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A primeira obra do autor lançada no Brasil custa R$ 50, em média | Divulgação
A primeira obra do autor lançada no Brasil custa R$ 50, em média| Foto: Divulgação
  • Paul Goldberger é um dos mais importantes críticos de arquitetura em atividade

Os arquitetos desaprenderam a fazer cidades e ruas. A opinião é do crítico de ar­­quitetura da revista The New Yorker, articulista do The New York Times e vencedor do prêmio Pulitzer de 1984, Paul Goldberger. Ele esteve no Brasil em novembro, para um seminário sobre os desafios da arquitetura e o lançamento do livro A Relevância da Arquitetura, pela editora Bei, no qual ataca a questão, destrinchando as falhas do modernismo, que serviu, na visão dele, para fazer edifícios-escultura, mas ignorou as complexidades da trama urbana das metrópoles. "So­­mos capazes de construir prédios extraordinários, mas não sabemos organizar cidades e seus edifícios mais comuns."

Goldberger veio em companhia do curador de arquitetura do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) por 15 anos, Terence Riley, que compartilha da opinião. "Todos estão falando em sustentabilidade, quando o assunto deveria ser vitalidade", diz. As análises de Goldberger e Riley vêm no desfecho de um ano que teve exemplos de sobra para repensar o papel do espaço público na vida de cidades em pleno terremoto político e financeiro. "Da praça central no Cairo (Egito) a Wall Street (Nova York), tudo aconteceu no espaço público", diz Riley. "Nem o twitter nem o facebook conseguem emular o espaço real e tirar da arquitetura seu papel de moldura da existência pública e privada."

Tanto que essa moldura agora está no centro do debate, com arquitetos voltando esforços para pensar, além do prédio, a forma como ele se encaixa no tecido urbano, fugindo do aspecto de cidades como colcha de retalhos. "Em boa parte do século 20, pensamos nos prédios que ficam em primeiro plano e esquecemos o pano de fundo", fala Goldberger. "Temos arranha-céus e museus de arte, mas as ruas são mais importantes do que os prédios."

Na visão dele, Brasília é um exemplo de cidade feita como cenário, pensando só nesse primeiro plano. "É uma enorme coleção de belos objetos, mas eles não compõem uma cidade real", afirma.

Isso não quer dizer que o legado modernista deva ser descartado. Arquitetos concordam que a filosofia e os preceitos do movimento que marcou o século passado estão voltando repaginados à arquitetura. "A estética modernista é mais forte agora do que era há 25 anos, mas há um novo entendimento surgindo e mais respeito pelo cenário urbano", diz Goldberger.

Arquitetos como Frank Gehry e Norman Foster são apontados como expoentes desse novo modernismo. "Não é um retorno. É mais uma redescoberta do movimento, turbinada por uma nova ideia de sensibilidade", comenta Riley.

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