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Circuito integrado altamente especializado usado em aplicações de Machine Learning. Foto: Darpa
Circuito integrado altamente especializado usado em aplicações de Machine Learning. Foto: Darpa| Foto:

Pensar fora da caixa é o que eles fazem – bem fora da caixa.

A agência de pesquisa em Defesa dos Estados Unidos que deu o primeiro passo para a criação da internet tem um histórico impressionante de projetos inovadores, curiosos e, alguns, bem bizarros.

Trata-se da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, conhecida como Darpa, que surgiu há mais de 60 anos como uma resposta americana ao lançamento do Sputnik, o primeiro satélite artificial da Terra, de origem russa. Desde então, os projetos de seus pesquisadores deram origem a tecnologias inovadoras, como armas de precisão, pequenos receptores de GPS que puderam ser incorporados em celulares, reconhecimento de voz e tradução de idiomas automatizada.

Dinheiro parece não ser problema para esta agência do governo americano. Com 220 funcionários, a Darpa tem um orçamento superior a US$ 3 bilhões, com expectativas de obter US$ 3,5 bilhões para o ano fiscal de 2020 – montante que ainda deve ser aprovado pelo Congresso.

Com esse dinheiro, a agência tem cerca de 250 programas de pesquisa e desenvolvimento. Confira as tecnologias mais importantes que podem surgir a partir destes projetos.

Controlando uma arma com a mente

Inteligência artificial para uso militar tem sido um dos focos da Darpa. Nos próximos cinco anos, a agência do Pentágono deve investir US$ 2 bilhões para desenvolver o que vem chamando de “terceira onda” de projetos de inteligência artificial, o que deve atender ao crescente apetite dos militares pela tecnologia.

Um dos projetos que serão desenvolvidos a partir deste ano, em parceria com a iniciativa privada, é a capacidade de usar inteligência artificial para controlar máquinas telepaticamente.

Por meio do programa, autoridades querem construir inteligência artificial em interfaces neurais – uma tecnologia que permite controlar, sentir e interagir com máquinas remotas como se fossem parte de seu próprio corpo.

Estas interfaces neurais já foram usadas para permitir que as pessoas controlem membros protéticos, traduzir pensamentos em texto e controlar drones à distância. Através do programa Intelligent Neural Interfaces, a Darpa irá explorar como a inteligência artificial pode tornar esses sistemas mais duráveis, eficientes e eficazes.

As equipes que participarão deste projeto poderão receber financiamento de até US$ 1 milhão e terão 18 meses para construir os protótipos.

Inteligência artificial adaptável

Os sistemas atuais de inteligência artificial são excelentes em tarefas definidas por regras rígidas. Eles, por exemplo, conseguem dominar as regras de um jogo de xadrez e superar os melhores jogadores humanos. No entanto, eles não são muito bons em se adaptar a mudanças que geralmente são enfrentadas pelas tropas do exército no mundo real - seja uma ação surpresa do adversário, condições meteorológicas e operações em terreno desconhecido.

“Para que os sistemas de inteligência artificial associem-se efetivamente aos humanos em um espectro de aplicações militares, as máquinas inteligentes precisam passar da resolução de problemas de mundo fechado dentro de limites confinados para desafios do mundo aberto caracterizados por situações fluidas e novas”, diz a Darpa.

Com esse intuito e na mesma toada do projeto anterior, a agência lançou o programa Ciência da Inteligência Artificial e Aprendizagem para a Novidade do Terreno Aberto. Nele, eles querem ensinar a um sistema de inteligência artificial como aprender e reagir apropriadamente sem precisar ser treinado em um grande conjunto de dados.

“Não seria prático tentar gerar um conjunto de dados de milhões de quilômetros para sistemas terrestres militares que viajam fora de estradas, em ambientes hostis e enfrentam constantemente novas condições com altos riscos, e muito menos para sistemas militares autônomos que operem no ar e no mar”, disse Ted Senator, gerente de programas do Departamento de Ciências da Defesa da Darpa.

De acordo com a agência, o programa busca estabelecer as bases técnicas que capacitariam as máquinas, independentemente da situação, a passar pelo ciclo militar conhecido como OODA - observar, orientar-se, decidir o melhor curso de ação e depois agir.

Cura inteligente

Este outro projeto promete auxiliar o tratamento de lesões de guerra, como aquelas causadas por causadas por explosões, queimaduras e outras feridas que geralmente danificam catastroficamente os ossos, a pele e os nervos.

Usando biossensores e inteligência artificial, a Darpa acredita que será possível melhorar os resultados de recuperação da lesão de tecidos drasticamente. Por meio do projeto Bioeletrônica para Regeneração de Tecidos (BETR), eles querem acompanhar de perto o progresso da ferida e então estimular os processos de cicatrização em tempo real para otimizar a reparação e regeneração do tecido.

Segundo Paul Sheehan, gerente do BETR, a tecnologia permitiria “não apenas uma medicina personalizada, mas terapias humanas dinâmicas, adaptáveis ​​e precisas” que se ajustam à ferida a cada momento para proporcionar maior resiliência aos combatentes feridos.

"Para entender a importância dos tratamentos adaptativos que respondem ao estado da ferida, considere o caso de pomadas antibióticas", explicou Sheehan. “As pessoas usam antibióticos para tratar cortes simples e ajudam se a ferida estiver infectada. No entanto, eliminar completamente a microbiota natural pode prejudicar a cicatrização. Assim, sem feedback, os antibióticos podem se tornar contraproducentes ”.

Esta nova tecnologia, poderia, por exemplo, modular a resposta imunológica do corpo ao ferimento, recrutando os tipos de célula necessários ou indicando como as células-tronco devem se diferenciar para acelerar a cura.

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