
Depois de chegarem a Curitiba e investirem pesado no nosso mercado, as “grandes” construtoras, em especial as de capital aberto, tem pisado no freio no que se refere à oferta de novos lançamentos, em um movimento contrário ao vivenciado no período do boom do setor.
Em 2015, o número de apartamentos residenciais lançados pelas empresas com atuação nacional caiu pela metade e somou 531 unidades na capital, ante a oferta de 1.091 imóveis colocados à venda em 2014.
O volume de novos empreendimentos apresentados ao mercado em 2016 é outro ponto que ilustra este cenário, no qual as empresas com atuação local seguraram os lançamentos. Até fevereiro, todos os 193 apartamentos colocados à venda eram de construtoras paranaenses. Os dados são da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).
Marcos Kahtalian, consultor de pesquisa de mercado da entidade, conta que este movimento de desaceleração teve início em meados de 2014 – período em que foram realizados os jogos da Copa do Mundo no Brasil –, ficando evidente no ano passado.
“Este fenômeno não está acontecendo apenas em Curitiba. As grandes empresas de capital aberto reduziram seus lançamentos em todo o Brasil em uma estratégia nacional de concentrar suas atividades em menos mercados”, acrescenta.
Para o consultor, o fato de boa parte destas construtoras trabalharem com imóveis de médio e alto padrões contribuiu para esta desaceleração, uma vez que estes foram os segmentos que tiveram maiores dificuldades relacionadas à obtenção de crédito, com recursos da caderneta de poupança, tanto para a produção quanto para o financiamento da compra pelo mutuário.
Os elevados níveis de estoque de algumas destas empresas também interferiram na decisão pela retração nas incorporações, uma vez que a ordem era a de geração de caixa, o que ocorre de forma mais significativa na fase de entrega das obras, como aponta Kahtalian.
“Olhando para o passado, estas empresas tiveram metas audaciosas de lançamentos e compra de terrenos. Na medida em que a velocidade de vendas foi caindo, isso expôs mais seus caixas, fazendo com que elas perdessem o fôlego”, acrescenta Luiz Gustavo Salvático, gerente regional do Grupo Plaenge.
Grandes que ficam
Nem todas as construtoras nacionais, no entanto, adotaram a estratégia de retrair seus investimentos na capital. Grandes empresas como Tecnisa, PDG e Cyrela mantêm suas atividades em Curitiba, algumas com lançamentos recentes.
É o caso da Cyrela, que está com o empreendimento Doc Castelo Batel – comercial voltado para a classe médica – em fase de pré-lançamento.
A diretora comercial da construtora na regional sul, Adriana Celestino, enfatiza que a empresa pretende continuar lançando na cidade, mas de forma mais orgânica e ordenada, com produtos que o mercado tenha capacidade de absorver. “Acreditamos no mercado de Curitiba e queremos permanecer nele”, resume.



