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Em dezembro de 2004, o personal trainer Clovis Kotaba procurava um apartamento para morar. Acabou encontrando um bom negócio. O empreendimento que se encaixava nas características desejadas por ele – um edifício da construtora LN no Juvevê, bairro da região central de Curitiba – havia sido lançado pouco tempo antes. O prédio só ficaria pronto em dois anos, mas atraía pelas condições oferecidas. "Compensou. Um mês depois já tinha subido R$ 10 mil", afirma Kotaba.

Para adquirir o apartamento, o professor de educação física deu uma entrada, já pagou a maior parte das 24 parcelas e agora se prepara para quitar o saldo devedor. "O que me atraiu foi a possibilidade de fazer uma programação financeira", diz. E esse é um dos motivos apontados por empresários e clientes como atrativo para este tipo de negócio. "A compra na planta permite um planejamento. Fica mais fácil até de se preparar para pagar a decoração do imóvel", explica o diretor do grupo LN, Luiz Rodrigo Santos. A preocupação procede: os móveis da cozinha, por exemplo, podem custar de R$ 3 mil até R$ 30 mil ou mais, dependendo do padrão.

Outra vantagem é a possibilidade de personalizar o imóvel com custo menor. No caso de Kotaba, o apartamento de um quarto está ganhando ares de loft graças à integração entre o quarto e sala. Na planta, os ambientes eram separados por uma parede, que nem sequer foi construída a pedido do personal trainer. "No lugar, vou colocar uma porta de correr", diz. Como é de praxe atualmente entre as construtoras, os elementos da planta original retirados do imóvel podem ser revertidos em "créditos" para o comprador, que escolhe onde aplicá-los.

Mesmo com estas vantagens, ainda há uma classe de compradores que resiste ao negócio na planta formada por aqueles que viram de perto o que aconteceu com os clientes da Encol. O caso da falência da construtora, que foi uma das maiores do país e deixou milhares de mutuários a ver navios quando quebrou, ainda é lembrado. "Conheço gente que só comprou apartamento no meu prédio quando faltava pouco para a construtora entregar, por medo", diz o engenheiro Márcio Valente Cunha.

Cunha, que é paulista e veio para Curitiba em 2001 como executivo de uma multinacional, vive com a esposa em um apartamento do edifício Le Corbusier, da construtora Plaenge, localizado no Mossunguê, bairro da região Oeste da cidade conhecido atualmente como Ecoville. Ele fechou negócio já no lançamento do condomínio, em dezembro de 2003, e hoje comemora a valorização do imóvel, estimada em cerca de 40%. "Mas eu, graças a Deus, nunca cruzei com nenhuma Encol", admite o executivo, que já havia comprado um imóvel na planta em sua cidade natal. "A minha experiência tinha sido boa", diz.

Para convencer aqueles que ainda ficam "com o pé atrás", as construtoras apostam em mecanismos de segurança que vão do seguro – opção da Plaenge, por exemplo – ao patrimônio de afetação – como fazem construtoras como a LN e a Monarca. Este último dispositivo, que separa a contabilidade do empreendimento das contas da construtora, foi criado pelo governo federal para evitar que casos como o da Encol se repetissem. "Todos os nossos empreendimentos estão sendo lançados desta maneira", explica o diretor do grupo LN. Assim, se a construtora quebrar antes de a obra ser entregue, os mutuários podem assumir o empreendimento sem esperar demoradas decisões judiciais.

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