos e traumáticos que podem pesar tão fortemente em suas emoções e psiques; por exemplo, imagine o horror de assistir à cena de um acidente de carro no qual crianças pequenas foram mortas.

Em 2013, os pesquisadores publicaram um estudo no International Journal of Stress Management, examinando a relação entre "incidentes críticos" e a saúde mental dos policiais. Descobriu-se que tais episódios estão associados tanto ao uso de álcool quanto aos sintomas de Transtorno de Stress Pós-traumático (PSTD, na sigla em inglês). “Incidentes críticos” incluem uma série de experiências que policiais — entre outros socorristas — podem encontrar, incluindo “criança maltratada”, “cadáver em decomposição”, “notificação de morte” e danos ou ferimentos.

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De acordo com um estudo publicado pela The Ruderman Family Foundation, “uma pesquisa com 193 policiais de departamentos de polícia de pequeno e médio porte” descobriu que “o número médio de eventos presenciados por policiais era de 188” ao longo de suas carreiras. Outro estudo descobriu que aproximadamente 80% dos policiais participantes “relataram ter visto cadáveres e vítimas agredidas com violência no ano passado”, enquanto 63% tinham visto crianças vítimas de abuso. Mais de 64% relataram ter visto vítimas de um grave acidente de trânsito. Quase 40% viram alguém morrer na frente deles no ano anterior.

O público e a mídia entendem a realidade do trabalho policial?

A polícia não parece pensar assim: de acordo com uma pesquisa com policiais americanos em 2016, apenas 13% acreditam que “o público entende os riscos e desafios que os policiais enfrentam no trabalho”. Mais de 75% dos policiais acreditam que a mídia trata a polícia injustamente. Instâncias de má conduta policial existem, é claro, e elas justificadamente levam ao escrutínio público e à condenação; mas devemos resistir à tendência de permitir que esses eventos moldem a forma como vemos a polícia de maneira mais ampla.

Vimos como as pessoas tratam a polícia com desdém. Às vezes são xingados; às vezes, são agredidos fisicamente. Ou pode vir na forma de uma diatribe antipolícia lançada por um intelectual na televisão.

Muitos pedem que policiais e promotores levem mais em conta o trauma sofrido por suspeitos de crimes. Talvez seja a hora de os nova-iorquinos — que colhem os benefícios de um declínio nos crimes que já foi considerado praticamente impossível ​​— fazer o mesmo com nossos policiais.

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Rafael A. Mangual é editor colaborador do City Journal e vice-diretor de política legal do Manhattan Institute.

©2019 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês