Edina Marahara, enfermeira: mesmo com o orçamento apertado, fez questão de contar com a ajuda de uma arquiteta| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Dicas

Um orçamento limitado não é motivo para abrir mão de uma decoração bonita. Confira algumas dicas dos profissionais ouvidos pela reportagem.

- A infraestrutura, como metais sanitários, louças, revestimentos e itens de iluminação, merecem um investimento, porque demandarão uma reforma maior em caso de substituição. A dica é pesquisar e embarcar nas promoções das grandes lojas de material de construção. Atenção à mão de obra. Pesquise e contrate profissionais de sua confiança e que garantam o serviço.

- Antes de comprar os móveis, cortinas, tapetes e objetos de decoração, pesquise em pontas de estoque, feiras, lojas de usados e, se puder, aguarde a troca de coleção do showroom das lojas, que normalmente ocorre nos meses de janeiro e fevereiro. Se já possui algum móvel, veja o que pode ser reaproveitado.

- Planeje por onde começar a decoração, siga um cronograma e dose os investimentos em cada item. Sem datas e prazos, corre-se o risco de adquirir peças desnecessárias, que podem destoar na decoração.

- Se não puder fazer tudo de uma vez, comece pela cozinha e banheiros, depois salas e quartos. Compre inicialmente os móveis maiores, depois passe para os tapetes e cortinas. Os objetos, que serão detalhes na decoração, deverão ser os últimos a serem comprados.

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Quanto custa?

Orçamento negociável

Embora a Associação Brasileira dos Designers de Interiores (ABD) e a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea) possuam tabelas de honorários para nortear a cobrança dos profissionais, não há valores de tabela definitivos e os arquitetos e designers costumam negociar com cada cliente.

Observando o mercado é possível encontrar projetos de decoração a partir de R$ 35 o metro quadrado, para casos de baixa complexidade, que não envolvam projetos de iluminação, por exemplo. Alguns profissionais preferem não fazer o cálculo por metro quadrado, fechando pacotes de acordo com a necessidade de cada cliente.

Já uma consulta com duração de algumas horas custa a partir de R$ 80 e é útil para ajudar a definir o tipo de mobiliário a ser usado, a disposição harmônica do espaço, as melhores cores de tintas e os materiais mais apropriados para acabamento.

Adaptações no projeto da arquiteta e recuperação de móveis antigos viabilizaram a decoração do apartamento de Andréa Penteado por um custo mais baixo
Perspectiva do projeto da arquiteta Juliana Cararo para o sobrado da enfermeira Edina Marahara
A recepcionista Andréa Lima comprou um apartamento antigo e está mobiliando aos poucos

Teto de gesso rebaixado, luz indireta, piso de porcelanato, luminárias assimétricas e armários planejados. Os itens da lista, que até pouco tempo figuravam apenas nas decorações de apartamentos de médio e alto padrão, passam a fazer parte da composição dos imóveis populares. Para fazer com que tudo caiba nos ambientes, o público da classe C adere também à contratação de profissionais de arquitetura e design de interiores.

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"Nos últimos cinco anos, esse perfil de consumidor descobriu as vantagens de ter um serviço especializado na hora de decorar a casa", comenta a vice-diretora da regional Paraná da Associação Bra­sileira de Designers de Interiores (ABD), Karin Brenner.

Dados da associação apontam que na última década o setor cresceu 500% e boa parte desse desempenho se deve a esse novo mercado, afirma o consultor de marketing da ABD, especializado em produtos para reforma e decoração, Ricardo Botelho. "Estamos assistindo ao despertar do mercado de decoração para a chamada classe C. Agora os profissionais, os fabricantes e as lojas precisam aprender a criar produtos e formas de atendimento dentro das condições dessas famílias, que têm mais acesso a informação e estão interessadas em mobiliar a casa com bom gosto", analisa.

Considerando números da Fundação Getúlio Vargas, as famílias dessa fatia do mercado recebem entre R$ 1.115 e R$ 4.807 por mês e representam 46% dos rendimentos de pessoas físicas. "São mais de 90 milhões de pessoas que gastam cerca de R$ 600 bilhões por ano. Não é uma cifra a ser desprezada pelo mercado de decoração", destaca Botelho.

