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Nova Iorque (AFP) — Uma série de tevê e a possibilidade amplamente evocada de que Hillary Clinton e Condoleezza Rice se enfrentem nas eleições de 2008 reavivaram nos Estados Unidos o debate a respeito da possibilidade de uma mulher chegar pela primeira vez à Presidência do país. Enquanto a estreante "Commander in Chief", uma série na qual a atriz Geena Davis encarna a primeira presidente do país, ganha popularidade, os meios e as pesquisas fantasiam sobre um duelo entre a ex-primeira dama – e a atual secretária de Estado, o que no momento está muito longe de ser confirmado.

A chefe da diplomacia do atual governo tem dito que não concorrerá e Hillary, que a esta altura nem nega nem afirma, teria de passar pelas primárias antes de sonhar em recuperar a Casa Branca para a família (caso conseguisse, os Bush e os Clinton se revezariam no governo dos Estados Unidos nos últimos 16 anos). A lógica na qual se baseia o sonho de um duelo entre as duas mulheres é que o Partido Democrata não teria outra saída a não ser lançar a candidatura de Clinton para fazer frente à Rice.

"A primeira mulher designada (candidato) pelos democratas só poderá ser derrotada pela primeira mulher designada pelos republicanos", acrescenta, explicando que ambas dividiriam o voto feminino, hispânico e afro-americano, mas que a segunda contaria também com os votos de centro. De qualquer maneira, os fatores enunciados fizeram com que as eleições presidenciais de 2008 – das quais George W. Bush não poderá participar porque nos Estados Unidos são permitidos no máximo dois mandatos aos presidentes –, levem a especulações sobre uma mulher ocupando a Casa Branca.

Representação reduzida

O atual Congresso conta com a maior presença de mulheres de sua história, com 69 na Câmara dos Deputados e 14 no Senado, mas os Estados Unidos ainda ocupam a posição número 63 no mundo em termos de representação parlamentar feminina. Segundo uma pesquisa realizada em maio pelo jornal USA Today, sete em cada dez cidadãos norte-americanos estariam dispostos a votar em uma mulher para presidente.

De acordo com outra pesquisa mais recente do Instituto de Pesquisas da Universidade Marista (Nova Iorque), 28% de eleitores não votariam de forma alguma em uma mulher, seja qual for o partido pelo qual concorra. Este grupo de irredutíveis, que nunca confiaria seu voto a uma mulher, "tende a ser formado por homens republicanos mais velhos", explica Lee Miringoff, diretor deste instituto de pesquisas.

A pesquisa, realizada e divulgada em outubro, revela também que os nomes escolhidos por estes homens para as eleições presidenciais, como os republicanos Rudolph Giuliani e John McCain, derrotariam Hillary Clinton (que venceria Rice).

Base essencial

Para Stephen Hess, do Instituto Brookings de análise, os Estados Unidos estão prontos para ter uma mulher como presidente, mesmo advertindo que para isso seria muito importante que ocupassem mais postos na escala intermediária do poder. "A única questão", afirma, "é que haja mulheres suficientes no nível abaixo, que seria o ocupado por governadores, vice-presidentes e membros do senado". "O momento chegou, trata-se apenas de saber se há candidatas suficientemente qualificadas", insistiu.

Enquanto refletem sobre isso, os eleitores norte-americanos se divertem com as aventuras de Mackenzie Allen, a vice-presidente e mãe de três filhos vivida por Davis que chega à Presidência depois da repentina morte de seu superior. Alguns críticos foram menos benévolos que o público – mais de 16 milhões de pessoas viram o primeiro capítulo. "Imagina? Uma mulher presidente dos Estados Unidos? Esperemos que agora ofereçam boas histórias", afirmou a crítica do Washington Post, lamentando que a série não vá muito além da proposta de apresentar uma mulher como líder nacional.

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