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Lauro de Mates,  porteiro há mais de 40 anos, tem na boa relação com os moradores uma aliada | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Lauro de Mates, porteiro há mais de 40 anos, tem na boa relação com os moradores uma aliada| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

Experiência

Olho vivo na porta de casa

A movimentação nas proximidades de casa não passa despercebida pela auxiliar de cartório Silvia de Oliveira Cazula, principalmente à noite. Ela e o marido moram em um sobrado, com portão eletrônico de acesso à garagem e portão manual para pedestres. Desde que sofreu um sequestro relâmpago na esquina de um shopping de Curitiba, tem a atenção redobrada. A ação de um bandido é muito rápida, afirma. "Quando chegamos de carro de madrugada, costumamos passar em frente de casa e ir até a esquina, fazemos o retorno e então entramos. A rua ao lado é muito escura e pode ter alguém escondido", revela. A mesma atenção tem quando está a pé. "Antes de levar o lixo para fora, abro o portão e vejo se tem alguém suspeito próximo, para depois levar a sacola até a lixeira. Na dúvida, volto e espero a pessoa passar", diz. Silvia garante que o cuidado diário com a segurança não é um incômodo, apesar de desejar que fosse diferente. "O ideal seria que não precisasse me preocupar com essas atitudes, mas infelizmente elas são necessárias e fazem parte da rotina."

Atitudes seguras

A maioria das ocorrências em residências dentro de condomínios ocorre, principalmente, por descuido de porteiros e/ou dos próprios moradores. Confira algumas dicas de segurança:

Porteiro

- Peça identificação a quem está entrando.

- Confirme com morador chegada de entrega ou visitante.

- Oriente o morador a receber entregas na portaria.

- Atenção a nomes comuns (João, Maria, etc). Questione sobrenome e apartamento do morador. Se necessário, peça detalhes que comprovem conhecimento e ajudem a identificá-lo.

- Funcionários que substituem porteiros, mesmo eventualmente, devem receber o mesmo treinamento de segurança. Assaltantes têm explorado "brechas": entrar em momentos em que percebem funcionários que não são os porteiros de rotina na guarita.

- Nos horários de limpeza e recolhimento de lixo, mantenha as entradas do condomínio fechadas.

- Não aceite a guarda de chaves das unidades e dos automóveis dos moradores.

- Não comente sobre a vida pessoal dos condôminos, como horários em que podem ser encontrados e outras informações.

Morador

- Aceite as orientações de segurança do condomínio, mesmo que causem pequeno transtorno nas questões práticas do dia a dia.

- Receba encomendas na portaria.

- Informe corretamente o número do imóvel ao visitante para ser encontrado com facilidade.

- Avise o porteiro caso tenha autorizado a entrada de não morador em seu imóvel na sua ausência, para evitar desentendimentos.

- Mantenha a porta de entrada do edifício fechada.

- Não autorize que entrem sem sua autorização.

- Evite comentar sobre a rotina de moradores e funcionários do condomínio, como horários de entrada e saída e trocas de turno.

- Ao entrevistar candidatos a empregados domésticos, exija referências e receba-os na portaria.

- Não deixe cópias de chaves do imóvel na portaria.

- Ao estacionar o veículo na garagem, mantenha-o trancado, sem pacotes e objetos à vista e o alarme ligado.

- Ao chegar ou sair da garagem, observe se há pessoas estranhas ou suspeitas. Aguarde ou dê voltas até sentir-se em segurança.

- Mantenha consigo telefone da portaria e do síndico, para entrar em contato em caso de situações estranhas. Ou ligue para emergência 190.

- Quando solicitado à portaria, verifique se o assunto lhe diz respeito e só então vá até a recepção para atender.

- Morador de 1º e 2º andar, proteja as áreas de acesso ao imóvel.

Fontes: Luiz Antônio Rubin, instrutor de curso para porteiros do Senac-PR, e SíndicoNet.