Alguns profissionais despertaram para essa realidade e estabelecem formas de contrato que atendem às necessidades dos clientes. "Essas famílias, normalmente, não fazem a decoração da casa toda de uma só vez. Acabo fazendo o projeto por partes", diz a arquiteta Juliana Cararo, que há dez anos busca atender clientes nessa faixa de renda. "Para baratear os projetos, a alternativa é misturar materiais econômicos e investir em alguns produtos nos detalhes", afirma.

Sonho

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A enfermeira Edina Marahara comprou um sobrado na planta no bairro Xaxim há dois anos. Dos R$ 140 mil pagos pelo imóvel, R$ 100 mil foram financiados em 25 anos. O imóvel ficou pronto há pouco mais de dois meses e a mudança foi feita há 15 dias. "Como usei toda a economia para a entrada, a decoração da casa está sendo feita devagar", relata. Edina mora com a mãe e o filho de 15 anos.

Mesmo com o aperto, ela não abriu mão de um antigo sonho. "Sempre quis a supervisão de um profissional na decoração para ter a casa com bom aproveitamento de espaço e com tudo combinando."

Juliana foi contratada para fazer o projeto luminotécnico e de mobiliário do primeiro piso da casa, composto por uma sala, para dois ambientes, cozinha e lavabo. O preço do contrato foi de R$ 2.500 e incluiu a orientação para a compra dos materiais, além de consultorias por telefone para dúvidas que surgiam durante a execução. "Ela (Juliana) ajudou a encontrar boas soluções de iluminação e um excelente preço de porcelanato", comenta Edina, que parcelou o pagamento para a profissional em três vezes, "mas poderia ser em até cinco", diz.

A previsão é gastar cerca de R$ 20 mil com móveis e decoração. A cozinha foi feita com móveis planejados (por R$ 4.800) e os móveis da sala estão encomendados e custarão cerca de

R$ 7 mil. "Fiz vários orçamentos e a Juliana ajudou a encontrar uma marca de qualidade e com bom preço", diz.

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A coordenadora do Curso de Design de Interiores da UniCu­ritiba, Micheline Marcos, explica que as indústrias de móveis planejados lançaram marcas com acabamentos menos refinados que custam menos da metade dos produtos premium e recomenda ainda recorrer à marcenaria, porém com acabamentos mais simples. "São formas de baratear um móvel de R$ 8 mil para até R$ 2 mil."

Reaproveitamento

Há casos em que é possível economizar aproveitando móveis e outros materiais que se tenha em casa em um novo projeto de decoração. "Os móveis de família, eletrodomésticos antigos, sobras de madeira e outros materiais podem ser usados na decoração. São soluções inteligentes e sustentáveis que um profissional ajuda a projetar", comenta a arquiteta e professora do curso Técnico de Decoração do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) Caro­line Afonso.

Esse é o caso de uma estante, com mais de 30 anos, transformada em cristaleira no projeto da sala da designer gráfica Andréa Pen­teado. Com uma pintura e acabamento em pátina, o produto foi repaginado. "Fiz essa e outras adaptações no projeto feito pela arquiteta (Juliana) e consegui adequar a decoração às minhas condições", relata.

Reaproveitar também está sendo a palavra de ordem no apartamento da recepcionista Andréa Posselt de Lima. Ela optou pela compra de um apartamento antigo, com cômodos amplos. A impossibilidade de preencher os 82 metros quadrados com móveis logo após a compra, há dois anos, obrigou Andréa a esperar e economizar. "Guardei dinheiro para fazer uma reforma completa e decidi contratar a consultoria de uma arquiteta. Imaginava que seria um orçamento exorbitante, mas paguei R$ 1.700 em três vezes", diz Andréa Lima.

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A arquiteta Patrícia Vertuan de Oliveira prestou a consultoria para a recepcionista e revela que nesse formato o preço é mais baixo e é possível resolver várias questões relacionadas à decoração. "Costumo fechar pacotes com algumas horas de consultoria. Caso o cliente precise estender o trabalho, negociamos no­­vamente. Assim não pesa no bolso", explica. Durante os en­­contros, o cliente pode apresentar suas ideias, mostrar o espaço disponível e sanar dúvidas para que o arquiteto ou designer de­­senvolva uma diretriz sobre a disposição do mobiliário e composição.