Migrantes de El Salvador que se uniram em caravana em direção aos Estados Unidos caminham em cidade da Guatemala, em 1º de novembro| Foto: MARVIN RECINOS / AFP

1 – O que são as caravanas

Um grupo de migrantes hondurenhos começou uma jornada com destino aos Estados Unidos no começo de outubro. A caravana cruzou a fronteira com a Guatemala, no dia 12, e foi imediatamente repreendida pelo presidente americano Donald Trump, que escreveu em seu Twitter:

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“Os Estados Unidos informaram fortemente o presidente de Honduras que se a grande caravana de pessoas indo para os EUA não for detida e levada de volta a Honduras, não haverá mais dinheiro ou auxílio enviados para Honduras, com efeito imediato!”

Os migrantes dizem estar viajando em busca de empregos, melhores vidas para suas famílias e fugindo da ameaça de gangues e comunidades violentas. O grupo tinha cerca de mil pessoas no início da marcha, mas vai aumentando à medida que se desloca.

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A caravana de Honduras inspirou salvadorenhos a se unirem em marcha para também seguir aos Estados Unidos. Nesta quinta-feira (1º), este grupo já está passando pela Guatemala.

  

2 – Como as caravanas se tornaram tão grandes 

Segundo a ONU informou no dia 24, a caravana já é a maior do tipo nos últimos anos, com mais de 7.000 migrantes de toda a América Central. As origens da caravana permanecem um tanto nebulosas, mas os imigrantes contam histórias parecidas: já queriam sair de seus países havia meses ou anos, souberam da caravana pelas redes sociais e grupos de WhatsApp e decidiram se juntar à jornada. 

Em meados de outubro, a intensa cobertura da imprensa e postagens que viralizaram em redes sociais provocaram uma explosão no número de migrantes. Poucos dias depois da partida da caravana, quase ninguém sabia contar a história oficial da origem do grupo.

3 – Resposta de Trump 

Trump tem feito dessas caravanas um símbolo de tudo o que há de errado com as políticas de imigração dos EUA. No início do ano, a crítica de Trump transformou uma caravana migrante anterior em um espetáculo, com cobertura da mídia do dia-a-dia da jornada. Este episódio causou uma briga entre Estados Unidos e México e foi usado para justificar o envio de tropas da Guarda Nacional para a fronteira. 

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4 - Como cruzaram a fronteira mexicana

O México havia prometido parar a caravana quando ela chegasse à fronteira sul do país. No entanto, no dia 19 de outubro, a caravana conseguiu cruzar a fronteira entre o México e a Guatemala, apesar do reforço na segurança. Naquele momento, a caravana era formada por cerca de 3.000 pessoas. Os imigrantes quebraram o portão de entrada para a ponte entre a cidade guatemalteca de Tecún Umán e a mexicana Tapachula, apesar da presença do Exército. 

Houve conflito na fronteira, jovens começaram a pular as grades e a Polícia Federal usou gás de pimenta para conter o grupo. Devido às condições da fronteira, a chance de sucesso do plano mexicano era remota.

Antes da chegada da caravana ao México, o secretário de Estado americano, Mile Pompeo, se reuniu com o secretário de Relações Exteriores do México, Luis Videgaray, que prometeu impedir a chegada da caravana nos EUA.

 

5 – Proteção urgente 

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) fez um apelo para que os governos americano, mexicano e de outros países da América Central garantam de forma urgente a segurança dos integrantes da caravana de imigrantes que se dirigem à fronteira entre os EUA e o México. A entidade também solicitou que essas pessoas possam pedir asilo, como estabelecido no direito internacional. “O Acnur gostaria de relembrar aos países ao longo da rota que essa caravana provavelmente inclui pessoas sob risco real”, declarou Adrian Edwards, porta-voz da entidade ligada à ONU. 

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6 – Reforço na fronteira 

O presidente Trump inicialmente anunciou o envio de 5.200 soldados para reforçar a fronteira com o México. Nesta quarta-feira (31), ele afirmou que o efetivo pode chegar a 15.000 soldados. O objetivo é bloquear a entrada da caravana no país. Segundo Trump, os militares “estão preparados” e os migrantes “não vão entrar no país”. Ele também negou que a operação militar esteja sendo motivada pela proximidade com as eleições de meio de mandato, em 6 de novembro, em que os republicanos buscam manter o comando da Câmara dos Deputados e do Senado.