Modernos sistemas de se­­gurança estão disponíveis no mercado como auxílio para garantir a paz de moradores em seus imóveis, mas o comportamento de moradores e funcionários de condomínios é fundamental para ajudar a inibir a ação de criminosos, que tentam invadir casas e edifícios diariamente. Os casos de assalto são vistos com frequência na mídia e a maioria das ocorrências acontece, principalmente, por descuido de porteiros e dos próprios condôminos. "Segurança está ligada a comportamento", afirma o oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo José Elias de Godoy, especialista em gestão de segurança empresarial e patrimonial, consultor do portal SíndicoNet e autor dos livros Manual de Segurança em Con­domínios e Técnicas de Segu­rança em Condomínios. Ele aponta três aspectos, que julga importantes para formar o tripé da segurança condominial: físico (instalação de grades, muros, guaritas blindadas, câmeras e alarmes), investimento em funcionários (como curso de porteiro), e conscientização de moradores (por meio de avisos, reuniões e até notificações).

Em 90% dos casos, os bandidos entram pela porta da frente, o que evidencia a falha humana, avalia Godoy. "O porteiro não tem função somente de abrir e fechar portões, mas de controlar o acesso das pessoas, em um trabalho de prevenção. Não confundir com vigia, que tem a função de reprimir", diz o oficial. A atitude do morador consciente complementa a atuação do porteiro. "Muitos moradores acham que é besteira seguir es­­sas normas. Mas se não agem, a pre­­venção não funciona e gera problemas. É preciso criar as dificuldades para o bandido", enfatiza.

A hora da chegada

A maioria dos roubos (quando há violência contra pessoas) em casas e condomínios ocorre durante a chegada dos moradores, por volta das 20 horas, revela o delegado adjunto da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Guilherme Rangel. "Os bandidos fazem campana, principalmente nas terças e quartas-feiras, sendo a maioria das ocorrências em casas com porta para rua ou em condomínios fechados", diz. Antes de es­­tacionar, orienta o delegado, verifique possível atitude suspeita em frente ao imóvel. "Passe com farol alto, dê uma volta no quarteirão e somente entre se estiver seguro. Se estiver a pé, passe reto e, na dúvida, ligue para o número de emergência 190."

Os furtos acontecem, em sua maio­­ria, nos edifícios. "Nesse caso, mantenha as portas fechadas, mesmo que não demore para entrar ou sair novamente, tenha um porteiro e funcionários de confiança, e invista em sistemas de vigilância, que ini­­bem a ação e colaboram em caso de investigação", recomenda Rangel.

Porteiro deve ter atenção e treinamento

Lauro de Mates é porteiro há mais de 40 anos e trabalha há quatro em um condomínio residencial com 32 apartamentos no bairro Novo Mundo no turno da noite. Ele conta que nunca passou por situação de perigo nos locais onde trabalhou e acredita que seja uma resposta ao trabalho de prevenção para manter a segurança dos moradores. "Não dou brechas. La­­drão observa tudo. Ele estuda o local an­­tes, não chega de supetão", afirma.

Quando chegam entregadores de pizza, por exemplo, Mates pede identificação, para depois interfonar para o moradora, confirmar se realmente ele fez um pedido. "Mes­mo assim não deixo entrar. Alguns moradores reclamam de ter de buscar na portaria, mas explico que é mais seguro". Outra medida é quando moradores entram ou saem de carro. "Sempre observo se há atitude suspeita do lado de fora, para evitar que se aproveitem do portão aberto", diz.

Mates recomenda aos colegas uma reciclagem anual da função. Na semana que passou, ele concluiu um curso de aperfeiçoamento como porteiro.

É papel da administração do condomínio investir em treinamento, afirma o instrutor de Aperfeiçoa­mento para Porteiro de Edifícios do Senac-PR, Luiz Antonio Rubin. "Em alguns locais o porteiro não é preparado e os moradores não têm consciência da importância. Quanto maior a comodidade, menor a segurança."

Denuncie

Se ocorrer situação de roubo ou furto na sua residência, denuncie, orienta o delegado adjunto da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Guilherme Rangel. "Registre a ocorrência e retrato falado, seja ouvido", diz. Segundo Rangel, a atitude ajuda a mapear o crime na cidade e legitima a ação da polícia para prisões e recaptura de pertences, mas nem todos fazem. "O bandido pode voltar à sua casa ou atacar seu vizinho."

Serviço:

Delegacia de Furtos e Roubos: (41) 3218-6100.

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