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Até seis anos atrás Terezinha Aparecida de Jesus era como a maioria dos outros moradores de seu condomínio: não tinha idéia de como o antigo síndico administrava as contas, já que dificilmente participava das assembléias. O desconhecimento só tornou a surpresa maior quando ela descobriu que o fornecimento de água do residencial, localizado na Cidade Industrial de Curitiba, havia sido suspenso e, pior, que as dívidas já somavam R$ 30 mil. Como o antigo administrador abandonou o cargo e o apartamento onde morava, Terezinha decidiu arregaçar as mangas e literalmente vestir a camisa em prol do condomínio: planejou como pagar a conta de água de R$ 11 mil, os encargos dos funcionários, luz e até mesmo a troca dos extintores, que há muito tempo estavam vencidos.

Mas sanear o balanço do condomínio não foi tarefa fácil. "Se não fosse o contato corpo-a-corpo acredito que dificilmente estaríamos com as contas em dia", afirma a síndica, que passou a visitar todos os vizinhos para tentar negociar as mensalidades em atrasado. Como não havia dinheiro em caixa, não existia a possibilidade de contratar uma empresa para ajudar na cobrança, e a solução foi parcelar a dívida dos inadimplentes, formalizando as prestações com notas promissórias. Outra medida foi aumentar a taxa em R$ 10 para tentar cobrir as despesas. "Era necessário um trabalho de conscientização junto aos condôminos, que acreditavam não ser importante o pagamento da taxa ou a presença nas assembléias. Em um ano e meio conseguimos acabar com as despesas e fazer com que as 36 antigas famílias que deviam taxas condominiais colocassem as parcelas em dia", explica.

O segredo para administrar com eficiência, diz Terezinha, está no bom senso. "Não posso sair cobrando dívidas sem ser flexível. Parcelei conforme as necessidades dos moradores e hoje sempre que alguém deixa de pagar entro em contato para saber o que aconteceu", conta. Um pouco de rigor também ajuda. Com respaldo da assembléia de moradores, o condomínio estabeleceu o corte individual de água para os inadimplentes. "Foi estipulado no regimento interno, com aprovação jurídica, que após três taxas atrasadas o morador deixa de receber água. É claro que sempre há primeiro a tentativa de se evitar esse tipo de atitude", salienta.

Depois que voltou a ter uma receita positiva para administrar, Terezinha também conseguiu implantar benfeitorias no residencial. Foram criados um salão de festas onde antes era o depósito de lixo, um bicicletário para acomodar as bicicletas que ficavam nos corredores e um alojamento para os funcionários. O estacionamento foi ampliado, e sobrou dinheiro até para pintar a área externa. "Nosso condomínio atual é de R$ 84,74. Temos um zelador para cuidar da manutenção, um guarda, um folguista, um contator e uma empresa que realiza a cobrança das taxas. Com esse número de funcionários conseguimos manter o valor estável mês a mês", explica. E ela recomenda: o síndico deve pensar antes nos condôminos, depois no condomínio. "Evitamos benfeitorias nos meses de novembro até março, já que muitos moradores gastam mais dinheiro com férias, carnaval e material escolar."

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