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A adesão do PT à agenda de ativistas LGBT que atacam a família tradicional cresceu muito nos últimos anos.
A adesão do PT à agenda de ativistas LGBT que atacam a família tradicional cresceu muito nos últimos anos.| Foto: Divulgação/Partido dos Trabalhadores

Em meio a ataques feitos à posição pró-vida adotada pela maior parte dos brasileiros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também afirmou nesta terça-feira (5) que “a pauta da família, pauta dos valores, é uma coisa muito atrasada”.  A afirmação, feita num evento promovido pela Fundação Perseu Abramo e uma ONG alemã, está longe de ser um lapso do líder petista e constitui, na verdade, convergência com aquilo que o Partido dos Trabalhadores (PT) tem priorizado nos últimos anos. Como veremos ao longo deste texto, documentos publicados pela sigla, bem como ações judiciais movidas pela equipe jurídica do partido em cortes superiores, apontam que a preocupação com trabalhadores de baixa renda perdeu espaço para a agenda LGBT, o lobby das clínicas de aborto e outras pautas identitárias, normalmente financiadas pela elite do progressismo ocidental.

Convicções da Gazeta: o valor da família

Mas a fala de Lula não apenas agride o senso de moralidade da maioria dos brasileiros, como também está equivocada de muitas outras formas. Para os que reconhecem a existência de um direito natural, é simplesmente impossível a instituição da família perder importância com o passar do tempo, mas nem sequer é necessário aderir a essa visão de mundo para concluir o quanto a defesa da família é um tema atual e até ascendente.

Em janeiro, um levantamento publicado pelo PoderData revelou que o apoio ao casamento gay caiu no Brasil, indo de 51% em janeiro de 2021 para 45% em janeiro deste ano. A mesma pesquisa mostra que os brasileiros que declaram se opor ao casamento de pessoas do mesmo sexo aumentaram de 33% para 39%. O número dos que não souberam responder permaneceu estável, em 16%. Foram ouvidas três mil pessoas em 501 municípios de todos os estados do país.

A própria eleição de 2018, da qual um conservador saiu eleito, é outra evidência do quanto os temas morais são relevantes para os brasileiros. Durante a campanha, o então candidato Jair Bolsonaro foi o único a investir intensamente em pautas de costumes, como a denúncia de materiais didáticos que promoviam erotização infantil ou o excesso de conteúdo sensual em telenovelas. Ainda que seja equivocado afirmar que a vitória ocorreu apenas por causa desse discurso, muitos analistas daquele pleito apontaram esse aspecto como um elemento importante para o resultado obtido.

Outra amostra do quanto o brasileiro considera as pautas relacionadas à família e valores morais é composição do atual Congresso, no qual parlamentares de perfil conservador são mais numerosos do que aqueles que defendem explicitamente pautas progressistas nos costumes. Mesmo entre os moderados, é difícil achar quem se arrisque a dizer que “a pauta da família é atrasada”, como Lula fez, dado o conhecido risco de perder considerável número de eleitores com tal afirmação.

Além disso, a própria Constituição de 1988 diz que “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”, entre vários outros trechos que tratam desde o casamento à educação dos filhos. Como todo presidente da República está submetido ao que a Constituição estabelece, afirmar que a pauta da família é “atrasada” não faz muito sentido, ao menos não para um presidente democrático.

Sexo na adolescência e poliamor

A obsessão do PT contra costumes tradicionais é notória. No final de 2020, quando o ministério da Muher, da Família e dos Direitos Humanos propôs uma campanha de iniciação sexual tardia como parte das estratégias de prevenção à gravidez na adolescência, a bancada do PT no Congresso surtou. Intitulada “Tudo tem seu tempo: adolescência primeiro, gravidez depois", a ação tinha o objetivo de sensibilizar adolescentes, pais e responsáveis sobre os riscos de uma gestação não programada, mas para o PT a medida era moralista, invasiva e um desperdício de dinheiro público, independentemente dos estudos que embasavam o sucesso de campanhas semelhantes em outros países.

O senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde de Lula, foi um dos que mais atacou a iniciativa, distorcendo e ridicularizando seus objetivos: “O governo que nega o aquecimento global e diz que a Terra é plana vai lançar uma campanha para acabar com o sexo entre jovens”, tuitou o senador, que é defensor do aborto como solução para os casos de gravidez na adolescência.

