A Lustoza fica na primeira quadra do calçadão da XV de novembro, próxima aos Correios.| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Inseridas ao cenário urbano, as galerias muitas vezes passam despercebidas por quem trabalha ou passeia pelo centro de Curitiba. Um olhar um pouco mais atento, no entanto, é suficiente para se notar que elas estão presentes em boa parte dos endereços tradicionais da cidade servindo não apenas de atalho ou de ponto comercial, mas como um exemplar da história urbana que sobrevive ao tempo.

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INFOGRÁFICO: Veja onde ficam as galerias do Centro de Curitiba

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São tantas as “passagens” em funcionamento que fica até difícil enumerá-las. Em um levantamento informal, a reportagem identificou 17 galerias na região central (confira no mapa ao lado). Só na Rua Marechal Deodoro são quatro delas, três com saída para a Rua XV de Novembro e uma para a Rua José Loureiro.

Pioneiras

As primeiras galerias de Curitiba teriam surgido no final da década de 1950, tendo como provável referência as grandes cidades brasileiras – como Rio de Janeiro e São Paulo. Estas, por sua vez, recebiam influencias diretas da Europa, como lembra o arquiteto Key Imaguire Junior. “O conceito das galerias é antigo, da França do século 19. Na Europa, até hoje há pontos extremamente prestigiosos e que tiveram uma evolução que, no Brasil, não aconteceu devido à chegada dos shoppings”, explica.

Para o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antonio Miguel Espolador Neto, as galerias representaram uma inovação para a capital ao promoverem a maior integração do comércio, seja no interior de seus corredores ou na união entre ruas distintas. “As galerias eram uma novidade. As pessoas podiam fazer compras, lanchar, tudo em um único local e com abrigo da chuva [como ocorre hoje com os shoppings]. Elas tiveram um importante papel para o comércio do Centro, pois criaram um novo conceito de varejo de rua”, avalia.

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Longevidade

A facilidade de se poder fazer tudo em um único lugar sem estar sujeito às intempéries do tempo e a localização das galerias estão entre os fatores que garantiram sua longevidade ao longo das décadas. Isso porque elas atraem um fluxo regular de pessoas que se habituam ao seu uso, o que é interessante para o comércio.

Outro ponto destacado por Fátima Galvão, vice-presidente de locação do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), é o fato de, na média, o custo da locação de um espaço dentro de uma galeria ser menor do que o das lojas de rua ou de shopping – que são maiores ou têm outras taxas embutidas no aluguel. Outra vantagem, de acordo com Carlos Eduardo Pereira, presidente da Rede Imóvel Fácil, é a maior segurança que elas oferecem aos lojistas quando a galeria está fechada, fora do horário de funcionamento.

“As galerias fazem parte da história de Curitiba e eu gostaria de ver mais espaços como estes. Elas ajudam a criar a paisagem urbana, além de aproximar as pessoas”, comenta Sérgio Póvoa Pires, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

Modelo está presente em novos empreendimentos

Nem só de espaços carregados de história vivem as galerias de Curitiba. Empreendimentos recém-entregues ou ainda em construção, em especial os de uso misto, têm dado destaque aos corredores comerciais em seus projetos, demonstrando que eles ainda têm espaço garantido na cidade.

Um deles é o Hub, entregue pela construtora Tecnisa no início de dezembro. Reunindo unidades corporativas e residenciais, o prédio tem uma galeria com 18 lojas, 3,37 mil m² de área total e cem metros lineares de circulação, que liga as ruas Amintas de Barros e XV de Novembro.

O diretor de negócios da construtora, João Auada Junior, conta que o objetivo foi o de apresentar uma espécie de releitura das galerias dentro de um conceito mais moderno, que prioriza a iluminação e a ventilação naturais do espaço.

Outra obra da construtora que contará com galeria é a do The Five East Batel. Com um mix de unidades residenciais, comerciais e hoteleiras, o empreendimento terá um corredor comercial com nove lojas, 2,68 mil m² de área total e 64 metros lineares de extensão, ligando as ruas Dr. Pedrosa e Nunes Machado. “Sou um entusiasta dos empreendimentos de uso misto, do fato de a pessoa poder morar, trabalhar e ter o comércio ao alcance dos pés. Isso é extremamente conveniente, pois evita os deslocamentos e facilita a vida das pessoas”, avalia Auada.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]