• Carregando...
“A prefeitura é vista de forma paternalista. Quando todos per­­ceberem que a res­­pon­sabilidade pela melhoria é de todos, não terá como segurar o desenvolvi­men­to.” Guilherme Takeda, arquiteto, urbanista e paisagista | Fotos: Divulgação
“A prefeitura é vista de forma paternalista. Quando todos per­­ceberem que a res­­pon­sabilidade pela melhoria é de todos, não terá como segurar o desenvolvi­men­to.” Guilherme Takeda, arquiteto, urbanista e paisagista| Foto: Fotos: Divulgação
  • Croqui do projeto de Takeda para a praça central de Anápolis, em Goiás, incluindo áreas comerciais e prédios públicos

O conceito de acupuntura urbana, com participação efetiva da população, é uma das soluções mais vantajosas para as cidades, na visão do arquiteto, urbanista e paisagista gaúcho Guilherme Takeda. Autor de mais de 800 pro­­jetos em 18 estados brasileiros, o profissional vem disseminando por todo o país a bandeira erguida pelo colega de profissão Jaime Lerner, ex-prefeito de Curi­­tiba e ex-governador do Pa­­raná. Em 2004, Lerner lançou o livro Acupuntura Urbana, no qual mostra que o planejamento é um projeto que gera transformações a longo prazo.Para Takeda, Curitiba tem bons exemplos de acupuntura ur­­bana, apesar de ainda ter lo­­cais que precisam de algumas ações de melhoria. Ele cita como um exemplo de caso concreto a revitalização da antiga pedreira onde fica hoje a Ópera de Arame. "Desde então é um ponto que as pessoas fazem questão de conhecer. A vantagem é que os habitan­tes gostam da cidade e esse tipo de planejamento tem muito mais repercussão do que em ou­­tros locais onde o sentimento não é o mesmo."

Em entrevista à Gazeta do Po­­vo, Takeda explicou como tem trabalhado o conceito, citou exem­­plos da ação pelo país e co­­mo a população pode ajudar na prática. Leia os principais trechos.

Como e por que foi implantado esse conceito na cidade de Aná­­polis, em Goiás?

Os moradores de lá não gostam de fazer compras na própria ci­­dade. É mais fácil encontrar a po­­pulação em um shopping em Goiâ­­nia, distante 50 quilômetros. Isso é uma total falta de amor pela cidade onde se vive, porque ela não oferece um local apra­­zível e a população chega ao ponto de não querer ficar nela. Com a ajuda de associações de moradores e usuários, trabalhamos diversas questões, como melhorias de trânsito, tratamento de calçadas, arborização e acessibilidade. Assim que foram localizados os problemas e mensuradas as necessidades da população, foi pro­­posto um projeto, junto com a Associação Brasileira de Ci­­men­­tos Portland (ABCP). O resultado é que o prefeito está para começar as obras em breve, com ações imediatas.

O que prevê o projeto e qual o seu prazo?

Não é um projeto imediatista, mas para 50 anos. Ele é bastante ousado, prevê estacionamento embaixo de praça, aumento de calçadas e instalação de esquipamentos de bares e restaurantes em áreas públicas. O objetivo é criar uma área central extremamente moderna para os moradores. Como segundo polo farmacêutico do Brasil e de relevante importância em termos de logística, por estar no centro do país, tem função econômica muito forte, mas, urbanisticamente, está feia.

No caso de Anápolis, a po­­pulação foi convocada a colaborar. Co­­mo os habi­­tan­­tes de outros locais podem re­­correr em caminho inverso?

Se levar para a prefeitura, en­­tra na burocracia. É possível criar uma revitalização em curto prazo com pequenas ações, apoiadas por empresas públicas e privadas. O principal passo é não co­­locar toda a res­­pon­­sabilidade so­­bre o poder pú­­blico. A prefeitura é vista de forma paternalista. Quando todos per­­ceberem que a res­­pon­sabilidade pela melhoria é de todos, não terá como segurar o desenvolvimento. Esse é o momento, porque o Bra­­sil vive um boom de crescimento.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]