A monogamia é mais um componente da família tradicional que incomoda os amigos de Lula. Em maio de 2021, outro ex-ministro da Saúde das gestões petistas, Alexandre Padilha (PT-SP), requereu uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a equiparação da união poliafetiva - também chamada de “poliamor” ou “trisal” - à união estável, de modo que os cartórios e todo o direito civil no país passassem a reconhecer oficialmente a possibilidade de relação conjugal entre três ou mais pessoas. Na justificativa do requerimento, o deputado afirmou que “não cabem juízos prévios de conteúdo moral das outras pessoas para impor impeditivos a essas novas formas de organizações familiares. Esses são fatos da vida”

Linguagem neutra

Mais revelador, contudo, é o fato de que o PT de hoje não limita sua hostilidade à família tradicional somente ao papel. No mês de julho desse ano, o partido de Lula deu um passo a mais rumo ao radicalismo da ideologia de gênero ao entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para defender o uso da linguagem neutra em instituições públicas e privadas de ensino, ou seja, a substituição de palavras da língua portuguesa que se refiram a masculino e feminino por termos inexistentes na norma culta, mas que, segundo seus defensores, seriam mais inclusivos, como “ile é amigue”, no lugar de “ele é amigo” ou “ela é amiga”.

Para os defensores mais extremistas dessa vertente, os pais e mães que registram seu filho como menino ou menina logo que nascem cometem um erro, pois quem deveria escolher o gênero seria a própria criança, logo que tivesse condições para tal. Segundo eles, uma solução adequada para não precisarem dizer se um bebê é menino ou menina seria a adoção de certidões de nascimento que viessem com a opção “gênero não binário”.

Adesão à pautas lacradoras

Um militante do PT que tivesse entrado em coma em 1989 e recobrasse a consciência nos dias atuais teria dificuldades em reconhecer a agremiação. Essa transformação fica evidente quando se compara o plano apresentado pelo PT na primeira eleição presidencial que disputou, em 1989, e o último documento com propostas de governo publicado pelo partido, lançado em 2020 e intitulado Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil.

No documento de 2020, o texto adere a todos os padrões terminológicos sugeridos por entidades que militam pela agenda LGBT. O PT atual fala, por exemplo, em criar um “Sistema Nacional de Enfrentamento a LGBTQI+fobia” e estabelece como meta o “reconhecimento das identidades de gênero e suas expressões” num capítulo intitulado “os novos alicerces do país necessário”.

Em contraposição, em 1989 o partido seguia à risca o que hoje a militância da esquerda chamam de cis-heteronormatividade, referindo-se sempre de forma binária aos sexos, como no trecho em que menciona “plena cidadania cultural e política de homens e mulheres” ou quando se refere a preconceitos na educação, mencionando apenas “preconceito sexual e racial”. Naquele tempo, o uso ambíguo da palavra “gênero” ainda não havia caído no gosto dos progressistas, fato comprovado pela total ausência da palavra, inclusive no capítulo dedicado às mulheres.

A renovação no vocabulário do partido também envolveu o abandono da palavra “operário”, que aparecia 17 vezes no texto que norteou a primeira disputa presidencial da qual o PT participou. No plano mais recente, o termo foi completamente esquecido, não sendo encontrado nem uma única vez.

Chama a atenção também o fato de que naquele antigo documento, o capítulo dedicado de modo mais direto a temas sociais, o termo “minorias” só aparece três vezes em 27 páginas e, mesmo assim, em todas as situações em que é usado refere-se de modo pejorativo àquilo que o partido chamava de minorias privilegiadas, ou seja, os mais ricos. Também não constam termos como “misoginia” e “sociedade patriarcal”, tão comuns no discurso da esquerda contemporânea.

Raiz antiga

Embora seja inegável que os ataques do PT à instituição familiar tenham se intensificado nos últimos 20 anos, a origem ideológica desse ódio é bem mais antiga e remete à Escola de Frankfurt, criada por intelectuais comunistas na década de 1920, mas que se manteve ativa por muitos anos, tendo como alguns dos principais formuladores de estratégias para a destruição da família nomes como Antonio Gramsci (1891-1937), Georg Lukács (1885-1971) e Herbert Marcuse (1898-1979).

No livro 'Cadernos do Cárcere', Gramsci afirma que a nova frente de batalha da revolução deveria ser a cultura, começando pela família tradicional e absorvendo por completo as igrejas, as escolas, a grande mídia, o entretenimento, as organizações civis, a literatura, a ciência e a história. Essas instituições deveriam ser transformadas radicalmente e a ordem social e cultural teria que ser gradualmente subvertida de modo a colocar o "proletariado" no topo.

Em resumo, eles reconheciam na instituição familiar a primeira e primordial entidade moral na vida de um homem. Portanto, partindo do ponto de vista materialista e revolucionário, para ruptura total da sociedade com o cristianismo, com o capitalismo, e para o alcance da hegemonia cultural marxista, era fundamental desacreditá-la e deformá-la enquanto instituição, de modo que a família deixasse de ser o núcleo básico da sociedade, abrindo espaço para que a ideologia que propunham, e somente ela, fosse a formadora de consciências da humanidade.

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