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Quem mora em prédio sabe: espaço de sobra para estacionar é coisa para poucos privilegiados. Na maioria das vezes, as garagens são apertadas, em decorrência de um tempo em que as leis não exigiam número mínimo de vagas nem sequer estabeleciam qual seria o tamanho das mesmas. O resultado é que em muitos condomínios é preciso ter muita criatividade – e paciência – para entrar e sair de carro.

O nome quase ninguém conhece, mas a brincadeira, sim: o jogo "escape" é um tipo de quebra-cabeça em que o jogador deve movimentar as peças dentro de uma caixa quadrada para formar palavras ou seqüências de imagens. Parece fácil, mas às vezes leva-se horas para colocar uma peça ao lado da outra. E este jogo traduz com perfeição a situação vivida pelos condôminos do edifício Alessandra, em Curitiba. Como o número de vagas é menor que o de carros de moradores, o jeito foi instalar trilhos para movimentar os veículos.

Esta é uma variação aperfeiçoada do popular arranjo entre moradores de prédios com garagens apertadas, em que o ocupante de uma vaga que "tranca" outro carro deixa o freio de mão solto ou até mesmo uma cópia da chave do automóvel com o vizinho. No residencial Alessandra, o sistema é "administrado" por três funcionários, que empurram os carros de um lado para o outro em busca de alternativas para acomodar os veículos da melhor maneira possível. Apesar de pouco usual, a solução adotado pelo condomínio foi eficiente: o número de vagas dobrou, já que trilhos ocupam toda a área, inclusive a destinada originalmente para a circulação.

O residencial Alessandra é um exemplo de tantos outros edifícios que buscam maneiras diferenciadas para acabar com a falta de espaço para os carros, um problema atual e comum entre as famílias. "Hoje não é só o casal que tem veículo, mas também o filho ou ainda o irmão que mora no mesmo apartamento. Sem falar nas visitas que chegam no local e também querem estacionar", afirma Hebert Moreira, da Administradora Quorum Condomínios.

De acordo com o executivo, outra solução é contratar manobristas para cuidar do estacionamento. "Com certeza isso onera no valor da taxa condominial, mas cabe aos próprios moradores optar por um serviço como esse ou não. A vantagem é que a área de circulação também pode ser utilizada, aumentando o espaço", analisa.

Confusão

Para Otávio Lopes Filho, vice-presidente do Secovi (Sindicato da Habitação e Condomínios), além da quantidade de vagas, o tamanho da garagem também é um fator que prejudica os moradores. "Como os projetos antigos não previam a metragem mínima, carros maiores costumam passar da delimitação da vaga, o que gera mais confusão no condomínio", afirma.

Em todos os casos, a única maneira de amenizar a discussão entre os moradores é seguir o regimento interno de cada condomínio ou ainda tentar um acordo. "Alguns síndicos trocam as vagas para que os carros maiores fiquem bem acomodados", exemplifica Lopes Filho. E alerta: "hoje 90% dos edifícios proíbem o uso da garagem para outros fins que não seja estacionar. Por isso os moradores não devem utilizar o local para depósito, já que isso prejudica inclusive na higienização."

Nos prédios mais novos, as vagas costumam ter outro perfil. "Ela passou a ser um aspecto positivo na venda do imóvel. Hoje, um apartamento de 150 m2, por exemplo, tem pelo menos duas vagas de garagem", diz Erlon Rotta Ribeiro, vice-presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil). De acordo com Ribeiro, outros aspectos são levados em conta pelos compradores: acesso rápido, circulações amplas, vaga arejada e com um bom revestimento para a manutenção.

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