Angariadora há sete anos, Graziele Correa conta que teve dificuldades no início por falta de pessoas conhecidas no mercado| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Como funciona

Entenda o relacionamento das imobiliárias com donos de imóveis e clientes.

Proprietário

- Se você tem um imóvel e quer alugar ou vender via imobiliária, veja os passos a seguir.

- Depois de entrar em contato com a administradora, a imobiliária vai enviar alguém para ver o imóvel e passar o valor baseado na localização, no valor do condomínio, se é mobiliado, se esta mobília é nova, entre outros fatores.

- Com a avaliação pronta, é feito o contrato administrativo. Por um período, cerca de 90 dias, a empresa divulga o local e espera algum contato. Se após este tempo o proprietário não desejar mais deixar o imóvel na imobiliária, ele deve avisar. Este período não reflete custo ao dono do local.

- Locado o imóvel, o primeiro aluguel é da imobiliária pelo custo de divulgação e comissão dos funcionários (taxa de intermediação). Depois, cerca de 10% do aluguel é dado à imobiliária para administração. O inquilino paga o imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) e seguros, como contra incêndio. A imobiliária garante a parte jurídica. Se o inquilino deixa de pagar o aluguel, o proprietário também não recebe, porém quem se preocupa com a inadimplência é a empresa.

Cliente

- Se você quer alugar ou comprar um imóvel via imobiliária, veja os passos a seguir.

- O primeiro passo é visitar o imóvel e fazer a reserva junto à imobiliária. Nesta reserva, o interessado paga a taxa de reserva que pode variar de dois a sete dias de aluguel, dependendo da administradora.

- Durante este período, o interessado deve buscar a documentação (RG, CPF, documentos do cônjuge se for casado, comprovante de endereço atual – contas de água, luz, telefone ou algum comprovante de consumo – comprovante de renda, e documentos do fiador). O fiador pode ser parente, desde que a fonte de renda não seja vinculada à do locatário.

- Um método muito usado hoje é o uso do seguro fiança. Caso o locatário não tenha fiador, ele pode pedir o seguro que é pago todo ano. O beneficiado é o proprietário do imóvel, caso algo aconteça, mas o locatário pode requisitar serviços de encanador, chaveiro, entre outros.

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Para garantir uma lista extensa de imóveis disponíveis tanto para locação quanto para venda, as imobiliárias não esperam os clientes chegarem até elas. Os house hunters – ou angariadores de imóveis, em bom português – vão às ruas atrás de placas de "aluga-se" ou "vende-se", ligam para os interessados e tentam convencê-los de que a melhor forma de oferecer o imóvel no mercado é por meio de um administrador.

Graziela Correa é angariadora da imobiliária Galvão e todos os dias corre atrás dos interessados em alugar ou vender. Segundo ela, o trabalho começa lendo os jornais, vendo as placas nas ruas e ligando para possíveis clientes. "A gente usa alguns meios, fala sobre a empresa, pergunta para o cliente se ele já trabalhou com uma imobiliária, conta os benefícios e então ele diz se aceita ou não. Caso dê certo, a gente agenda uma visita", explica. Além disso, a angariadora afirma que ter contatos é o ponto fundamental.

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"Hoje eu tenho bastante contato, trabalho com locação e com venda. Quando comecei era difícil, não conhecia ninguém, não era minha área. Além de a gente não conhecer as pessoas, muita gente não queria deixar o imóvel pela falta de experiência. É importante sempre dar o seu cartão em qualquer evento que você vá. Hoje muitas pessoas me procuram por indicação. Tem gente que eu conheci há três, quatro anos e que ainda me procuram", aponta.

Os porteiros também são grandes aliados dos angariadores na hora de conseguir um imóvel. De acordo com Graziela, eles conhecem os prédios e podem dar todas as informações sobre quem está locando, quem está vendendo, quem está saindo, entrando. "Eles são uma peça fundamental. Eu sempre faço parceria com porteiros conhecidos da cidade e sempre deixo revistas, folders nas portarias".

