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Begoña Gómez, esposa do presidente do governo e secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez
Begoña Gómez, esposa do presidente do governo e secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez| Foto: EFE/ Juan Carlos Hidalgo

A viagem de Javier Milei à Espanha gerou tensões diplomáticas quando o chefe de Estado argentino, após sofrer uma série de ataques do presidente espanhol, Pedro Sánchez, lembrou que a sua esposa, Begoña Gómez, está sendo investigada por “corrupção” e “tráfico de influência”.

“As elites globais não percebem o quão destrutivo pode ser implementar as ideias do socialismo (...), mesmo tendo a mulher corrupta, se suja e tira cinco dias para pensar sobre isso”, afirmou Milei na convenção organizada pelo partido espanhol Vox, no domingo (19), em Madrid.

Desta forma, o economista liberal referiu-se à pausa de cinco dias que Sánchez decidiu fazer no final de abril para refletir sobre o seu possível pedido de demissão, depois que o caso de sua mulher tornou-se público.

Após o discurso do presidente argentino, Sanchez publicou um vídeo em sua conta do X (ex-Twitter) e exigiu que Milei retificasse as suas declarações. “Espanha e Argentina são dois países irmãos cujos povos se amam e se respeitam. Entre governos, o afeto é gratuito, mas o respeito é inalienável ”, escreveu Sánchez.

Por sua parte, o líder libertário recusou realizar qualquer pedido de desculpas. “Não vou me desculpar”, disse ao canal de televisão argentino TN. Milei afirmou que tem sido “sistematicamente” atacado por membros da equipe de Sánchez, que o chamaram de “fascista” e o acusaram de “ingerir substâncias”.

Na terça-feira (21), a Espanha retirou definitivamente a sua embaixadora em Buenos Aires, María Jesús Alonso Jiménez. Minutos depois do anúncio, em entrevista concedida ao canal LN+, o presidente argentino chamou Sánchez de “socialista fatalmente arrogante”. Milei disse que “todas as queixas e ataques partiram dele [Sánchez] e de seu governo antes das eleições” e que ”sua posição é incentivada pelo kirchnerismo para gerar problemas internos”. O economista também sugeriu um “bom advogado para Begoña, porque tem muitos casos em que é suspeita de tráfico de influência”.

A investigação contra Gómez

O Tribunal de Instrução n.º 41 de Madrid, em 16 de abril de 2024, iniciou uma investigação pela alegada prática dos crimes de tráfico de influência e corrupção empresarial contra Begoña Gómez após receber uma denúncia da organização Mãos Limpas (Manos Limpias, em espanhol). O processo de investigação foi declarado sigiloso, conforme informou uma nota do Superior Tribunal de Justiça de Madrid.

A denúncia da organização baseou-se em oito publicações da mídia sobre os negócios entre Gómez e empresas privadas, entre as quais se destacam a Globalia e a Air Europa, que receberam fundos e contratos públicos do atual Governo.

De acordo com o jornal El Confidencial, Gómez teria mantido uma série de reuniões com Javier Hidalgo, CEO da Globalia, empresa proprietária da companhia aérea Air Europa, que foi resgatada pelo Governo com empréstimos no valor de 615 milhões de euros em 2020.

No mesmo período, o Centro África do Instituto de Empresa Universitário (IE), então dirigido pela esposa do Presidente, assinou um acordo de patrocínio com a Globalia de 40 mil euros ao ano, que incluía a entrega de 15 mil euros anuais em voos de primeira classe para Gómez e sua equipe.

A organização Mãos Limpas sublinhou também que a Air Europa tinha uma dívida com o Tesouro de 55 milhões, o que a impede de receber nova assistência até que a dívida seja liquidada, ou pelo menos celebre um plano de pagamento com o governo.

Por sua vez, Gómez também teria realizado uma carta de recomendação a favor de uma União Empresarial Temporária (UTE) formada por duas empresas privadas. Um dos seus principais accionistas foi o empresário Carlos Barrabés, que se identifica como colaborador das ligações entre Begoña e Air Europa.

Essa carta de recomendação ajudou as duas empresas a ganhar um contrato governamental de 7 milhões de euros. Logo, Gómez assinou uma segunda carta de recomendação de Barrabés para a adjudicação de um segundo contrato, neste caso por 4,4 milhões de euros.

Em sua denúncia, Mãos Limpas afirma que Begoña, “aproveitando-se” da relação com o marido, teria recomendado ou endossado “por meio de carta de recomendação com sua assinatura aos empresários que participassem de concursos públicos”.

Mãos Limpas é uma organização que se apresenta como um sindicato espanhol de funcionários públicos. Foi fundada na década de ‘90 com o propósito declarado de combater a corrupção na Espanha.

Quem é Begoña Gómez

Begoña Gómez nasceu em 1975, em Bilbao, no País Basco. Estudou marketing na ESIC Business & Marketing School de Madrid, e depois concluiu o mestrado em administração de empresas, com especialização em captação de recursos para organizações não governamentais.

Em 1999, começou a trabalhar como assessora de entidades e empresas como Amnistia Internacional, Intermón Oxfam, Deutsche Bank e Old El Paso. Por mais de 18 anos atuou como consultora de estratégia e formação de equipes no Grupo Inmark, até 2019.

Gómez exerceu como diretora da Cátedra Extraordinária de Transformação Social Competitiva e da Diretoria de Angariação de Recursos Públicos e Privados em Organizações Sem Fins Lucrativos, na Universidade Complutense de Madrid.

Por sua vez, a esposa de Sánchez dirigiu o Centro África do Instituto de Empresa Universitário (IE) entre 2018 e 2022, onde teriam ocorrido as irregularidades denunciadas pela organização Mãos Limpas.

Gómez e Sánchez se casaram em 2006. A mulher acompanhou a ascensão política do marido e sempre buscou não se expor muito na mídia. Juntos tornaram-se pais de duas filhas adolescentes chamadas Ainhoa ​​​​e Carlota.

Na Espanha, a companheira do chefe de governo não é considerada primeira-dama, carecendo, portanto, de cargo público ou cargo oficial. Contudo, Gómez, já acompanhou Sánchez em cerimónias oficiais, como o jantar de gala da Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) em Madrid e a Cúpula do G-20 em Bali, na Indonésia.

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