Cadeira Macunaíma, um dos marcos na trajetória de Ronaldo Rego na área de design de mobiliário| Foto: Sabrina Foggiatto/Divulgação

Uma parceria entre os cursos de Design e de Jornalismo da Uni­versidade Positivo resultou na produção do livro "Entrevista Coletiva – Memória do Design no Paraná", organizado por Re­­nato Bertão, Antonio Razera Neto e Alexandre Castro. A escolha dos profissionais homenageados na publicação se deu a partir da iniciativa histórica do designer Ivens Fontoura que, em 1991, or­­gani­zou em Curitiba a exposição Pio­neiros do Design no Paraná. "Exis­­tem vários exemplos de su­­cesso que poderiam fazer parte desse livro, mas optamos por fo­­car a questão da memória do de­­sign, até por percebermos uma carência de informação bibliográfica sobre os pioneiros e as origens do design", diz Renato Ber­tão, coordenador dos cursos de Design de Moda e de Design – Pro­­jeto Visual na Universidade Positivo.

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O livro resgata a trajetória dos profissionais Guilherme Bender, Jorge de Menezes, Ronaldo Rego e Rubens Sanchotene, por meio de entrevistas que foram transcritas para contar suas histórias a partir do ponto de vista deles mesmos. "Nosso foco foi colher os depoimentos pa­­ra registro em linguagem informal e, futuramente, queremos lançar novos volumes, com a participação de outros profissionais", revela Bertão. O organizador do livro ressalta ainda a importância do projeto não só para os alunos e profissionais da área, mas para a sociedade. "São profissionais que colaboraram para construir nossos referenciais e ajudaram na projeção do design no Paraná. Mui­­tos alunos que participaram da produção ficaram até surpresos em conhecer detalhadamente a trajetória de quem co­­meçou a fazer a história do design em nosso estado e que continuam contribuindo de alguma forma, seja na área de ensino ou diretamente no mercado."

Homenageados

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Ronaldo Rego sempre teve o design presente desde o início de sua carreira, inclusive, agora, na atuação como paisagista. Junto a um grupo significativo de artesãos de Curiti­ba ajudou a promover a pioneira feira na Praça Zacarias nos anos 1970. A experiência com o artesanato e o desenho nessa época levaram a uma de suas primeiras experiências com o design, no início do curso de Ar­­quitetura, com a produção da cadeira Macunaíma, que passou por várias adaptações posteriormente. O profissional chama a atenção para a relativa distorção que pode ocorrer quando se fala em design, principalmente de produtos. "O termo está elitizado, há exagero no conceito quanto ao valor econômico. Uma peça em que se considera a aplicação do design, como uma cadeira, custa muito mais. É preciso encarar o design como uma necessidade estética, mas também econômica. A preocupação com a escolha e uso do material, menor custo de produção e funcionalidade também são importantes", enfatiza.

O trabalho com o design para produção de peças em larga escala faz parte das atividades de Gui­­lherme Bender, que ressalta a importância do profissional estar compromissado com todos os aspectos do produto, desde a prospecção, criação, venda, solução de embalagens, logística de transporte até o uso efetivo. Aspectos que se sobressaíram em experiências profissionais nas quais participou da criação de projetos de móveis para casas, escritórios, hospitais, cinemas, entre outros.

Para os profissionais homenageados, o livro é uma forma de reconhecimento pelo trabalho e pela contribuição para o desenvolvimento do design no Paraná, com destaque para a im­­portância do registro histórico. "Ainda não fiz tudo o que deveria fazer, estou em plena atividade. É muito cedo para reconhecimento. Embora faça parte da história, ainda não terminei mi­­nha contribuição", diz Bender.

O arquiteto, designer e professor Rubens Sanchotene seguiu carreira na área de design visual e se diz apaixonado por marcas, que, na sua opinião, são a essência de uma imagem corporativa. "Se a marca for boa, ela poderá perdurar por muitos e muitos anos. Em al­­guns casos, ela pode funcionar bem por um tempo e depois ser reformulada, mas, se é mal concebida, é preciso fazer uma nova sem considerar nada da antiga", diz Sanchotene. Um exemplo de seu trabalho é a marca desenvolvida por ele e o então sócio Ariel Stelle, em 1971, para a Companhia de Sa­­neamento do Paraná –Sanepar, usada até hoje.

A trajetória de Jorge de Me­­nezes, também no design visual, tem como destaque o trabalho desenvolvido para a Copel e o Ba­­nestado na década de 1970. Os projetos são considerados pioneiros, considerando a formalização e padronização da identidade visual. "Criatividade não basta. A marca deve ser original, memorável, marcante e emocional. Exige do profissional dedicação e experiência", comenta.

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Serviço:

O livro "Entrevista Coletiva – Memória do Design no Paraná" está disponível na versão online no site www.up.com.br/memoriadodesign