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A bancária Adriane Weldt mora sozinha em um apartamento no Bacacheri, na região norte de Curitiba, mas paga o mesmo valor da conta de água cobrado em qualquer outra unidade residencial do condomínio onde mora. A situação se repete na grande maioria dos condomínios verticais brasileiros: independente do número de moradores e do consumo de cada apartamento, o valor da conta é o mesmo para todos.

O problema é motivado pela utilização de um sistema que, embora ultrapassado, é de longe o mais usual. Ele baseia-se na medição do consumo de água de todo o condomínio por um único hidrômetro, o que não permite distinguir o quanto cada apartamento gastou, fazendo com que a conta seja dividida igualmente e gerando muitas reclamações. "O mais chato é pagar pelo desperdício alheio, pois, por mais que eu me esforce para economizar, se os outros não fizerem o mesmo, o esforço acaba sendo em vão", protesta Adriane.

O conflito no rateio da conta d’água e a necessidade de racionalizar o consumo deste importante recurso natural estão fazendo com que cresça a procura pelos sistemas de medição individual de água nos apartamentos, expediente apontado por especialistas como a solução do problema. Assim, a antiga reivindicação pelo pagamento do que efetivamente se consome parece finalmente estar surtindo efeito, graças ao desenvolvimento das técnicas e dos equipamentos hidráulicos e à ajuda da legislação.

Segundo José Cattani Xavier, gerente de marketing do Grupo Actaris, multinacional especializada na fabricação de produtos e sistemas de medição de consumo de água, o anseio pela instalação de medidores separados para os apartamentos parece aumentar simultaneamente nos grandes centros do país. "As grandes cidades do Brasil já têm leis obrigando o uso de hidrômetros individuais em construções novas, ou pelo menos um projeto de lei tramitando nesse sentido", ressalta.

Em Curitiba não é diferente. Em março deste ano foi sancionado o decreto 293/2006 (em vigor desde a sua publicação), que regulamenta a Lei Municipal 10.785, criada com o objetivo de instituir medidas que induzam ao uso mais racional da água. Entre estas medidas está a obrigatoriedade da instalação de hidrômetros individuais em todas as unidades residenciais, condicionando a liberação do alvará de construção à inclusão do equipamento no projeto de cada nova obra.

A medida não agrada apenas ao condôminos. Para Luiz Carlos da Silva, gerente comercial da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), isto racionaliza o consumo, reduz o conflito do rateio na conta de água e desestimula o comodismo. "É comum alguns pensarem que o esforço deve ser sempre do outro. A partir do momento em que se cobra pelo que foi realmente consumido, as pessoas tomam a iniciativa e não esperam mais que o outro reduza primeiro, pois isso mexe com a economia dela, e não com a do vizinho", diz.

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