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Jovem ucraniana carrega uma vela em frente a um muro com os nomes de aldeias extintas como resultado da fome causada pela União Soviética durante a cerimônia de luto pelo Holodomor em Kiev, Ucrânia, no dia 26 de novembro de 2011.
Jovem ucraniana carrega uma vela em frente a um muro com os nomes de aldeias extintas como resultado da fome causada pela União Soviética durante a cerimônia de luto pelo Holodomor em Kiev, Ucrânia, no dia 26 de novembro de 2011.| Foto: EPA/SERGEY DOLZHENKO

Washington está ganhando uma novidade vital no seu arquipélago de museus nos próximos dias: o Museu de Vítimas do Comunismo. Criado pela Fundação em Memória das Vítimas do Comunismo (VOC), ele abrirá as portas para o público na próxima segunda-feira.

O Museu das Vítimas do Comunismo será o único do tipo no mundo que explica o passado do comunismo junto com sua influência na Europa, Ásia e América do Sul. Lee Edwards, cofundador e presidente emérito da fundação, disse à National Review que “vemos o museu como uma pedra angular do programa e campanha educacionais no país. Vemos como uma parte importante da nossa missão de educar os jovens americanos... sobre a história, o legado e a ideologia do comunismo”. Lee ressaltou que a VOC tem uma agenda política clara: “Sentimos que, uma vez que tenhamos cumprido isso, teremos a oportunidade de fazê-los entender que não vão querer votar em socialista e que o comunismo não só é ruim, mas malévolo”.

Para Edwards, a meta de educar os jovens americanos a respeito do comunismo é bipartidária. A VOC procura tanto os Democratas quanto os Republicanos em Washington. Embora Edwards não veja o comunismo como uma ameaça iminente aos Estados Unidos agora, ele propôs que suas variantes estão em ascensão: “Quando eu leio que 70% dos millenials [jovens de cerca de 25 a 40 anos] votariam em um socialista, é um mau sinal. Devemos agir agora para estancar isso. O jeito de fazê-lo é educar não apenas os alunos, mas também os professores”. Nessa verve, a VOC tem um programa que educa os professores a respeito de como instruir os alunos sobre o comunismo. Edwards pensa que é vital alcançar os jovens antes que cheguem à universidade. Ele também mencionou que a VOC pediu que [o governador da Flórida] Ron DeSantis sancione o projeto de lei H.B. 395, que declara 7 de novembro o “Dia das Vítimas do Comunismo” e acrescenta ao currículo escolar do governo americano cursos que ensinam aos estudantes a respeito dos regimes comunistas ao redor do mundo e os seus líderes. “É muito importante. E estamos dando prosseguimento a isso e conversando com outros governadores e conselhos estaduais de educação para fazerem a mesma coisa”, disse Edwards.

A dra. Aldona Z. Wos, ex-embaixadora dos Estados Unidos na Estônia e conselheira da VOC, que viveu sob o comunismo na Polônia, explicou a importância de educar os jovens americanos hoje: “Precisamos saber dos fatos sobre as políticas falidas do comunismo de forma a não repetir esses erros no futuro”. Wos deu o exemplo de quando o governo comunista polonês subsidiou a vodca, fazendo com que um litro de vodca fosse mais barato que um litro de leite. A intenção era manter a população bêbada, diminuindo assim a probabilidade de fazer resistência. Wos também lembrou a escassez de comida que ela enfrentou quando menina na Polônia: “Quando eu era adolescente na Polônia e voltava para casa da faculdade de medicina, e parava no supermercado para comprar algo para comer, encontrava as prateleiras vazias. Havia racionamento de comida... As prateleiras eram vazias em um país agrícola que ajudava a alimentar a si mesmo e o resto do mundo.”

A primeira galeria que os visitantes verão quando entrarem no museu tem o tema da revolução. A galeria explica o Manifesto Comunista, a Revolução Bolchevique e a ascensão de Vladimir Lênin ao poder na Rússia.

Depois os visitantes entrarão na segunda galeria, onde o tema é a repressão. Ela “te dá uma ideia do indivíduo”, disse Elizabeth Spalding, vice-presidente da VOC e diretora fundadora do Museu das Vítimas do Comunismo. Essa galeria cobre a era de Joseph Stálin, dos anos 1920 até a 2ª Guerra Mundial. Expostos em suas paredes estão três grandes painéis de vítimas do comunismo: duas das três vítimas foram executadas por julgamentos de fachada. Do outro lado, os visitantes ficam diante de fotos das vítimas mais jovens do comunismo. Um dos meninos mostrados foi vítima do Holodomor, o genocídio de Stálin contra a Ucrânia que matou de fome de 3,3 a 3,9 milhões de ucranianos. Em uma das paredes, há um vídeo sobre o sistema de gulags nos países comunistas. O propósito do filme, segundo Spalding, é enfatizar o fato de que o gulag — uma rede de campos de trabalhos forçados onde os presos muitas vezes trabalhavam até morrer — não foi exclusivo da União Soviética, mas também foi usado por outros países comunistas como a China (que ainda tem campos de trabalhos forçados até hoje).

Por fim, os visitantes adentram a terceira galeria na qual o tema é a resistência. Ela cobre a era pós-Segunda Guerra até o presente. Os visitantes leem sobre as campanhas assassinas de Mao Zedong, a Primavera de Praga e “Os Campos de Morte do Camboja”, entre outras peças de exibição. O público aprenderá sobre as vidas daqueles que estão vivendo sob o comunismo hoje. Os visitantes terão a oportunidade de usar uma tela interativa que os guia pelas escolhas diárias que as pessoas que vivem em países comunistas hoje são forçadas a fazer e as consequências de suas escolhas.

Merita McCormack, que fugiu da Albânia comunista, falou com repórteres durante a pré-estreia do museu e descreveu suas experiências quando vivia sob a repressão comunista. McCormack disse que ela não podia votar, mudar-se para uma nova casa ou ir para a escola de sua preferência porque o seu avô era um kulak — um dos fazendeiros relativamente ricos que sofreram discriminação pelos comunistas. A casa da família da mãe dela foi confiscada pelo governo:

“Era agressão política diária. A gente saía na rua e meus colegas de escola diziam para nós ou para outras pessoas que não merecíamos estar ali. Basicamente, a minha vida mudou para sempre... Era um lembrete constante diário de que não éramos bem-vindos, que éramos más pessoas, que não éramos ninguém.”

McCormack lembrou que quando ela veio para os Estados Unidos em 1994, viu políticos na televisão repetindo propaganda que soava exatamente o que ela ouvia na Albânia. Ela expressou frustração que a ameaça do comunismo não tenha a devida atenção nos Estados Unidos hoje. Como os americanos podem se defender dessas ideologias? McCormack põe esse ônus nos pais, para que eduquem os seus filhos, mas também diz que as liberdades fundamentais — de expressão, de religião — devem ser respeitadas.

“Contem as histórias sobre o comunismo e lutem... Não devemos ter medo de dizer a verdade”, disse ela.

É o que o museu busca fazer. E seria difícil para qualquer jovem americano idealizar o comunismo depois de uma visita.

©2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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