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| Foto: Khaled Desouki/AFP

O papa Francisco defendeu a irmandade e a caridade contra o extremismo, neste sábado, diante de milhares de fiéis em um estádio no Cairo, sob um grande dispositivo policial, três semanas após atentados contra a minoria cristã no Egito.

O pontífice argentino, em visita desde sexta-feira ao Egito para promover a paz e a união entre muçulmanos e cristãos, considerou durante a missa que a verdadeira fé é a que leva “a viver a cultura do encontro, do respeito e da irmandade”. Isto consiste em “ver no outro não um inimigo que deve ser vencido, mas um irmão que deve ser amado”, insistiu. Pois “o único extremismo admitido pelos que creem é o da caridade! Qualquer outra forma de extremismo não vem de Deus e Ele não gosta!”, concluiu o pontífice.

Cerca de 15 mil fiéis participaram da cerimônia religiosa, segundo o Vaticano, em um estádio com capacidade para 30 mil pessoas na periferia do Cairo. Apesar do grande dispositivo de segurança com helicópteros e centenas de policiais e militares do Exército, a missa foi celebrada em um ambiente caloroso. O papa de 80 anos deu uma volta pelo estádio, sorrindo, em um carro elétrico sem a capota, parando para beijar grupos de crianças vestidas com trajes dourados inspirados no Egito antigo.

Missa

Ao som de músicas religiosas, Francisco subiu à estrutura montada para a celebração da missa. Sua homilia foi feita em italiano e traduzida para o árabe.

Desde o início da manhã, os fiéis se locomoveram de ônibus e passaram pelo controle policial para chegar ao estádio. Freiras com o hábito de sua ordem religiosa, famílias, homens de terno, jovens vestidos de jeans, padres ortodoxos e católicos, além de idosos, se encaminhavam para entrar no local. “Gosto do papa, ele sorri, se envolve, é bonito. Suas palavras são fortes e me atingem”, explicou Wessam Adel, um escoteiro de 21 anos.

A concentração religiosa reuniu diante do papa todos os ritos católicos do país, especialmente as igrejas copta, armênia, maronita e melquita. Francisco ainda se reuniu, neste sábado, com os futuros sacerdotes de um seminário copta-católico no Cairo, antes de deixar o Egito.

A viagem do papa ocorre três semanas após o grupo extremista Estado Islâmico (EI) executar dois ataques contra igrejas coptas ortodoxas que deixaram 45 mortos.

Discriminação

Fervoroso defensor do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, Francisco se reuniu na sexta-feira, em particular, com o papa copta ortodoxo Tawadros II. Os dois líderes religiosos fizeram uma oração na igreja de São Pedro e São Paulo, onde um terrorista suicida matou 29 pessoas em 11 de dezembro.

Muitos cristãos no Egito se sentem discriminados, afirmando que suas convicções, que aparecem nos documentos de identidade, impedem que ascendam a postos-chave. O país conta com a maior comunidade cristã do Oriente Médio e os extremistas ameaçam aumentar os ataques contra os coptas, que representam cerca de 10% dos 92 milhões de egípcios.

Diante do presidente Abdel Fattah al-Sisi, na sexta-feira, o pontífice pediu respeito “incondicional” aos direitos humanos, citando a “liberdade religiosa e de expressão”, em um momento em que o presidente do país é acusado por seus críticos de não tolerar nenhuma voz opositora.

Francisco é o o segundo papa que vai ao Egito na era moderna – 17 anos atrás, o país foi visitado por João Paulo II.

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