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Instituições filantrópicas estão menos preocupado em arrecadar fundos para suas ações de caridade e mais em contratar equipes marcadas pela diversidade.
Instituições filantrópicas estão menos preocupado em arrecadar fundos para suas ações de caridade e mais em contratar equipes marcadas pela diversidade.| Foto: Pixabay

Para aqueles preocupados com a influência do politicamente correto na filantropia, tenho boas e más notícias. A má notícia é que isso já é um fato. Independentemente do tamanho das organizações, a pauta da igualdade racial e do identitarismo é onipresente. A boa notícia é que essas ideologias estão tão distantes da realidade que pode pôr fim a muitas dessas organizações.

Ano passado, bilhões de dólares foram doados para a causa da igualdade racial. De acordo com uma matéria da Associated Press, US$ 12 bilhões (equivalente a 61 bilhões de reais na cotação atual) em contribuições foram “empenhados para a questão racial” em 2020. Uma pesquisa recente do Center for Effective Philanthropy, envolvendo 800 fundações, descobriu que 75% “tinham dado início a medidas para apoiar organizações sem fins lucrativos que atendem a pessoas de cor”. E de acordo com Ellie Buteau, vice-presidente de pesquisas do Center for Effective Philanthropy, as fundações estavam “tentando aprender mais sobre racismo” e “promovendo a reflexão interna” quanto às contratações e arrecadações de fundos.

Na verdade, para muitas organizações a ordem da vez não é apenas atender às causas progressistas, independentemente da missão da instituição. A ordem da vez é mudar completamente a forma de fazer negócios. Um artigo recente, publicado no Chronicle of Philanthropy, dizia que, “para que as fundações descolonizem a filantropia, precisamos criar diversidade na arrecadação de recursos”. O autor escreveu ainda que “atualmente, as estratégias de arrecadação têm como alvo homens brancos, héteros e idosos. (...) Se você está administrando uma organização voltada para a saúde infantil em Atlanta, por exemplo, deve ter como doadores não só velhos brancos, mas também afro-americanos e mulheres, a fim de refletir a comunidade”.

Se você acha que homens brancos, héteros e idosos são os que têm dinheiro sobrando, faz sentido para sua organização pedir a eles um pouco desses recursos. Mas agora parece que a questão de cor é mais importante do que a financeira para a saúde das crianças de Atlanta.

Pegue a notícia recente, publicada no Chronicle of Philanthropy, de que as organizações sem fins lucrativos agora estão contratando e desenvolvendo equipes sem levar em conta a capacidade delas de arrecadarem fundos. Um exemplo disso é C. Nathan Harris, contratado recentemente para arrecadar fundos no Oregon Food Bank. Na entrevista de emprego, perguntaram se ele já tinha desenvolvido alguma estratégia inovadora para a arrecadação de fundos. A resposta dele foi: “Minha estratégia é dar menos ênfase aos objetivos financeiros como medida do sucesso dos responsáveis pela arrecadação e mais ênfase às relações humanas com os doadores”.

Essa atenção às relações humanas com os doadores não tem nada de inovadora no mundo da arrecadação de fundos. Mas Harris aparentemente descreveu sua filosofia usando a letra de uma canção do musical Rent: “Como você mede um ano de vida? Como você mede o amor?” Desde que assumiu o cargo, Harris se pôs a fazer com que sua equipe “se sentisse melhor”, mesmo que à custa do trabalho de realmente arrecadar dinheiro. Afinal, para ele o mais importante é reunir uma equipe diversa. “Se administrarmos a equipe levando em conta o resultado financeiro, isso dá origem a uma profissão menos diversa, hostil às mulheres e que gera casos de burnout”, diz Harris.

Mario Lugay, diretor de inovação da Justice Funders que ajudou o banco de alimentos com essa estratégia, disse ao Chronicle que a atenção demasiada às doações faz com que doadores de origens raciais diversas não recebam a mesma atenção do que os doadores brancos.

Pode ser, mas o objetivo das instituições filantrópicas deveria ser a obtenção de apoio a causas específicas, e não fazer com que os doadores se sintam bem. Alguém poderia argumentar que isso é óbvio, ainda mais quando se trata de pedir dinheiro a um banco de alimentos. Mais doações significa o poder de alimentar mais pessoas. Não faz diferença se o dinheiro foi doado por brancos ou negros.

Mas até mesmo as organizações com os objetivos mais explícitos podem ser cooptadas. E o Oregon Food Bank já não busca mais apenas alimentar as pessoas. Ele também espera se tornar um “lar político” para seus doadores. Esse tipo de missão pervertida acabará prejudicando essas instituições, porque não só muitos dos doadores não têm objetivos políticos como também buscam resultados tangíveis e notícias de sucessos das organizações para as quais dão dinheiro.

A ideia de que eles ficariam felizes em saber que o banco de alimentos talvez não distribua tanta comida, mas tem uma equipe mais diversa, parece a muitos autoindulgente, para não dizer absurda. Mas essa moda está pegando. Claro que a maioria das organizações não confessa que está instruindo a equipe a não focar tanto nas metas financeiras. Mas estão gastando muito dinheiro contratando equipes diversas, promovendo treinamentos sobre sensibilidade a temas políticos e substituindo todo o material de publicidade para que eles expressem sua visão politicamente correta. Isso pode até chamar a atenção para instituições que não apoiam essa bobagem toda. Mas muitos doadores verão isso como uma causa geral que eles não querem apoiar – e não é difícil entender por quê.

Naomi Schaefer Riley é membro do American Enterprise Institute e do Independent Women’s Forum. James Piereson é membro do Manhattan Institute.

©2021 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês 
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