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Curitiba – Em 25 de março de 1957, há exatamente 50 anos, líderes de seis países europeus que durante séculos se viram como inimigos se reuniram para assinar um acordo de paz. Na ressaca de duas guerras mundiais e sob a crescente ameaça comunista, a vontade política no momento era de que tudo o mais seria conseqüência, desde que a paz fosse mantida. O tratado, assinado em Roma, criou a Comunidade Econômica Européia, depois designada União Européia. Poucos teriam imaginado que meio século depois, o acordo firmado entre Holanda, Luxemburgo, Itália, Bélgica, França e Alemanha Ocidental se transformaria no bloco regional mais bem sucedido no mundo, abrangendo 27 países e 500 milhões de pessoas.

Bem sucedido, sim, mas cercado de desafios. A ampliação do clube – foram 12 novos membros nos últimos dois anos – coloca em xeque a possibilidade de aprofundamento da integração. Alguns membros do grupo acreditam que há um "trade off" entre ampliação e aprofundamento. Exemplo mais claro disso foi o "não" que franceses e holandeses disseram no referendo sobre a Constituição da UE em 2005.

A tarefa de relançar o projeto da constituição é prioridade para a presidente temporária do bloco, a chanceler alemã, Ângela Merkel. Hoje, em Berlim, ao lado dos demais líderes da União Européia, ela pretende aprovar a "Declaração de Berlim", um documento em que deixa implícito o desejo de uma constituição até 2009.

O projeto constitucional visa fortalecer as instituições européias e reformular o modo como o grupo é gerenciado. Com cada país tendo poder de veto em questões de política exterior, um consenso entre os governos é difícil de ser alcançado. Em novembro passado, por exemplo, a Polônia vetou sozinha o início de um acordo comercial entre a União Européia e a Rússia.

"Quanto mais países, tanto mais difícil conseguir uma ponderação de votos em atos decisórios. A negociação fica cada vez mais dura. A Europa agora tem um leque de interesse que vai do camponês semi-analfabeto do interior da Bulgária à tecnologia de foguetes de airbus na Alemanha e Inglaterra", diz o coordenador do Núcleo de Estudos Europeus da UnB, Estevão Rezende. Segundo ele, esse é outro problema a ser superado pelo grupo. "Não será possível manter um desenvolvimento econômico durável se não houver um equilíbrio entre as economias dos países do bloco."

O desequilíbrio econômico ecoa no medo da população dos países mais ricos de perder privilégios sociais. "Do ponto de vista demográfico, a Europa vai precisar de mão-de-obra estrangeira. Mas o europeu ocidental tem receio da entrada em massa de europeus orientais no bloco, porque enxergam a possibilidade de seus filhos perderem direitos sociais e acabem tendo que trabalhar mais, ganhar menos ou viver com sistemas de saúde e educação de pior qualidade ou pagos", afirma o professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB, Virgílio Arraes.

Enquanto a vontade política de se unir for maior do que as divergências e os interesses conflitantes, a União Européia deve continuar com a história de sucesso que espalhou a democracia pelo continente. "A UE pode até diminuir o ritmo, mudar o foco, mas nunca houve um momento em que o sistema travou. Os países sempre evitaram por todos os meios que as divergências provocassem um impasse", avalia Rezende.

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