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Um estudo fotoetnográfico em 68 residências brasileiras, realizado por técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Social (Senai) de dez estados do país, mostra o que a população realmente quer em sua casa. O resultado está no livro Desejos & Rupturas – Referenciais do Mobiliário (foto), lançado este mês. O objetivo, explica o designer Demetrius Cruz, do Senai Rio de Janeiro, é mostrar que são os próprios consumidores que ditam as tendências. Cruz destaca a criatividade dos brasileiros e o reaproveitamento de móveis verificados durante o estudo pelo país, geralmente com função diferente da proposta inicial. "O que se oferece no mercado está muito igual e não desperta desejo das pessoas, por isso elas preferem adaptar", diz. Cruz aponta a falta de mobiliário específico para imagens sagradas de qualquer religião ou crença, por exemplo. "A presença destes objetos ficou muito evidente na pesquisa. Geralmente são racks ou estantes, que foram desenhados para televisores e acabaram recebendo a imagem de um santo em cima."

O design das indústrias tem o costume de basear as criações no que está vendendo mais, avalia o designer e consultor do Senai/RJ, Bernardo Senna. "Nem sempre representa fielmente o desejo do consumidor porque, às vezes, o produto adquirido é apenas o melhor produto disponível, não necessariamente o mais adequado para sua realidade e procura", diz.

Fotoetnografia

O método fotoetnográfico surgiu na sociologia e está ganhando espaço no marketing. Algumas grifes de roupas europeias fotografam os clientes que entram em suas lojas, para entender melhor seu perfil e evitar erros nas futuras coleções. No caso do livro Desejos & Rupturas, um dos objetivos é incentivar o processo de criação e pesquisar mais sobre seu público-alvo, possibilitando designs que tenham mais compatibilidade com a identidade do consumidor.

O designer Neymar Leonardo dos Santos, do Senai da Bahia, destaca que não há pretensão de chegar a um perfil ideal do consumidor, inclusive porque a sociedade está em constante mudança de hábitos e preferências. "A ideia é demonstrar que este tipo de pesquisa pode trazer muitos aspectos a serem explorados mercadologicamente e gerar diferenciais à indústria, desde que ela esteja disposta a ousar."

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