Rua Riachuelo: concentração de lojas de mobiliários e eletrodomésticos usados| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

"A rua dos móveis usados". Essa é, provavelmente, a primeira imagem que vem à cabeça quando se fala na Rua Riachuelo, no centro de Curitiba. A explicação é simples: ao longo de suas cinco quadras, o comércio de mobiliários e eletrodomésticos usados é a principal marca. Mas não é a única. A rua é marcada também pelos imóveis antigos e dos mais diversos tipos – dos apartamentos às lojas de rua. Os preços, afirmam os corretores imobiliários, estão desvalorizados em relação às ruas vizinhas.

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Apenas algumas placas de comercialização imobiliária estão expostas na rua. Uma delas é de responsabilidade do corretor Sérgio Didone. O profissional está comercializando uma sala comercial de aproximados 100 metros quadrados para a locação. O aluguel cobrado será de R$ 850. Valor considerado por ele "fora da realidade". "Essa é uma das localizações mais privilegiadas da cidade. Esse imóvel está bem no miolo central, próximo a todas as facilidades possíveis", diz. O corretor não pede um valor mais alto com medo da demora na negociação.

O corretor Leandro Maciel Jr., da imobiliária Solar, passou recentemente por situação parecida. No fim do ano passado, o profissional vendeu um apartamento de 150 metros quadrados, próximo ao fim da via, por R$ 150 mil – cerca de R$ 1 mil o metro quadrado. "Ficamos quase um ano tentando vendê-lo, o preço inicial era R$ 200 mil." Assim como no caso anterior, Maciel Jr. afirma que os preços de comercialização na Riachuelo estão de 20% a 40% abaixo aos de ruas vizinhas, como a Avenida Barão do Rio Branco.

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Marginalização

Apesar de a explicação pelo descompasso nos preços passar pela idade dos imóveis, que em sua maioria tem mais de 30 anos, não é o principal motivo. A desvalorização, segundo os profissionais, deve-se principalmente a um velho problema que sempre assombrou a via e afastou clientes potenciais: a marginalização.

O comerciante Luiz Antônio Jamil, dono de uma lanchonete na via, conta que, durante a noite, a Riachuelo vira palco de prostituição e tráfico de drogas. "Isso ocorre há muito tempo. O pior local é próximo ao cruzamento com a Rua São Francisco", afirma. Mesmo com ações recentes da prefeitura, com a revitalização da área ao redor do Paço Municipal, troca da iluminação e policiamento reforçado, o comerciante ainda reclama de abandono. "Deveriam ser feitas ações diárias, para evitar que a rua volte a ser dominada pelos marginais."