Graziela relata que não é fácil conseguir um imóvel eque os clientes argumentam muito antes de aceitar qualquer oferta. "Falam que não querem por causa das taxas, o primeiro aluguel que fica com a imobiliária, por exemplo. Dizem que é muito caro, que já têm advogado cuidando disso, que é um trabalho desnecessário pagar o primeiro aluguel. Às vezes não querem porque já têm um interessado em vista." Ainda assim, todo mês, entre 70 a 75 pessoas buscam a imobiliária e, destas, 50 já fecham negócio.

Na imobiliária Gonzaga, cerca de 80% das casas e apartamentos administrados vieram através dos angariadores. Para a coordenadora de uma das equipes de house hunters, Maria Goreti Guollo, o campo da angariação é financeiramente gratificante. "Você faz o seu salário. Os angariadores recebem um salário fixo mais a comissão e ajuda de custo, vale transporte, assistência médica, entre outros", explica.

Com três equipes de seis a 10 pessoas, Maria relata que o acompanhamento é diário e os house hunters têm características próprias para a atividade. "São pessoas dinâmicas, que já trabalharam na área de venda, que têm o feeling para a venda. Tem que ser pessoas que conversem bastante, de bom astral", descreve.

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Sem preocupação

Confiança é a base do relacionamento com administradora

Quando a família da dentista Naura Lacerda decidiu morar em Brasília, ela optou por deixar o apartamento nas mãos de uma imobiliária para não se preocupar. "Como a gente morou em um imóvel, que depois compramos, que era alugado por uma imobiliária, quando fomos embora achamos melhor passar o apartamento para uma administradora que já era conhecida. Sabíamos como era o trabalho deles", relata.

Segundo ela, a família não quis alugar direto com os interessados porque não conheciam ninguém e, se fosse assim, só conhecendo muito bem a pessoa. "Alugar pela imobiliária é bom pela segurança. Eles cobram uma taxa, mas não é nada que pese no orçamento. Eles pegam o IPTU do locatário, pagam direitinho, depositam o dinheiro todo mês", argumenta a dentista.

O engenheiro de materiais Marcos Furstenberger também optou pela imobiliária quando teve que alugar um imóvel em Curitiba. Segundo ele, o que norteou a escolha da administradora foram os comentários que ele leu na internet sobre as imobiliárias. "Na verdade eu tinha escolhido outra imobiliária. Mas vi os comentários ruins na internet sobre ela e decidi pela outra que meu avô já conhecia e tinha feito negócio", completa.

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Sem intermediários

Negócio direto com proprietário oferece locação sem fiador

Há quem prefira a locação direta com o proprietário pelos diversos benefícios. Há cerca de um mês, a engenheira Fernanda Henneberg veio morar em Curitiba e teve dificuldades para achar um apartamento compatível com o orçamento e o tempo que ficaria na cidade. Ela optou pelo contrato direto com o proprietário, que garantiu o aluguel de três meses com renovação automática para mais três. "Imobiliária dificulta muito a locação, porque pede fiador e o tempo para locar é de, no mínimo, um ano. Fui a algumas imobiliárias em Curitiba, mas foi bem complicada a negociação".

Devido aos benefícios de alugar direto com o interessado, a aposentada Rosalia Fabian não colocou a propriedade em nenhuma imobiliária. Segundo ela, tanto negociando via imobiliária quanto direto com os interessados há riscos para o proprietário, mas ela decidiu arriscar. "Como é com pessoas idôneas, com referências, não tem problema", explica. A aposentada conta que o contrato que utiliza é o mesmo vendido em livrarias e não pediu nenhum fiador para facilitar. "A gente preencheu os dados, reconheceu a firma em cartório. E como são pessoas idôneas, não vi problema nenhum. Não pedi fiador, quem assina é o responsável. Na imobiliária a gente se depara com tantas dificuldades, assim é mais fácil", diz.